Filosofia

A mentalidade católica liberal
PERGUNTA
Nome:
Dr.
Enviada em:
04/03/2003
Religião:
Católica

Caro Prof. Fedeli.

Salve Maria !

Envio-lhe este texto para que, quando o senhor puder, analise-o e se possivel me mande um parecer.

Espero que o Sr. esteja bem, assim como a sua família, e espero tb ve-lo em breve.

Com estima e gratidão

Ivan

Subject: A mentalidade católico-liberal

A GRANDE TRAIÇÃO: A MENTALIDADE CATÓLICO-LIBERAL

Monsenhor Marcel Lefebvre Há fraquezas tirânicas, debilidades perversas e vencidos que merecem sê-lo.

Charles Maurras Reconciliar a Igreja com a Revolução: tal é a Empresa dos liberais que se dizem católicos.

Os liberais que se dizem católicos sustentam que a doutrina católica do Reino Social de Nosso Senhor Jesus Cristo e da união da Igreja com o Estado é sem dúvida verdadeira, mas inaplicável mesmo nos países católicos: Na teoria pode-se aceitar a tese proposta pelos Papas e teólogos. Na prática deve-se ceder ante as circunstâncias e resolutamente aderir à hipótese: promover o pluralismo religioso e a liberdade de cultos. “Os liberais católicos não têm deixado de sustentar que desejam a ortodoxia tanto quanto os mais intransigentes, e que sua única preocupação são os interesses da Igreja: a reconciliação que procuraram não é teórica nem abstrata, mas somente prática”.1 É a famosa diferença entre a tese (a doutrina) e a hipótese (a prática) conforme as circunstâncias. Notemos que se pode dar uma interpretação correta a esta diferenciação: a aplicação dos princípios deve levar em conta as circunstâncias, isto se faz com ponderação, que é parte da prudência. Daí vem que a presença dentro de uma nação católica de fortes minorias muçulmanas, judias e protestantes, poderá surgir tolerância desses cultos em uma cidade basicamente católica, por um Estado que continua reconhecendo a verdadeira religião, porque acredita no Reino Social de Nosso Senhor Jesus Cristo. Mas cuidado! Para os católicos liberais não se trata disso! Segundo eles os princípios, que são por definição regras de ação, não devem ser aplicados nem propostos porque são inaplicáveis, dizem. Isto é devidamente falso: por acaso deve-se renunciar a pregar e a aplicar os mandamentos de Deus, “terás um só Deus”, “não matarás”, “não cometerás adultério”, somente porque ninguém quer mais saber deles? Somente porque a mentalidade tende a se livrar de toda tutela moral? Deve-se renunciar ao Reino Social de Nosso Senhor Jesus Cristo num país somente porque Mahomet ou Buda pede um lugar nele? Em suma, eles se recusam a crer na eficácia prática da verdade. Pensam que podem afirmar em teoria os princípios católicos e agir sempre contra estes princípios; esta é a incoerência intrínseca dos liberais que se dizem católicos. Eis o que diz deles o Cardeal Billot S.J.: “O liberalismo dos católicos liberais escapa a toda classificação e só tem uma nota distintiva e característica: a perfeita e absoluta incoerência”2 O Cardeal afirma que o título de “católico liberal” em si é uma contradição nos termos, uma incoerência, porque “católico” significa sujeição à ordem das coisas humanas e divinas, enquanto “liberal” significa precisamente emancipação desta ordem, rebelião contra Nosso Senhor Jesus Cristo. Vejamos enfim como o Cardeal Billot julga a famosa diferença entre tese e hipótese, dos católicos ditos liberais: “Do facto de que os acontecimentos reais diferem das condições ideais em teoria, se deduz que os factos nunca terão a perfeição do ideal, porem somente isto”. Pelo facto de que existem minorias dissidentes em uma nação católica, conclue-se que talvez nunca se consiga uma unanimidade perfeita, e que o Reino Social de Nosso Senhor Jesus Cristo jamais terá a perfeição manifestada nos princípios; mas não se conclui que na prática se deva rejeitar este reino e que o pluralismo religioso deva se converter em regra! Vocês podem ver portanto que no catolicismo liberal (utilizo o termo com repugnância porque ele é uma blasfêmia) há uma traição dos princípios escamoteada, uma apostasia prática da fé no Reino Social de Nosso Senhor Jesus Cristo, Pode-se dizer com certeza: “o liberalismo é pecado”3 quando se fala do liberalismo católico. Há também no fundo deste problema um “confusionismo” intelectual, uma mania de se alimentar confusões, uma recusa de definição e clareza: por exemplo, esta confusão entre tolerância e “tolerantismo”: a tolerância é um princípio católico e em certas circunstâncias é um dever de caridade e de prudência política para com as minorias; ao contrário, o que chamamos de “tolerantismo” é um erro liberal que quer conceder indistintamente a todos os dissidentes, em qualquer circunstância e em justiça, os mesmos direitos que gozam os que estão na verdade moral ou religiosa. Como se pode notar também em outros aspectos, converter a caridade em justiça é subverter a ordem social, é destruir tanto a justiça como a caridade. Uma doença do Espírito Mais do que uma confusão, o catolicismo liberal é uma doença do espírito4. Simplesmente o espírito não consegue descansar na verdade. Basta que ele se atreva a afirmar algo para que se apresente a ele o contrário, que ele se sente obrigado a considerar também. O Papa Paulo VI é o protótipo deste espírito dividido, de um ser de dupla personalidade. Inclusive pode-se fisicamente ler isto em sua face, em constante vai e vem entre as contradições, e animado de um movimento pendular que oscilava regularmente entre a novidade e a tradição. Dirão alguns: esquizofrenia intelectual? Creio que o P. Clerissac via a natureza desta doença em maior profundidade. É uma “falta de integridade de espírito”, de um espírito que não tem “suficiente confiança na verdade”5. “Esta falta de integridade de espírito nas épocas de liberalismo, se explica no lado psicológico, por dois aspectos: os liberais são receptivos e receosos. Receptivos porque assumem com muita facilidade os estados de espírito de seus contemporâneos; receosos porque por medo de contrariar estes diversos estados de espírito, se encontram em constante inquietude apologética; parecem sofrer eles mesmos as dúvidas que combatem, não tem suficiente confiança na verdade, querem justificar em demasia, demonstrar em demasia, adaptar demais ou mesmo desculpar em demasia” Colocar-se em harmonia com o mundo Desculpar-se em demasia, que expressão oportuna! Querem desculpar todo o passado da Igreja: as cruzadas, a Inquisição, etc.; porém quanto a justificar e demonstrar eles só o fazem timidamente, principalmente quando se trata dos direitos de Jesus Cristo; mas adaptar, a isso certamente eles se entregam: eis seu princípio: “Partem de um princípio prático que consideram inegável: que a Igreja não seria ouvida no ambiente concreto onde ela deve cumprir sua missão divina, se ela não se harmonizar com ele”.6 Posteriormente os modernistas quererão adaptar à prédica do Evangelho à falsa ciência crítica e à falsa filosofia imanentista da época, “esforçando-se em tornar a verdade cristã acessível aos espiritos treinados para negar o sobrenatural.”7 Segundo eles, para converter os que não crrem no sobrenatural é necessário fazer abstração da Revelação de Nosso Senhor, da Graça, dos milagres... Se você tem de tratar com ateus, não fale de Deus, coloque-se no nível dele, sintonize-se com ele, entre no seu sistema! Por esse caminho você será em breve marxista-cristão: eles é que lhe terão convertido! Este foi também o pensamento da Missão de França a respeito do apostolado entre os operários, e que ainda sustenta numerosos sacerdotes: se queremos convertê-los devemos trabalhar com os operários, compartilhar suas preocupações, conhecer suas reivindicações, não nos mostrar como sacerdotes; assim chegamos a ser como o fermento na massa...-e por aí foram os padres se convertendo e virando agitadores sindicais! – “Sim, nos dirão, compreenda,era necessário assimilar completamente o ambiente, não chocar, não dar a impressão de que se queria evangelizar ou impor uma verdade.” – Que erro! Estes indivíduos que não creem têm sede de verdade, têm fome do pão da verdade que estes sacerdotes extraviados não querem repartir com eles! É também este falso pensamento que foi sugerido aos missionários: inicialmente não falem de Jesus Cristo a estes pobres indígenas que morrem de fome! Daí primeiro de comer, depois ferramentas, depois ensinai a trabalhar, o alfabeto, a higiene... e porque não? O controle da natalidade! Mas não falem de Deus, pois eles têm o estômago vazio! Eu porém diria: precisamente porque são pobres e desprovidos de bens terrenos eles são extraordinariamente acessíveis ao Reino dos Céus, a este “procurai primeiro o Reino dos Céus”, ao Deus que os ama e sofreu por eles, para que eles participem por suas misérias, de Seu sofrimento Redentor. Se ao contrário, vocês pretendem se pôr em seu nível, farão eles gritar contra a injustiça e acender neles o ódio. Mas se levam Deus a eles, os levantarão, os elevarão, eles serão verdadeiramente enriquecidos. Reconciliar-se com os Princípios de 1789 Em política, os católicos liberais vêm verdades cristãs nos princípios da Revolução de 1789, sem dúvida um pouco desajustados; porém uma vez purificados, os ideais modernos são plenamente assimiláveis pela Igreja: liberdade, igualdade, fraternidade, democracia (ideológica) e pluralismo. Erro que Pio IX condena no Syllabus: “O pontífice Romano pode e deve se reconciliar e transigir com o progresso, o liberalismo e a civilização moderna” (prop.conden. nº80, Dz. 1780). “O que vocês querem? Declara o católico liberal, não se pode ir sempre contra os ideais de seu tempo, remar continuamente contra a corrente, parecer retrógrado ou reacionário”. Já não se quer mais o antagonismo entre a Igreja e o espírito liberal laico, sem Deus. O que se quer é reconciliar o irreconciliável: a Igreja e a Revolução, Nosso Senhor Jesus Cristo e o príncipe deste mundo. Não se pode imaginar empreendimento mais ímpio e mais diluente do espírito cristão, do bom combate pela fé, do espírito de luta, ou seja, do zelo em conquistar o mundo para Jesus Cristo. Da Pusilanimidade à Apostasia Em todo este liberalismo que se diz católico, há uma falta de fé, que melhor dito, uma falta de espírito de fé, que é um espírito de entrega total: submetê-lo todo a Jesus Cristo, restaurá-lo em tudo, “recapitular tudo em Cristo” como diz São Paulo (Ef.I,20). Já não há quem se atreva a reclamar para a Igreja a totalidade de seus direitos, ficam resignados sem lutar, acomodam-se muito bem inclusive no laicismo, e por fim chegando a aprová-lo. Dom Delatte e o Cardeal Billot caracterizam bem esta tendência à apostasia: “A partir de agora, uma linha dividiria os católicos (com Falloux e Montalembert do lado liberal, na França no século XIX) em dois grupos: os que tinham como primeira preocupação a liberdade de ação da Igreja e manutenção de seus direitos em uma sociedade cristã; e os que primeiro se esforçavam por determinar o que a sociedade moderna podia suportar do cristianismo, para logo convidar a Igreja a se reduzir a este limite”.8 Diz Billot que todo o catolicismo liberal está contido em um equívoco: “a confusão entre tolerância e aprovação”. “O problema entre os liberais e nós(...) não está em saber se, dada a malícia do século, deve-se suportar com paciência o que escapa a nosso poder, e ao mesmo tempo trabalhar para evitar males maiores e realizar todo o bem que ainda seja possível; o problema é precisamente se convém aprovar (...) o novo estado das coisas, cantar os princípios que são o fundamento desta ordem de coisas, promovê-los pela palavra, pela doutrina, pelas obras, como fazem os católicos chamados liberais”.9 Deste modo Montalembert com seu slogan “a Igreja livre no Estado livre”10 será o campeão da separação entre a Igreja e o Estado, recusando admitir que esta mútua liberdade levaria necessariamente à situação de uma Igreja submetida a um Estado expoliador. Do mesmo modo um De Broglie escreverá uma história liberal da Igreja, onde os excessos dos Césares cristãos ultrapassam o benefício das constituições cristãs. Assim também um Jacques Piou se fará o arauto da adesão dos católicos franceses à república: não tanto ao regime republicano, mas à ideologia democrática liberal: eis o canto da Ação Liberal Popular de Piou, por volta de 1900, citado por Jacques Ploncard d’Assac:11 Nós somos da Acção Liberal Queremos viver em liberdade Um sim ou um não, à vontade A liberdade é nossa glória Gritemos: Viva a Liberdade! Aclamemos a Ação Liberal Liberal, liberal, Para todos que a lei seja igual Seja igual Viva a Acção Liberal de Piou! Os católicos liberais de 1984 não se comportavam melhor quando cantavam seu canto da escola livre, nas ruas de Paris: “Liberdade, liberdade, tu és a única verdade!” Que praga estes católicos liberais! Guardam sua fé no bolso e adotam as máximas do século. É incalculável o danoque causaram à Igreja com sua falta de fé e sua apostasia. Terminarei com um trecho de Dom Gueranger, cheio de espírito de fé de que vos falei: “Hoje mais do que nunca(...) a sociedade tem necessidade de doutrinas firmes e coerentes consigo mesmas. Em meio à destruição geral das idéias, somente a asserção, uma afirmação nítida, sólida, sem misturas, logrará ter aceitação. Os ajustes se tornam cada vez mais estéreis e cada um arranca uma fatia da verdade(...). Mostari-vos pois tal como sois no fundo: católicos convencidos.(...) Há uma graça unida à confissão plena e inteira da fé. Esta confissão, como diz o Apóstolo, é a salvação dos que a fazem, e a experiência mostra que é também daqueles que a escutam.”12

1 Dictionaire de Théol. Cat. T-9, col.509, art. Liberalisme catholique.

2 Pe. Le Floch, op.cit.pag.57.

3 Dom Felix Sarda y Salvany.

4 Padre A. Roussel, “Liberalisme et Catholicisme”, p. l6.

5 Pe, H. Clerissac O.P., “Le Mystére de l’Eglise”, Cap.7 6 Dictionaire de Théol. Cat., T-9, col. 509 7 Jacques Marteaux, “Les Catholiques dans l’inquiétude”.

8 Dom Delatte, “Vie de Dom Gueranger”, Solesmes, T. II, pg.11.

9 Citado pelo Pe. Le Foch, op. cit., pag. 58-59.

10 Discurso de Malines, 20 de Agosto de 1863.

11 A Igreja Ocupada”, DPF., 1975, pag. 136.

12 “Le Sens Chrétien de l’Histoire”, Nouvelle Aurore, Paris, 1977, pag. 31-32b
RESPOSTA
Muito prezado Dr Ivan, salve Maria.

Há quanto não conversamos!

Li o artigo que o senhor teve a bondade de me enviar sobre o Liberalismo Católico.

O autor -- Dom Lefebvre -- diz, nele, muitas verdades.

Não há o que refutar nas afirmações teóricas do artigo, a não ser num ponto. É quando Dom Lefebvre diz que "Pode-se dizer com certeza: “o liberalismo é pecado” quando se fala do liberalismo católico".

Será que o liberalismo de uma pessoa não católica deixaria de ser pecado?

Nisso não concordo. O liberalismo é sempre um pecado contra a verdade e contra a caridade, ainda que haja gradações na gravidade desse pecado.

É claro que o Liberalismo Católico é um pecado maior, porque é heresia. É o que provam Dom Sardá Y Salvani e o Cardeal Billot, que Dom Lefebvre cita. Há uma demonstração da maldade do Liberalismo, feita pelo Cardeal Billot, que é uma das exposições mais espetaculares que já li. Esse Cardeal bem merecia o título de Príncipe dos Teólogos que lhe dão. Infelizmente o Cardeal Billot caiu num liberalismo prático que lhe custou o chapéu de Cardeal, por uma grave imprudência: apoiou Charles Maurras.

E fazendo isso, ele não aplicou o princípio que Dom Lefebvre dá, nesse artigo, ao citar uma passagem de Dom Guéranger: a verdade não admite misturas, pois "Há uma graça unida à confissão plena e inteira da fé". Grande e belíssima verdade Ora, apoiar Maurras, que dizia grandes verdades misturadas a uma mentalidade naturalista e atéia, e defensor de um nacionalismo furibundo, era misturar verdade com mentira. Aliás, o nacionalismo de Charles Maurras era filho direto do liberalismo. Nacionalismo é liberalismo. Mas para o nacionalista Maurras, devia-se apoiar a Igreja porque ela fora uma das fontes da nacionalidade Francesa. Maurras colocava então a França "uber alles".

Também o lema Maurrassiano "Politique d'abord" é naturalista e inaceitável para um católico que repele o liberalismo. La Foi d'abord. L'Ëglise d'abord.Dieu premier servi, e non la France. Deus e a Igreja estão acima da França.

E o artigo de Dom Lefebvre, que diz tantas verdades, começa citando uma frase do nacionalista e fascistóide Maurras.

Haveria ainda que lembrar que o próprio Dom Guéranger não foi isento de misturar verdades e mentiras, ao elogiar o livro de Anna Katharina Emmerick abarrotado de cabalismo "Vida da Santissima Virgem Maria". no qual se afirmam taxativamente heresias e citam-se livros cabalistas como o Zohar!!!

E se o liberalismo mistura verdades e mentira, Dom Guéranger fez isso ao recomendar o livro de Anna Katharina Emmerick. Como também o medievalismo de Dom Guéranger estava encharcado de romantismo -- portanto de liberalismo -- que acabou abrindo o dique para a inundação liturgicista. Foi isso que fez Dom Guéranger ao pedir que se voltasse à liturgia medieval, passando por cima da Missa de São Pio V e de Trento que foram do século XVI.

Escorregões desse tipo, num artigo que, teoricamente diz verdades, mas que, no concreto, elogia quem fez concretamente o contrário, são uma coisa lamentável, pois leva a conseqüências comprometedoras embora distantes, no tempo...

Aliás essa contradição é típica da direita francesa em particular, e da européia, em geral: ela se diz anti-liberal,e, em concreto apóia o nacionalismo (que é liberalismo). Dai o comprometimento espúrio dessa direita com os fascismos nacionalistas.

Que Deus recompense Dom Lefebvre pela defesa da verdade católica que ele fez, criticando o liberalismo, e que Deus tenha piedade de sua falta de visão nas questões políticas concretas.

E que Deus se apiede de todos nós, que pelo pecado original, somos tão fáceis de enganar-nos a nós mesmos. Por isso, não se esqueça de mim em suas orações, pois que até meus alunos, bondosamente e ironicamente, me chamam de inacertante, tanto erro, tanto errei, e tanto me equivoco. Mea culpa, mea culpa, mea maxima culpa...

In Corde Jesu, semper,
Orlando Fedeli