Doutrina
Comer sangue de animal é pecado?
PERGUNTA
Gostaria muito de esclarecer a minha dúvida, pois qual seria a forma de interpretar ,no qual ele mesmo afirma; que caçando apanhe um animal selvático ou uma ave que se possa comer, neste caso tem de derramar seu sangue e cobri-lo com pó. Entao quer dizer que nao podemos comer carne vermelha?
RESPOSTA
Prezado Karlo,
salve Maria!
Ao contrário dos 10 mandamentos, a antiga Lei Mosaica era uma lei preparatória para o povo judeu, com símbolos e prefigurações de Cristo e do Novo Testamento, cujo sacrifício por excelência seria o próprio Filho de Deus. Com a Encarnação, Morte e Ressurreição de Cristo, não seria mais necessário o símbolo, pois o próprio Cristo já cumprira tudo o que era esperado e prefigurado. Os Mandamentos são a Lei Eterna para o homem e não serão jamais abolidos.
Adão, no paraíso terrestre, tinha a lei de não comer o fruto da árvore do conhecimento do Bem e do Mal. Era um sacrifício para Deus, reconhecendo nEle o Senhor de tudo. Havia nisso o símbolo de que o Bem absoluto era impossível de ser conhecido pelo homem, pois o infinito não cabe no finito. Já o Mal é o pecado, que também não pode ser conhecido, pois vai contra a razão.
Ao pecar, com a expulsão do paraíso, foi necessário ao homem – agora tendente ao pecado - fazer sacrifícios de expiação. Nesses sacrifícios, animais eram imolados e o sangue, simbolo da vida destes, era reservado aos sacerdotes, para significar que a vida era um dom de Deus e pertencia somente a Ele, Senhor de tudo.
Ao homem, foi proibido se alimentar do sangue por ser este símbolo da vida nos animais. Como a alma individual animal se extingue com sua morte, perder o sangue significa perder a alma. Por isso o hagiógrafo faz essa equivalência simbólica entre a matéria do sangue e a alma, que é a forma do animal. No entanto, essa não é uma equivalência metafisica, pois o sangue é parte do corpo material do animal e, por isso, não pode lhe dar a forma substancial.
Porém, se essa proibição fosse uma lei eterna, São Pedro não teria tido a visão, relatada nos Atos dos Apóstolos (X, 9-16), quando Deus mandou que ele comesse de todos os animais quadrúpedes, répteis e aves da terra, contra o que mandava a Lei Mosaica. Portanto, não seria mais proibido comer sangue animal, quanto mais qualquer carne vermelha, pois o verdadeiro Sangue a ser sacrificado seria o do Verbo Encarnado, no calvário, renovado de modo incruento na Santa Missa.
Na Santa Missa, a Morte de Cristo é renovada quando o sacerdote separa o Sangue do Corpo de Cristo. Ora, ao homem que fosse se alimentar de animais, era obrigatório separar o sangue deste do resto do corpo, prefiguração clara da liturgia.
Quando Cristo morreu, o véu do templo se rasgou. O antigo culto foi abolido e o templo tornou-se desnecessário. E com eles, a lei de Moisés.
A carne vermelha é proibida somente nos dias de abstinência, conforme manda a Igreja: todas as sextas-feiras, na Sexta-feira Santa e na Quarta-feira de Cinzas.
No Coração de Maria Santíssima,
Fabio Vanini