Doutrina

Ódio como virtude
PERGUNTA
Nome:
Christiana
Enviada em:
06/02/2008
Local:
João Pessoa - PB, Brasil
Religião:
Católica
Escolaridade:
Pós-graduação concluída

Em sua resposta à questão Amor à almas no inferno, a questão das almas condenadas ficou clara, mas o sr. reafirma o ódio como virtude, mas utiliza o antigo testamento para apoiá-lo. Cristo veio para trazer uma nova visão de mundo. Acredito na piedade paz-e-amor moderna pós-Vaticano II, como o sr disse. O amor absoluto a Deus não exige o ódio àquilo que se opõe a Deus. Se todos pensarem assim viveremos o terror que nossos irmão vivem no Oriente Médio. "Ninguém pode servir a dois senhores" (Mt VI, 24). "Quem não está comigo, está contra mim" (Mt XII, 30), com certeza, mas a conversão só é possível atraves do AMOR... Nos meu pouco saber sobre a doutrina católica é nisso que acredito...
RESPOSTA
Prezada Christiana,
salve Maria.

Logo vejo que a senhora adere mesmo à piedade moderna e aos ensinamentos do Vaticano II, ao negar um ensinamento bíblico do Antigo Testamento. Lembre-se que Nosso Senhor afirmou que não veio retirar um só jota à lei Antiga, e que portanto a moral do Antigo Testamento continua e continuará sempre válida. O que foram abolidos foram os ritos da Antiga Aliança, pois estes eram um símbolo do sacrifício de Cristo na cruz, que é renovado todos os dias em todos os lugares onde a Santa Missa é rezada. Estabelecido o sacrifício da Missa por Cristo, todos os sacrifícios que o simbolizavam ficaram superados e abolidos. A realidade supera o símbolo. Mas os Dez Mandamentos não foram abolidos, nem a moral que decorre dos mandamentos. Os salmos continuam válidos, por isso que inclusive permanecem até os dias de hoje nas horas litúrgicas e na Liturgia da Santa Missa.

A conversão deve ser feita com amor sim sem dúvida. Se a senhora leu a resposta do prof. Orlando que lhe indiquei na carta passada, verá que dar um mal relativo visando o bem absoluto é virtude. Por exemplo, a mãe que castiga um filho desobediente pratica um mal relativo, castigando o filho, mas visando um bem absoluto, que é torná-lo obediente, virtuoso e, assim, aproximar-se de Deus.

Mas a conversão é feita propriamente com argumentos. Nosso Senhor não ordenou aos apóstolos: "Ide e ensinai" (Mt XXVIII, 18)? Ou disse "Ide e amai"? É claro que os apóstolos se moviam por amor a Deus e às almas que eles procuravam converter para Deus. Mas a conversão era feita com argumentos. Leia o Ato dos Apóstolos e veja o método de apostolado de São Paulo, que entrava nas sinagogas e ensinava aos judeus que o Messias havia chegado, e era Nosso Senhor Jesus Cristo. Não ficava pregando um "amor" e uma "tolerância" genérica, como faz a piedade do espírito do Vaticano II. Pregava a conversão a Nosso Senhor Jesus Cristo. Não entrava nas sinagogas como um homem-bomba, já que a senhora aludiu aos seus irmãos no Oriente Médio (seus, não meus... eu não sou louco de considerar esse tipo de gente minha irmã), mas era firme na Fé.

Espero que tenha ficado clara como a mentalidade pós-Vaticano II, da qual a senhora confessa-se adepta, é contra a mentalidade católica de sempre, que decorre da Sagrada Escritura

In Iesu et Maria,
Fabiano Armellini