Doutrina

Igreja e a pena de morte
PERGUNTA
Nome:
Luiz Henrique De Moraes Silva
Enviada em:
01/01/2006
Local:
Monte Santo de Minas - MG, Brasil
Religião:
Católica
Idade:
19 anos
Escolaridade:
2.o grau concluído

Schwarzenegger não escuta pedido de clemência da Igreja por Stanley Tookie Williams

WASHINGTON, quarta-feira, 14 de dezembro de 2005 (ZENIT.org).- O governador do Estado da Califórnia, Arnold Schwarzenegger, não escutou o pedido apresentado por bispos católicos para que concedesse clemência a Stanley Tookie Williams, proposto para o Prêmio Nobel da Paz e de Literatura.

Williams, de 51 anos, perdeu a vida na prisão de San Quintín, na Califórnia, com uma injeção, após esta segunda-feira o antigo ator negar comutar-lhe a pena capital por prisão perpétua. Havia passado 24 anos no corredor da morte. Menos de seis horas antes da hora fatídica, a Corte Suprema dos Estados Unidos havia rejeitado um recurso que poderia prorrogar seus dias.

Havia pedido a clemência a Schwarzenegger, entre outros, Dom Stephen Blaire, bispo de Stockton e presidente da Conferência de Bispos Católicos da Califórnia.

Em um comunicado, os bispos do Estado qualificam a pena de morte como um «assassinato sancionado pelo Estado».

A mobilização dos prelados californianos recebeu o apoio da Conferência de Bispos Católicos dos Estados Unidos, através de uma carta enviada ao próprio Schwarzenegger por Dom Nicholas DiMarzio, bispo de Brooklyn.

A execução foi condenada esta terça-feira pelo cardeal Renato R. Martino, presidente do Conselho Pontifício «Justiça e Paz», em uma coletiva de imprensa celebrada no Vaticano para apresentar a mensagem de Bento XVI por ocasião da Jornada Mundial da Paz.

Co-fundador em 1971 do grupo dos «Crips», declarou-se inocente dos assassinatos pelos quais foi condenado à morte.

Escreveu nove livros para crianças nos quais os incita a evitar as gangues e o crime, e trabalhou para promover a não-violência. Foi indicado para o Prêmio Nobel da Paz cinco vezes e uma ao de Literatura.

Williams, acusado do assassinato de quatro pessoas em 1976, converteu-se em um símbolo midiático da oposição contra a pena de morte.
ZP05121407


Caríssimos irmãos da Associação Montfort,

assim que li o artigo de Macelo Andrade que discorre sobre a legitimidade da pena de morte, concordei com quase todos os argumentos do autor. Porém, o artigo acima mostra que alguns bispos americanos tem uma posição diferente do professor Orlando e seus colegas quando o assunto é a pena capital. Sendo assim, tenho minhas dúvidas quanto a afirmação de que a doutrina católica sempre apoiou a máxima punição aos criminosos. Gostaria de saber em que documento, ou onde a Igreja diz que é a favor da pena de morte, porque os bispos citados na reportagem parece que não o são. Sei que, provavelmente, quem responder a esta carta vai dizer que os bispos americanos não são a Igreja em seu todo. Sei também que, provavelmente, vocês vão usar Apoc. XIII, 10 e MtXXVI, 52 para argumentar. Mas atento para o fato de que essas citações, no seu contexto, podem não ter o sentido que vocês tentam dar a elas.
Aliás, devo confessar que após ter lido o artigo de Macelo Andrade estava perfeitamente convecido da legitimidade da pena de morte e da posição unânime da Igreja quanto a isso. Mas depois de ler essa reportagem da Zenit fiquei confuso de novo, e espero que vocês comprovem, sem citações bíblicas que podem ter vários sentidos, que a doutrina da Igreja sempre defendeu a pena capital.

Que a Paz de Cristo esteja com vocês e o Espírito Santo sempre os ilumine na missão!

Luiz H.
RESPOSTA

Muito prezado Luis Henrique,
salve Maria!


    A doutrina católica se fundamenta no que Deus revelou, e na lei natural feita por Deus. Por isso, a Igreja sempre defendeu e sempre aprovou a pena de morte. Até o Novo Catecismo da Igreja Católica, promulgado após o Concílio Vaticano II afirma que a pena de morte é legítima.
    Você afirma que compreendeu nossa argumentação e nos pede que não citemos textos bíblicos que é uma das fontes da doutrina católica (a outra é a Tradição) e fica em dúvida porque os Bispos americanos se posicionaram contra a pena de morte. A solução é fácil: esses Bispos estão contra o que a Igreja sempre ensinou.
    Meu caro, um Bispo pode ser até herege.
    Nestório era Arcebispo. Jansênio era Bispo. E os dois foram hereges.
    Não é porque um Bispo defende uma questão que ela se torna verdadeira. Um Bispo pode errar. Exemplo: aqui no Brasil Dom Tomás Balduíno defende que se podem invadir terras alheias mesmo que sejam produtivas. E ainda há pouco tempo um Bispo fez greve de fome - o que é contra a moral e a doutrina católica - e foi repreendido pelo Vaticano. Bispo não é nem infalível e nem impecável.
    Um forte abraço.

In Corde Jesu, semper,
Orlando Fedeli