Doutrina
A definição do Cânon Bíblico
PERGUNTA
Paz de Cristo!
Agradeço desde já se puderem me auxiliar numa questão que não consegui responder sozinho, apesar de várias buscas no 'montfort', no 'veritatis' e em outros sites.
Os protestantes acusam a Igreja de haver definido o cânon apenas no Concílio de Trento, ou seja, após o protesto de Lutero. Por outro lado, já li alguns textos que mencionavam que o Concílio Tridentino apenas confirmou o cânon já definido anteriormente nos Concílios Regionais de Hipona e Cartago e no Concílio de Florença. Com relação aos Concílios Regionais não tenho dúvidas, já li textos referentes aos mesmos onde constam todos os 73 livros canônicos, no entanto, apesar de mencionarem o Concílio de Florença, ocorrido antes do nascimento de Lutero, nunca li transcrição de qualquer documento que comprove a afirmação de que neste Concílio Ecumênico o cânon já havia sido definido. Será de grande valia para mim se puderem me informar se existe algum escrito daquela época que faça referencia à aceitação do cânon amplo. Obrigado.
Osny
RESPOSTA
É muito comum os hereges dizerem que os dogmas foram "inventados" nas datas de suas definições, como por exemplo, os testemunhas de Jeová dizem que a divindade de Nosso Senhor Jesus Cristo foi inventada no Concílio de Nicéia em 325 AD, quando na verdade nesse Santo Concílio, assim como nos outros, o que é feito é:
- definir claramente aquilo que a Igreja sempre ensinou, com todos os termos possíveis
- e principalmente, condenar a novidade contrária àquilo que sempre foi ensinado, no caso do exemplo, a novidade era o arianismo, heresia judaizante ensinada naquela época por Ario.
Portanto o que a Igreja ensinou pelo Concílio de Trento, mais uma vez em sua história, foi confirmar a verdade contra a novidade, definindo dogmaticamente o cânon bíblico, que já havia sido anteriormente fixado:
- pelo Concilio de Florença em 1441, com a Bula Cantate Domino (4/2/1442), e deve ser este o documento que você está procurando, que por sua vez se baseia em
- documentos episcopais, sinodais, e também papais, que recusavam os apócrifos e davam a lista completa dos escritos canônicos. Assim por exemplo, a Carta Pascal de Santo Atanásio (367) relaciona todos os 27 livros do Novo Testamento, aí incluída a Epístola aos Hebreus, a segunda e a terceira de São João e a de São Judas Tadeu, sobre as quais havia antes algumas dúvidas. Em Santo Atanásio temos um testemunho autorizado do Oriente; no Ocidente temos a lista completa dos 45 livros do Antigo Testamento, e dos 27 do Novo no decreto do Papa São Damaso (382), lista que se repete nos Concílios de Hipona (393) e de Cartago (397) e na carta do Papa Inocêncio I a Exupério, bispo de Toulouse (405), e, bem mais tarde, no sínodo "in Trullo" de 692. (Fonte: "A Fé Católica", de Justo Collantes)
Escreva-nos sempre que precisar!
Sidney Gozzani