Doutrina
Ressurreição e Batismo
PERGUNTA
Sr. Orlando Fedeli ou colaboradores:
Gostaria de obter uns esclarecimentos a respeito dos seguintes pontos: - Já que iremos segundo a Bíblia e a Igreja, ressuscitar, por que a ressurreição terá que ocorrer somente no final dos tempos, e não logo depois da morte com o julgamento particular(conforme ensinam alguns teólogos), o que seria mais lógico? A propósito, por que os mortos terão que ser julgados novamente no juízo final ou universal, se eles já terão sido julgados por meio do juízo particular, após a morte?
- Por quê ou para que o Batismo, já que a morte de Cristo nos resgatou, segundo a Bíblia e a doutrina da Igreja?
- Se conforme ensina a doutrina da Igreja, o Batismo tira o pecado original, por que então os pais, mesmo sendo batizados, continuam transmitindo o pecado original aos filhos?
Por favor, aguardo esclarecimentos.
Atenciosamente,
Paulo
RESPOSTA
Você sabe muito bem que o homem tem uma vida particular e outra pública. Por isso, teremos dois julgamentos: um particular, logo depois da morte, no qual Deus julgará nossas ações, até as mais recônditas, e um julgamento público, de nossas ações mostrando como elas influíram na sociedade, nos outros. O juízo final será então uma grande aula de História, onde ficará patente como prejudicamos ou ajudamos o próximo, na História. Esse Juízo, necessariamente teria que ser na presença de todos os que viveram na História, e portanto, só poderá ser no final da História.
A doutrina católica distingue redenção objetiva e redenção subjetiva.
Os atos de Cristo são largamente suficientes para redimir as culpas de todos os homens, visto que eles tem mérito infinito. A redenção de Cristo é objetivamente universal, pode alcançar todos os homens.
Entretanto, isso não significa que todos estejam já automaticamente salvos, e sim que todos podem ser salvos. Os sujeitos individuais podem recusar a redenção de Cristo, não aceitando o Batismo, ou recusando as graças de Jesus Cristo. Desse modo a aplicação dos méritos infinitos de Cristo a cada homem depende de eles aceitarem ou recusarem esses méritos e essas graças. A redenção objetiva só se realiza de fato se subjetivamente for aceita por cada sujeito. É o que se denomina redenção subjetiva. Por isso Cristo, ao instituir a Eucaristia disse que seu sangue seria derramado por MUITOS e não por TODOS, como se diz erradamente hoje em dia.
O pecado original não é um pecado pessoal nosso. O pecado original foi um pecado de Adão que danificou a natureza humana que recebemos de nossos pais. Portanto, o pecado original é transmitido por nossa natureza. Apesar de perdoado pela aceitação do Batismo, isto é, da aplicação dos méritos infinitos de Cristo àquele que é batizado, este continua com as conseqüências do pecado original em sua natureza, que persiste com os efeitos do pecado original --- não com a sua culpa -- e nós prosseguimos assim a transmitir o pecado original ao transmitirmos nossa natureza decaída a nossos filhos. Daí, a necessidade do Batismo para todos. Esperando tê-lo atendido, me despeço
in Corde Jesu, semper,
Orlando Fedeli.