Doutrina

Celebração da Palavra
PERGUNTA
Nome:
Rodrigo
Enviada em:
07/05/2004
Local:
Londrina - PR,
Religião:
Católica (Modernista)

Caro professor, bom dia!
 
Obrigado por sua resposta, mudarei o termo e direi  Ministro Extraordinário da Comunhão

Concordo plenamente com o Sr., que o sacerdote é e sempre será insubstituível, que Deus permita sempre isso. Acredito que nada substitui a  Santa Missa. Porém temos vários outros tipos de  reuniões, em dias  diferentes, em que não há Missa...Como o Dia da Palavra onde fazemos estudos  da Palavra de Deus, que é na própria  Igreja, Grupos de Reflexão...e nem sempre podemos ter a presença do padre...porém o povo desejoso de Deus anseia comungar, e o Ministro da  Comunhão, preside um momento de adoração à Eucaristia, ou então Preside a celebração da Palavra como foi descrito em carta anterior. Devido ao desejo das pessoas receberem a Cristo na Eucaristia e não podermos ter a Missa neste dia.
 
Professor, acho que é um exagero comparar esta prática a um culto protestante, nem de longe se parece com isso, exceto pela ausência do sacerdote...porém não estamos celebrando a Santa Missa. Creio que seria um erro atribuir a idéia de que: "acostuma os fiéis a substituírem o padre, o que faz pensar que o padre é substituível por um leigo. E essa idéia é protestante".
 
Atribuir essa idéia ao povo, com todo respeito que tenho pelo Sr., é subestimar o povo e achar que todas as pessoas são ignorantes da Doutrina Igreja e da Bíblia, quando não o são. Acredito que a maior parte das pessoas sabem diferenciar isso. Quando não, é justamente isso que tentamos passar, agindo de forma correta... Entro neste assunto professor porque recentemente, recebi minha autorização e entrei para a equipe de Ministros, e não quero cometer erros e exageros.
 
Desejo paz e alegria.
 
Rodrigo.
RESPOSTA
Muito prezado Rodrigo,
salve Maria !

Alegrou-me a sua aceitação do que mandou o próprio Papa: de que é errado chamar o leigo que dá a comunhão de Ministro Extraordinário da Eucaristia. O Papa manda chamá-lo de Ministro Extraordinário da Comunhão.

Entretanto, o Papa deixa claro que, sempre que houver um Padre presente, é a ele que cabe dar a Comunhão ( art 157da Redemptionis Sacramentum).

Por que essa preocupação do Papa?

Porque se abusou da permissão de permitir que leigos dessem a Comunhão.

E isso, além de facilitar profanações, tende a igualar leigo e sacerdote.

Você me diz que em sua paróquia, graças a Deus, todos compreendem que o leigo não é padre.

Está bem. Mas isso não é suficiente.

De tanto ver um leigo dar a Comunhão, mesmo sabendo que ele não é Padre, fica a imagem de um leigo exercendo uma ação própria do Padre. E isso vai entrando na cabeça das pessoas, e, afinal, se perde a noção da diferença entre leigo e sacerdote.

E você tem que acrescentar a essa imagem de um leigo dando a Comunhão, o fato de que os Padres, depois do Vaticano II, se "laicizaram" o quanto puderam.

Que quero dizer com "laicizaram", entre aspas?

Quero dizer que os Padres adotaram costumes de leigos: normalmente, deixaram de usar batina, vestindo-se esportivamente; agem como qualquer leigo, vão a festinhas, e mesmo a bailes; vão à praias, a bares, etc.

Tudo isso fez o Padre parecer um homem comum.

Dai a pergunta que muitos se põe: se o padre leva vida igual a de qualquer um, por que o Padre não pode casar ?

Conseqüência é essa pressão enorme, feita por padres e pela imprensa anti católica, para que o Papa permita o casamento dos Padres.

Outro problema é o que se chama vulgarmente de celebração da Palavra.

Essa é uma expressão de caráter protestante.

Muitos há que afirmam que Cristo está tão presente na hóstia consagrada, quanto na palavra.

E isso é totalmente falso.

Na hóstia consagrada Jesus está real e substancialmente presente com seu Corpo, Sangue, Alma e Divindade, enquanto que na Sagrada Escritura, Ele não está realmente e substancialmente presente. Na Sagrada Escritura, Deus está presente por sua verdade revelada e não pessoalmente.

Quem sempre quis igualar a celebração da palavra -- cerimônia de origem protestante -- com a Missa, foram os hereges que negam a Presença real de Cristo na hóstia consagrada.

Você me garante que o povo que vai a essas celebrações, em sua paróquia, conhece a Bíblia, dizendo-me:

"Atribuir essa idéia ao povo, com todo respeito que tenho pelo Sr., é subestimar o povo e achar que todas as pessoas são ignorantes da Doutrina Igreja e da Bíblia, quando não o são. Acredito que a maior parte das pessoas sabem diferenciar isso".

Claro que respeito a sua palavra.

Entretanto, conhecendo a grande ignorância geral sobre a Sagrada Escritura, fico surpreso de que exista uma paróquia inteira em que as pessoas conheçam, e entendam bem o que diz a Bíblia.

Pergunte, então, a eles que é a Missa?

Poucos saberão o que ela é.

Faça um teste: pergunte ao Padre o que é a Missa, e muito provavelmente ele dará uma resposta errada, pois em geral são muito poucos os que sabem que a Missa não é um banquete, não é uma ceia. Raros responderão certo: a Missa é a renovação do sacrifício de Cristo no Calvário.

Pergunte a seus conhecidos o que quer dizer a expressão "Filho de Deus", aplicada a Cristo.

Pergunte porque o Profeta Isaías se refere a Deus como "Deus dos Exércitos", e por que, na Missa, agora, se diz "Deus do Universo" em vez de "Deus dos Exércitos"?

Será que isso é a mesma coisa?

Pergunte por que se canta "Santo, Santo, Santo", e, principalmente o que quer dizer Santo?

Meu caro Rodrigo, o colocar a Bíblia na mão de qualquer um é o que fez Lutero para corromper o povo.

Colocar a Bíblia na mão de qualquer um equivale a colocar, na mão de qualquer pessoa, um Tratado de Cirurgia.

Vejo bem que sua intenção é boa. Mas me parece que você não percebeu a malícia do que está acontecendo.

Veja o resultado dessas celebrações da palavra e das reuniões do povo para ler a Bíblia, nas casas, enquanto o padre fica assistindo a novela da TV...

O resultado disso e das celebrações pentecostais como as da RCC foi o verdadeiro êxodo de católicos para as igrejolas protestantes.

Pelos frutos se conhece a árvore. E os frutos dessas mudanças na Igreja, feitas pelo impulso do Vaticano II, foi uma "apostasia silenciosa". E essa expressão não é minha. É de João Paulo II, falando da Europa.

Esperando não tê-lo magoado, mas só alertado, me despeço, rogando a Nossa Senhora que o ajude a ver bem claro, já que você demonstra tão reta intenção.

Escreva-me sempre.

In Corde Jesu, semper,
Orlando Fedeli