Ciência e Fé
A evolução é incontestável
PERGUNTA
Caro Senhor:
Nitidamente está a falar daquilo que desconhece. O Evolucionismo, mais especificamente o Neodarwinismo, apesar de apresentar algumas lacunas, é a teoria científica aceite para a evolução das espécies. Porque a evolução, por si só, não pode ser contestada. Já ouviu falar de fósseis? Já ouviu falar de formas animais e vegetais que actualmente não existem? E será que já ouviu falar de fósseis de transição? Certamente que não, e aqui vai a explicação:
Fósseis de transição são formas fósseis de espécies ancestrais que reúnem, no mesmo espécime, características que hoje estão presentes em grupos taxonómicos absolutamente distintos. Por si só, estes fósseis apoiam a teoria que os diferentes grupos taxonómicos já estiveram relacionados.
O caso das mariposas, já referido em outros textos, é um caso clássico: altamente referenciado na bibliografia académica para jovens estudantes, ela mostra como as variações fenotipicas de uma espécie estão relacionadas com factores ambientais.
E mais, com o surgimento da abordagem genética ao conceito evolucionista, provou-se que a evolução das espécies faz-se tão-somente por mecanismos reprodutivos em conjugação com factores ambientais. Um progenitor com carga genética A com outro com carga genética B, pode originar descendentes com fenótipos altamente diversificados, devido a processos de recombinação genética e fecundação. Ao fim de milhares de gerações, ou apenas ao fim de duas gerações como são exemplo os casos de poliploidia, acumulam-se diferenças genéticas que fornecem ao índividuo características favoráveis à sobrevivência.
Vejamos o caso da espécie humana. O Homo sapiens sapiens não surgiu como um produto "acabado". Estudos arqueológicos têm demonstrado como o tamanho da massa cefálica aumentou, como variaram as formas da mão, tendo-se proporcionado o manuseamento de objectos.
Enfim, como disse antes a evolução é incontestável. E longe vai a Idade Média em que os homens acreditavam que os fósseis eram obra do Diabo.
Respeitosamente subscrevo-me:
Joaquim Ramires
RESPOSTA
Prezado Joaquim Ramires, salve Maria!
Você nos acusa de falarmos sobre o que não conhecemos. Ora, ao que vejo em sua carta, você fala tudo e tão somente o que conhece. E conhece pouco.
Por exemplo, quando diz que o neodarwinismo é “a teoria científica aceita para a evolução“.
Não existe, realmente, um tal consenso neodarwinista que possa defini-lo como uma teoria unificada, robusta e concisa. Há, pelo menos, três correntes: os selecionistas (como R. Dawkins e, outrora, R. Fischer), os neutralistas (como S. J. Gould e, outrora, Kimura) e os “tucanos”, que consideram aspectos de ambos lados. Sem considerar outras absurdas, com tons místicos ou sociológicos.
O neodarwinismo não passa de uma atualização do velho darwinismo. Foram incluídos e aplicados conceitos genéticos, matemáticos e estatísticos, paleontológicos, ecológicos, bioquímicos, etc., no mesmo darwinismo de sempre. Resultado: a paixão aumentou e o compromisso com o materialismo foi ratificado.
Outro exemplo: você questiona nosso conhecimento acerca de fósseis. Eu lhe respondo que, apesar de não ser estudioso da paleontologia, tenho em casa um exemplar de um mesossaurídeo, obtido no sitio sedimentar de Rio Claro. É um membro anterior, muito bem conservado, de um réptil que não existe mais, há dezenas - ou centenas, não sei precisar - de anos.
Porém, confesso que não conheço um só fóssil de transição. Se Darwin estava certo, e com ele os neodarwinistas selecionistas, todos os fósseis deveriam ser de transição. Ao menos teoricamente. Inclusive você e eu, somos transição.
Onde ficariam, então, os conceitos de espécie, os de mecanismos de isolamento reprodutivo, de reparo de DNA, o vigor do híbrido, etc.?
Por outro lado, dizem os neutralistas - ou deveriam dizer - que os fósseis de transição são praticamente inexistentes, pois o processo evolutivo se da por saltos taxonômicos.
Portanto, meu caro Joaquim, dependendo da corrente que você aceita, os fósseis de transição existem ou não.
Entretanto, convenhamos: um fóssil de transição compartilha caracteres de dois grupos distintos ou, ao contrário, não apresenta ambos os caracteres, ao menos funcionalmente? Para isso, dá-se o clássico exemplo dos ossos da mandíbula de répteis que teriam se transformados em ossículos auditivos em mamíferos e aves. Como seria o organismo transicional: um ser que não ouvia nada e mastigava direito? Esse animal seria o primeiro a ser selecionado para virar fóssil. E, nesse caso, não deixaria descendentes para continuar sua caminhada evolutiva em busca de um ouvido mais complexo.
Então, a Evolução é uma teoria incontestável?
Ou seria, antes, “infalseável”? Ou, para facilitar sua compreensaocompreensão, “intestavelintestável”…
A Evolução é inevidente (por uma razão temporal) e improvável (por uma razão matemático-estatística). Também concordo que ela seja um absurdo incontestável.
Você cita o velho caso das mariposas… Noves fora, onde entra alguma prova ou evidência de evolução nesse experimento? Ainda que ele fosse perfeito, só mostra que existe seleção natural e pressão seletiva do ambiente. Óbvio.
Você nos da mais uma prova de que conhece pouco sobre o assunto, quando fala em carga genética. Para lhe esclarecer, o termo “carga genética” se aplica à perda de variabilidade genética ao longo de gerações, e não serve de sinônimo para “genótipo”.
Contudo, tratemos de seu exemplo incontestável. Em suma, você nos expõe a premissa da “descendência com modificação”, descrita pelo próprio Darwin. Em primeiro lugar, a prole pode apresentar uma alta variabilidade fenotípica, como você escreve, e nenhuma variabilidade genotíipica. Está ai o seu efeito do ambiente.
Por outro lado, a variabilidade pode ser genotípica também. E daí? Onde está a evolução? Está mais do que provado que não existem dois indivíduos absolutamente iguais, em nada. Nem mesmo clones. Você cai no mesmo buraco em que estão a imensa maioria dos evolucionistas: identificar a chamada “micro-evolução” com “macro-evolução”. A primeira não passa de uma variação acidental na espécie, ainda que definida por uma expressão equivocada. A segunda é a evolução propriamente dita, em que há mudança de espécie. O segundo termo é identificado também como “pedra-no-sapato”…
Em relação aos fósseis humanos, o que a paleontologia poderia - possivelmente - evidenciar é uma variação nas dimensões craniais. Não existem fósseis de tecido cerebral. Porém, pode-se especular sobre alguma alteração na proporção entre volume cranial e volume do cérebro.
E daí?
Digo que o cérebro pode ter aumentado em relação ao tamanho do crânio, mas o raciocínio humano tem decaído muito desde os primeiros homens. Prova: dizer que o tamanho da mão facilitou o uso de objetos. É mais ou menos como dizer que as dimensões do soquete facilitaram a inserção da lâmpada.
Um orangotango que usa um galho para medir a profundidade de um rio antes de atravessá-lo, utiliza um instinto estimativo, ou cogitativo, e constrói uma ferramenta, ainda que ele não tenha consciência disso. Porém, primeiro há um instinto inerente a ele. Depois, ele usa - irracionalmente - essa faculdade, dentro de seus limites corpóreos, para construir uma ferramenta.
O homem, ao contrário, primeiro gera uma idéia em sua mente, depois busca os meios de concretizá-la. Para executar uma idéia, utiliza-se de suas faculdades animais, cogitativas e manuais, e dos recursos ambientais. Se seus limites físicos o impedem, a idéia, gerada por ele, continua existindo e não é instintiva.
Explico-me: Há, antes do tamanho da mão - e das orelhas - uma faculdade que os animais, por mais complexos que sejam, não possuem: o intelecto. Esse é um salto taxonômico, em nada evolutivo, que Darwin não supre. O orangotango não sabe que a razão entre o tamanho do galho e a profundidade do rio tem que ser maior que 1 (um), e que a razão entre o galho e sua altura deve ser igual a 1(um). Caso contrario, não há razão que o faça atravessar o rio…
O mesmo livro que lhe ensinou que o tamanho da mão deu origem à linguagem - pois no fundo é essa a conseqüência - deve ter lhe contado também que, para os medievais, os fósseis eram considerados “obra do diabo”. Nem vou perder tempo com isso.
Contudo, lhe digo que o darwinismo materialista, algemado à ciência moderna, empirista, racionalista e apaixonada, na verdade, trata o criacionismo, e a perfeição divina refletida no mundo, como obra do diabo.
No Coração de Maria Santíssima,
Fábio Vanini