Ciência e Fé
Criacionismo é ciência
PERGUNTA
Nome:
Miguel
Enviada em:
21/03/2005
Local:
AC,
Olá... eu estudo biologia e acredito na teoria da evolução... e que esta é uma teoria ciêntífica. Não sou religioso, mas sou Teísta... talvez Deísta... é uma dúvida que eu tenho.
Não vos quero chatear nem nada disso, mas eu tenho dificuldade em ver o criacionismo como ciência. Em parte porque acho justo que a ciência siga o paradigma do naturalismo. Vamos ver o que podemos tirar da natureza sem invocar uma entidade divina. Não vejo nada de errado nesta postura. Acho que ela é boa... e não implica coisas como o ateísmo.
O que eu queria saber é porque razão vcs acham que o evolucionismo não é ciência... e por outro porque razão vcs acham que o criacionismo pode ser ciêntifico.
Um abraço...
RESPOSTA
Prezado Miguel, salve Maria!
É uma alegria especial escrever minha primeira carta a alguém de outra nacionalidade, ainda que brasileiros e portugueses tenham tanto em comum.
Permita-me que eu lhe mostre um erro usual entre os cientistas modernos, que são adeptos de uma ciência imparcial e objetiva. Você escreve:
“Em parte porque acho justo que a ciência siga o paradigma do naturalismo” (o negrito é meu).
Repare que opinar sobre a justiça de um paradigma leva a uma sentença sem valor algum. E a ciência moderna, que é contra a certeza e contra a verdade, já declarou a pena de morte ao criacionismo. Essa é uma sentença irrecorrível.
Mas, falemos do naturalismo e do seu deísmo. Na verdade, deísmo ou teísmo é a mesma coisa. Ambos consideram que a existência de uma divindade pouco importa à ciência, às decisões e ações humanas e não há influências suas na natureza, ainda que por causas segundas. Daí crer o naturalismo que é possível se fazer ciência apenas observando e deduzindo a partir da natureza, crendo – com fé! – na razão humana acima de tudo. Deus e ciência, sobrenatural e natural são incompatíveis e dessemelhantes.
No entanto, erram esses naturalistas, pois a existência de Deus pode ser provada com base na razão e observação de leis da natureza, como as leis de causa e efeito e existência de formas perfeitas. E isso existe desde antes de Cristo. A observação leva a um criador necessário e transcendente.
É com base em observações científicas e da natureza que se compreende que o menos não pode causar o mais. Também as espécies são formas, cuja essência é imutável, enquanto que o que muda são acidentes da matéria. Tanto a imutabilidade da espécie quanto a mutabilidade dos indivíduos são mensuráveis. O objeto da evolução é incomensurável.
Também é a coleta de dados paleontológicos que mostra que os fósseis intermediários, necessários à teoria da evolução, não existem, enquanto que os fósseis semelhantes entre si são inúmeros, sendo possível agrupá-los em espécies também.
É a genética que mostra que as mutações são raras e normalmente deletérias e que os seres vivos são dotados, em sua maioria, de mecanismos eficientíssimos de reparo de material genético.
É a bioquímica que estuda os complexos enzimáticos e as cadeias moleculares, tão intrinsecamente armadas e amarradas, a ponto de serem fortes, em se tratando de eficiência e funcionalidade, e frágeis em se tratando de suscetibilidade a alterações.
É a ecologia que demonstra que as inter-relações entre seres vivos são ordenadas de modo inteligente, otimizado, econômico e inteligível ao homem.
É a química que mostra que as moléculas produzidas pelo seres vivos possuem uma única quiralidade, enquanto que na natureza física são encontradas com ambas as orientações quirais, em equilíbrio, situação essa que mostra que a origem da vida a partir de soluções moleculares é insustentável.
Poderia citar muitos outros casos em que a teoria da Evolução fugiu à regra da observação natural e passou para o grupo da ideologia, enquanto que o criacionismo não foi nunca desabonado pelas descobertas científicas.
Você sinceramente nos põe:
“eu estudo biologia e acredito na teoria da evolução”.
Meu caro Miguel, que está a uma caravela de distância, os estudantes de biologia são impelidos a acreditar em Darwin, senão não há revista que aceite seus artigos nem professores que aceitem seus relatórios. A eles é passada a notícia de que o evolucionismo está comprovado, é unânime na academia e nele estão os princípios para a ciência moderna, imparcial e infalível.
Meu caro Miguel, Portugal ensinou o Brasil a ser um país. Permita-me que eu, brasileiro, ensine-lhe um bom princípio: pare de “achar” e procure ver o que a natureza, inteligível e ordenada, diz aos homens.
No Coração de Maria Santíssima, Rainha de Portugal,
Fábio Vanini