Ciência e Fé

Até que ponto a Teoria da Evolução é válida?
PERGUNTA
Nome:
Marilia
Enviada em:
15/10/2004
Local:
RJ,
Religião:
Católica


Caro Professor,
Salve Maria!

Lhes envio novamente uma dúvida que surgiu. É sobre teoria da evolução. Chegou em minhas mãos um texto que afirma que os avanços científicos em relação à medicina e à genética. Costumo repudiar materiais anti-cristãos, mas esse supostamente tem embasamento científico.
Aqui vai uma parte do texto.

"A teoria da evolução das espécies tem 140 anos. Nela, Darwin mostrou que as espécies mudam, vão se transformando, umas competindo com as outras e sobrevivendo as mais aptas. Nessa teoria, o homem descende de primatas e é primo do macaco. É o alicerce de toda a biologia moderna, cujos êxitos nos salvam a vida e alimentam uma população para a qual a Terra pareceria pequena demais. Nenhum professor titular de biologia de qualquer uma das cinqüenta melhores universidades americanas admite explicação alternativa.

(....)

Um dos grandes avanços de nossa civilização é o processo metódico e sistemático de fazer progredir o conhecimento: o teste empírico das teorias. Cada teoria é confrontada com a realidade, de forma rigorosa e perfeitamente explicitada, de modo que qualquer um que faça o mesmo experimento chegue às mesmas conclusões. A teoria conflita com os resultados? Então, lata de lixo para ela. Se a observação não nega a teoria, ela sobrevive, até que alguém encontre uma massa suficiente de casos em que a teoria não concorda com a realidade. Assim, a ciência vai desbastando a ciência boa do mito, do palpite, da superstição. O que sobra é sólido.

Como a observação não nega as idéias de Darwin (com os retoques e ajustes esperados), a teoria da evolução é aceita. De fato, hoje sabemos que o homem compartilha 98% de seu DNA com o chimpanzé. Então, qual a autoridade intelectual de quase metade da população americana para negar uma teoria que resistiu a 140 anos de ataques por aqueles que sabem do assunto? "
http://www.nitnet.com.br/~kruse/art/fragil.htm

Até que ponto isso é verdadeiro?

Obrigada,
Fiquem com Deus.
RESPOSTA

Prezada Marília, salve Maria!
 
O texto que você nos enviou mostra como pensa, tipicamente, qualquer um dos professores titulares de biologia das cinqüenta melhores universidades americanas. É um resumo de uma ideologia que tenta desbastar o mundo real, para que ele caiba, forçosamente, no interior do Beagle. E a fantasia - conduzida pelo naturalista inglês - vai afundando lentamente, como um Titanic aparentemente indestrutível.
 
Obviamente, o texto deixa transparecer a ilusão da teoria darwinista. Repare a falácia do trecho:
 
“É [a teoria da Evolução] o alicerce de toda a biologia moderna, cujos êxitos nos salvam a vida e alimentam uma população para qual a Terra pareceria pequena demais.”
 
O que tem a ver, de fato, a teoria com a alimentação ou a salvação de vidas? O sucesso do melhoramento genético e na área médica, por exemplo, reflete um progresso tecnológico humano, mas que existe independentemente do homem ser ou não primo do macaco, como quer o darwinismo.
 
Em parte, a afirmação de que a teoria da Evolução revolucionou a Biologia, enquanto disciplina, é verdadeira. De tal modo ela transformou os pensamentos dos cientistas que realmente se pensa ser ela uma “ciência boa” separada do mito e a solução para a humanidade.
 
Ora, se as espécies sobrevivem devido a uma superioridade individual ou coletiva numa competição, é natural que se conclua que os homens mais aptos obedecem à natureza quando eliminam os mais fracos. É essa a salvação da humanidade? Ou é a solução para a superpopulação humana na Terra?
 
O autor do texto descreve um fato verdadeiro: uma teoria não sobrevive à oposição ao mundo real. Seria de se esperar que uma teoria de 140 anos estivesse plenamente comprovada, quando confrontada com a realidade. É o que Ernst Mayr declara, numa entrevista à Folha de S. Paulo de 29 de agosto de 1999, publicada no caderno Mais!:
 
“Realmente é surpreendente que, quando você considera a estrutura básica da teoria da evolução biológica, é quase a mesma, exatamente, que Darwin formulou em 1859. A teoria básica é incrivelmente robusta.”
 
Temos que considerar que a teoria proposta por Darwin logo seria testada por outros. Deveria ser, de algum modo, validada empiricamente.
 
Contudo, 140 anos depois, temos o sequenciamento de DNA, o genoma de várias espécies sendo conhecido, um avanço incrível na genética molecular e populacional, e nenhuma evolução vista por ninguém. Evolução no seu conceito estreito e realmente importante, que é a mudança de espécies.
 
Se alguém diz que evolução é mudança de freqüência gênica por meio de seleção natural, mutação, fluxo gênico e endogamia, então eu teria que assumir que a teoria neodarwinista é verdadeira. Contudo, esse é um dos sofismas que sustentam a quase sesquicentenária teoria. Evolução não é simplesmente “mudança de freqüência gênica” ou “descendência com modificação”, mas um processo que leva à transformação de uma espécie a outra, ou especiação. Esse é o objeto da evolução, que os cientistas nunca viram, não podem realmente medir ou estimar e que seria o “alicerce” de todo o Darwinismo.
 
A prova de que a robustez da teoria permanece apenas por unanimidade dos cientistas das 50 melhores universidades americanas é a de que todas as teorias evolutivas póstumas ao Darwinismo (neo-darwinismo, neutralismo, equilíbrio pontuado, etc), derivadas dele, foram insatisfatórias. Foram superadas pelos fatos, sejam eles as inexistências dos fósseis intermediários, as baixíssimas taxas de mutação associadas a sua característica deletéria, ou a impossibilidade de se trabalhar com escalas geológicas. Se a teoria é boa, não necessita de adequações à realidade. Pior é se essas tentativas de adequação à realidade falham.
 
O que sustenta a teoria atualmente é a sua parte mensurável, que é o que se chama de “micro-evolução”, nome dado às mudanças intraespecíficas para enganar os cientistas com a idéia de estarem medindo a especiação em escala micro. Curiosamente, nunca se desbastou do Darwinismo aquilo que não está de acordo com a realidade, separando da “ciência boa”.
 
Prezada Marília, lembre-se de que um erro é tanto mais perigoso quanto maior sua parcela de verdade. A teoria de Darwin traz em sua estrutura sentenças verdadeiras em meio a princípios falsos e conseqüências más. Portanto, não pode ser boa.
 
No Coração de Maria Santíssima,
Fábio Vanini