Arte
Rock e apostolado
PERGUNTA
Gostaria de enviar um comentario para Orlando Fedeli, o autor do documento em 5 partes que mencionam o rock.
Caro Senhor Orlando, meu nome é Marcelo e estudo aqui em Lincoln, NE, por vias de um amigo meu, me foi enviado em anexo esse documento onde o senhor falava mal do rock. Gostaria de expressar a minha opinião com relação à este polêmico assunto:
Eu concordo quase inteiramente com o que o senhor escreveu nesse documento. Mas, existem algumas controvérsias que me deixam entristecido. Tudo bem que o Rock é satanico e induz as pessoas, mesmo que inconscientemente a blasfemarem contra Deus e a cantarem e ouvirem coisas que induzem a pecados e morte.
Só que muitas pessoas ainda são e continuarão sendo fãs do Rock mesmo dentro da igreja, e desse modo como o senhor falou do Rock, choca as pessoas. Elas acabam se sentindo ofendidas e a liberdade delas acaba sendo invadida. Está certo que muitas dessas pessoas podem ser atingidas por Cristo de uma outra maneira, mas eu acredito, como o ditado diz, que "Deus escreve certo por linhas tortas."
Quantas vezes o senhor não deve ter presenciado a vários testemunhos de pessoas que foram tocadas por Deus da mais diferente maneira? Algumas dizem que viram uma luz bem forte quando estavam em meio a trevas, outras foram ajudadas por anjos que nunca mais apareceram em sua vida, e tantas outras coisas. Já ouvi também várias pessoas dizendo que foram trazidas para Cristo pela música. Às vezes musicas leves, e outras vezes músicas mais ritmadas. E continuam na igreja firmes com o propósito de trazerem mais pessoas para dentro da igreja.
Algumas dessas pessoas até trocaram o seu gosto pelas músicas mais ritmadas que a trouxeram para igreja, para músicas mais inspiradas e de melhor qualidade, outras, ainda continuam ouvindo tais tipos de músicas pois talvez não estejam preparadas espiritualmente, ou talvez por que Deus tenha um plano para vida dessas pessoas que nós desconhecemos.
Em minha opinião, o que devemos fazer, é tentar envolver as pessoas com propósitos mais relevantes do que apenas que estilo de música devemos e não devemos ouvir. Eu acredito que Cristo olha para nós e nos considera muito ignorantes apesar de nos amar incondicionalmente. Ele quer que falemos para as pessoas de seu amor, não importa se falemos de porta em porta, em convenções, pela internet, por meios de comunicação, ou através da música.
Não devemos ficar procurando saber o que devemos e o que não devemos fazer, pois estamos desviando o nosso foco do mais importante ser desse mundo, Cristo Jesus. Nosso foco tem que ser a entrega de nossa vida à Cristo e a aceitação de que sem Ele não há vida. Se fizermos isso e o amarmos de verdade, ele irá nos lapidando conforme o necessário e nos mostrará o que deveriamos estar fazendo para trazer outros pra Cristo.
Gostaria de dizer que concordo com quase tudo que o senhor escreveu, mas que o senhor deveria desviar o seu foco do pecado e totalizar o seu foco em Cristo, seja por email, seja pela internet, por meios de comunicação, através da comunidade, o que quer que seja, nosso foco tem que ser inteiramente a entrega de nossa vida a Jesus Cristo, e ele nos guiará e nos mostrará o caminho a seguir.
"Mas dou graças a Deus porque, unidos com Cristo, somos sempre conduzidos por Deus como prisioneiros no desfile vitorioso de Cristo. Como perfume que se espalha por todos os lugares, somos usados por Deus para que Cristo seja conhecido por todas as pessoas. Porque somos como o cheiro suave do incenso que Cristo oderece a Deus, cheiro que se espalha entre os que se salvam e os que se perdem. Para os que se perdem, é mau cheiro que mata; mas, para os que se salvam, é perfume muito agradável que dá vida. Portanto, quem tem capacidade para esse trabalho? Nós não somos como muitas pessoas que entregam a mensagem de Deus como se estivessem fazendo um negócio qualquer. Ao contrário, foi Deus quem nos enviou, e por isso falamos com sinceridade na sua presença, como servos de Cristo." 2 Coríntios 2:14-17 (BLH)
RESPOSTA
Prezado Marcelo,
Salve Maria.Suponho que Lincoln NE seja Lincoln, no Estado de Nebraska, nos USA.
Pergunto porque, em setembro, estarei nessa cidade para dar uma palestra, e talvez possamos nos encontrar. Gostaria de conhece-lo pessoalmente.Agradeço-lhe sua concordância com minhas críticas ao Rock, e agradeço também sua tentativa de me aconselhar a como fazer um verdadeiro apostolado.
Entretanto, tenho que lhe fazer algumas ponderações quanto ao modo de apostolado que você me sugere, a fim de me corrigir.
Você me diz:
"Em minha opinião, o que devemos fazer, é tentar envolver as pessoas com propósitos mais relevantes do que apenas que estilo de música devemos e não devemos ouvir"Ora, o apostolado não deve "tentar envolver" as pessoas, e sim convertê-las. E o único modo de fazer isso, é dizer a verdade. Ainda que a verdade doa. Não se cura uma pessoa com câncer sem dizer-lhe que deve ser operada com urgência.
Cada pessoa deve ser abordada segundo seu problema e sua psicologia. E se é verdade que alguns devem ser abordados suavemente, outros há que convém tratar mais energicamente. Foi como agiu Nosso Senhor, que sendo infinitamente manso e humilde, tratou os fariseus de hipócritas e de sepulcros caiados, sem temer chocá-los. Aliás, aos vendilhões do templo Ele não tratou com música suave... Usou o chicote!
E Nossa Senhora, em Fátima, para converter os videntes e o mundo, mostrou-lhes uma visão terrível das almas caindo no inferno. Foi, de fato, um tratamento de choque.
No caso concreto de meu trabalho sobre o Rock -- sobre o qual você diz concordar em classificar o Rock como satânico -- não tratei ninguém pessoalmente de satânico, mas sim o Rock, em muitas de suas músicas conhecidas.
Você me lembra que muitas das pessoas que gostam de Rock, ao lerem meu trabalho, "acabam se sentindo ofendidas e a liberdade delas acaba sendo invadida".
Meu caro, a liberdade delas e de ninguém é absoluta. Nem elas têm a liberade para ofender a Deus. Nosso Criador nos deu a liberdade para que o amemos livremente, e não para que pequemos livremente.
Cristo, por acaso, violou a liberdade pessoal da samaritana quando disse a ela que de fato ela não tinha marido, quando havia sido amante de seis homens diferentes?
Quanto às pessoas que você afirma terem se convertido porque viram uma luz, ou porque julgam ter visto um anjo, ou porque ouviram uma música suave, essas pessoas, se se converteram só por isso, não se converteram a nada. Converter-se é mudar de vida pecadora para vida a serviço de Deus, e isso só se faz com a graça de Deus iluminado a inteligência para compreender a verdade, e impulsionando a vontade para a prática da virtude. O que custa muito!
Não se vai ao céu por um caminho largo, disse Nosso Senhor. Só o caminho estreito do sacrifício nos leva à salvação. Por isso, Cristo converteu São Paulo cegando-o e jogando-o ao chão. E o cegou temporariamente. E o acusou de estar perseguindo a Ele, Jesus, quando Saulo perseguia os cristãos.
Não há conversão sem o choque iluminante da verdade.
Para perverter, o demônio nos adormece com suavidade.
Para converter, Deus nos desperta com um choque.E já que o apostolado exige dizer a verdade a nosso próximo em erro, permita-me, com toda a caridade cristã, lembrá-lo que sua posição face ao apostolado é sentimental, e portanto é liberal. E o liberalismo, meu caro Marcelo, não é uma doutrina aprovada pela Igreja.
Choquei-o?
Pois foi meu objetivo.Sim, meu caro Marcelo, o liberalismo não é católico. Não estou dizendo que você professa o liberalismo explicitamente. Mas digo-lhe que, em concreto, você me escreveu uma mensagem de fundo sentimental.
Na verdade, não é nossa maneira de atuar que converte os outros, mas a graça de Deus. A nós basta agir com intenção reta de fazer o bem, de não usar meios sem caridade, e dizer a verdade, rogando a Deus que abençoe nossa palavra caída na alma de nossos irmãos.
O semeador lança a semente. A chuva que vem do céu e a terra a fazem germinar.
Se você desejar saber em que consiste o liberalismo, peça-me, a fim de que possa ajudá-lo. Com alegria o farei. Enquanto aguardo sua resposta, e seu possível pedido ou sua novas objeções, subscrevo-me
in Corde Jesu, semper,
Orlando Fedeli