Defesa da Fé

Duvidas sobre a autenticidade do cristianismo.
PERGUNTA
Nome:
Giovanni
Enviada em:
01/04/2005
Local:
Vitória - ES,
Religião:
Outras - escreva abaixo
Idade:
44 anos
Escolaridade:
Pós-graduação concluída
Profissão:
advogado

Senhor Monfort.
Estou admirado com este site e as precisões de suas respostas. Vezes ásperas outras mais dóceis, porém todas de uma inteligência sintomática.
Pois bem, a minha dúvida gira em torno do seguinte tema:
Sabemos que Jesus era judeu e portanto deveria praticar o judaismo. Ao analisarmos as tradições judaicas encontramos certas contradições com o que é descrito no novo testamento. Por exemplo, se o Messias era chamado de Mestre é porque ele era um rabino, inclusive pregava nas sinagogas conforme o propio novo testamento relata. Entretanto, a função de rabino no Israel bíblico era privatuiva de homens casados, como poderia ser ele um rabino solteiro?
Outra dúvida é que sendo o cristianismo uma religião originada do judaismo, como poderia ela adotar a tese do sacrificio humano redentor, como o sacrificio de Jesus para salvar os homens do pecado, sendo que o único caso de sacrificio humano aceito pelo judaismo foi o de Abraào, mas Deus deteve a sua mão.
Não teria sido Jesus antes um contestador politico do dominio romano que um pregador de uma nova ordem religiosa? Pois se ele tivesse sido punido por ser considerado culpado da acusação judaica de blasfemia seria apedrejado até a morte e não crucificado, porque esta era a pena romana aplicada apenas ao crime de sedição.
Por fim, gostaria de ler suas explicações sobre a semelhança entre o cirstianismo e o mitraismo(religião pagã de Roma). Pois o mitraismo era mais antigo do que o cristianismo e nele existiam varias semelhanças com o cristianismo, por exemplo Mitra ( deus pagão), também nascera de uma virgem, em uma suposta gruta e foi presenteado por pastores. Nas celebrações mitraicas acontecia um tipo de "comunhão"tal qual acontece no cristianismo. Também no mitraismo se profetizava acontecimentos apocalípticos, o dia do julgamento e a ressureição do corpo e até mesmo um segundo advento de Mitra.
Agradeço sua possivel resposta, pois embora não concorde com tudo que o senhor escreve, acho suas explicações muito inteligentes.
E acho que é assim que se deve ser, respeitar as diferenças e conhecê-las se possível através de quem as têm como sua verdade, porque a verdade é muito relativa, talvez esse seja o único princípio absoluto.
Obrigado
RESPOSTA

Muito prezado Dr.Giovanni,
Salve Maria!
 
    Obrigado por suas palavras de elogio ao site Montfort.
    A palavra Rabi quer dizer mestre e Nosso senhor era o Mestre por excelência. Por isso, Ele disse aos Apóstolos; "Vós me chamais de Rabi -- de mestre -- e  Eu o sou". Mas Nosso Senhor repreendeu ainda aqueles que desejavam esse título de Mestre.
    O rabinato começou com a instituição da Sinagoga, logo depois do exílio de Babilônia. Os Rabinos se substituíram aos sacerdotes e, de modo geral, difundiram o farisaísmo (Peço-lhe que leia meu trabalho intitulado Escribas, Doutores da Lei e Fariseus,  no site Montfort). Nosso Senhor não estudou em Sinagoga, e não teve o título de rabi dado por uma escola rabínica. Tanto que os judeus se perguntavam de onde tirava Ele a sua sabedoria.
    Nosso Senhor não se casou porque não era conveniente que Deus tivesse filhos naturais, que seriam tidos como divinos. Não se casou também para dar exemplo de celibato, como vida mais perfeita virginal aos Apóstolos e sacerdotes.
    Todas religiões têm a idéia de sacrifício. Os homens sacrificam - dão totalmente - algo a Deus para demonstrar que O reconhecem como soberano e absoluto Senhor de todas as coisas.
    Os judeus davam a Deus em sacrifício o que tinham de melhor: suas reses, pois que eram pastores.
    É certo que Deus é o Senhor da vida. Mas, as religiões pagãs erravam ao fazerem sacrifícios humanos, pois nenhum homem é senhor da vida de outro, e ninguém pode se tirar a vida.
    Por isso Deus não permitiu a consumação do sacrifício de Abraão, que foi apenas um símbolo profético do sacrifício do Calvário. Com efeito, assim como Abraão, pai de Isaac, o fez subir o monte, carregando a madeira do sacrifício às costas, assim também Deus Pai fez Cristo subir o Calvário carregando a cruz às costas.
    No Calvário, Cristo Deus, espontaneamente deu a vida pelos homens. Ele que era A Vida, deu a vida. Ninguém podia tirar a vida de Cristo, pois não é possível tirar a vida à Vida. Ele mesmo disse: Eu sou a Vida. Ninguém pode me tirar a vida. Por isso, no Calvário, Ele "entregou o espírito" quando quis. Ninguém tirou a vida de Cristo. Ele a deu. É o que se chama Mistério da Paixão e Morte de Cristo, mistério que está acima da compreensão humana.
    Cristo não foi um contestador político. Tanto que mandou dar a César o que era de César, e no Evangelho se lê que Ele mandou São Pedro pagar o imposto por Ele e por Pedro. Cristo nunca foi um contestador, mas foi obediente até a morte, e morte de cruz, como escreveu São Paulo. Classificar Cristo como um contestatário é uma blasfêmia e uma calúnia. A blasfêmia é da Teologia da Libertação. A calúnia é do Sinédrio judaico que assim caluniou Cristo diante de Pilatos.
    As religiões pagãs são diabólicas e é natural que o demônio procure macaquear a Deus, inventando caricaturas dos sacramentos..
    Nascer numa gruta era muito comum naqueles tempos pois que muitas gente habitava cavernas.  
Por outro lado, os que não crêem em Cristo estão sempre prontos a crer nos mitos pagãos ou nas mentiras e sofisma dos "exegetas"  modernistas.  
 
                                                                                ***
 
    Permita-me dizer-lhe que a verdade não é relativa. Se assim fosse nós nada saberíamos de certo. 
    Verdade é a adequação da idéia do sujeito conhecedor ao objeto conhecido.
    O único lugar onde a verdade é relativa é o hospício. E o século XX e XXI se tornaram grandes hospícios onde cada um pensa o que quiser.
    Não sejamos loucos.
    Além da verdade natural objetiva, existe a Verdade asoluta que e Cristo que afirmou ; "Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida". "Ego sum Via , Veritas, Vita".
     Sobre a verdade e sua objetividade, já escrevi muitas cartas no site Montfort. Peço-lhe que as consulte, por favor.
   
    Por fim, permita-me agradecer seus elogios ao que escrevo.
    Creio bem que o senhor foi bem sincero dizendo o que disse.
    Logo, se eu o chamasse de mentiroso, estaria ofendendo o senhor e lhe fazendo uma injustiça.
    O senhor quis me dizer a verdade do pensa sobre o que escrevo. Logo, a verdade existe e não é relativa.
    Um grande abraço amigo.
    Verdadeiramente amigo. E não relativamente amigo.
   
In Corde Jesu, semper,
    Orlando Fedeli