Defesa da Fé

Paulinismo
PERGUNTA
Nome:
Paulo
Enviada em:
07/03/2003
Local:
Brasília - DF,
Idade:
45 anos



Antes de mais nada gostaria de parabeniza-los pelos excelentes artigos, inclusive a seção Perguntas & Respostas que considero sensacional e, até mesmo, hilariante em algumas respostas dadas.

Bem, apesar de não ser católico e nem protestante, tento ser cristão. Digo tento ser porque, dentro das minhas limitações culturais/filosóficas/doutrinárias, ser cristão é muito difícil, pois perdoar 70 x 7, dar a outra face e não desejar ao próximo aquilo que não desejamos para nós, só para citar alguns principios critãos, é realmente penoso.

Mas mesmo assim tento, pois reconheço que o cristianismo coloca nas mãos do homem a responsabilidade pelos seus atos. E eu acredito nisso. Gosto disso.

Então eu continuo tentando, procurando ter estes princípios sempre em mente e me esforçando para olhar o meu semelhante como o meu companheiro de caminhada e não como um inimigo.

Bem, mas vamos ao que interessa.

Tenho pouquíssimo conhecimento sobre as histórias das igrejas católica e protestante, mas sei que houve, ao longo dos séculos, alguns momentos que denegriram a imagem de ambas e que tais fatos foram motivados, geralmente, por questões econômicas, políticas e perpetuação do poder.

Bem, há algum tempo li uma matéria que citava Paulo como o responsável pelo primeiro ato que denegriu o cristianismo, que a tal história do encontro na estrada de Damasco não passou de encenação para convencer os crentes, que ele adulterou o cristianismo, sendo o mentor da igreja como a vemos hoje, que ele acabou com o cristianismo primitivo e criou o que se pode chamar de paulinismo, uma espécie de manipulação da crença dos primeiros cristãos de modo a moldar e conduzir tal fé em beneficio das classes dominantes.

Não tenho nenhuma opinião formada sobre o assunto, e nem tenho conhecimento para formar tal opinião, por isso gostaria de conhecer a visão que a igreja católica tem sobre o assunto.

Quero deixar bem claro que não quero ofender e nem denegrir a imagem da igreja, apenas gostaria de saber mais sobre o assunto.

Não procurei obter tal informação de alguém ligado a igreja protestante porque se ser cristão já é dificil, para manter contato com os protestantes tem-se que ser santo e ter um elevadíssimo grau de tolerância e paciência. Coisa que definitivamente não tenho.

Grato,

Paulo Roberto

RESPOSTA
Prezado Paulo Roberto, salve Maria.

Agradeço seus comentários, e estimo que até se divirta com algumas das cartas do site Montfort.

Fico contente com a sua sinceridade, e mais ainda com o seu bom desejo de lutar contra suas falhas, tentando por em prática os princípios do Cristianismo. Se você me permitir, quero ajudá-lo nessa sua luta, com dois conselhos:

1) É um erro pensar que podemos vencer nossas dificuldades sem recorrer a Deus. Recomendo-lhe que diga a Nossa Senhora que você tem pouco "vinho", e que pede a Ela que rogue a Jesus, como em Caná, que transforme a "água" de sua alma em vinho excelente.

2) Ninguém se salva sozinho.

Uma brasa fora da fogueira se apaga e vira carvão. Recolocada na fogueira, acende-se com facilidade, fica brilhante e dá calor.

Por isso lhe ofereço a nossa amizade (minha e de meus alunos) e mesmo, para estudar em nossa companhia -- se você nos honrar assim -- para que, juntando nossas poucas forças, sejamos capazes, Deus ajudando, de produzir uma boa labareda em nossas almas.

Quanto ao que você me pergunta de São Paulo, é fácil responder-lhe.

Se se recusa o que diz a Sagrada Escritura, quando ela conta o milagre da conversão de São Paulo -- seu padroeiro -- dever-se-ia então recusar a Bíblia enquanto tal, pois que, se ela mentiu num ponto, ela não é de Deus. Logicamente, se deveria recusar toda a a Escritura.

São Paulo não mudou a doutrina de Cristo, pois está dito que, depois que se converteu, ele subiu a Jerusalém ver a Pedro para conferir o seu evangelho com o de Pedro (Epístola aos Gálatas , I , 18). E São Pedro ficou preso com São Paulo na mesma cadeia, a Mamertina, morrendo mártir no mesmo dia que São Pedro, pela mesma fé.

Não é preciso desculpar-se por sua pergunta. Sua boa intenção transparece a cada linha de sua carta.

In Corde Jesu, semper, e bem contente por sua missiva,
Orlando Fedeli.