Ciência e Fé

Evolucionismo: dogma científico ou tese teosófica?
Fedeli, Vanini, Almeida

Orlando Fedeli
Fábio Vanini, biólogo
Marina Marques Vanini, doutoranda em Biologia
Dr. Daniel Almeida de Oliveira, Médico


"Quant à la réalité de l'évolution organique, ma croyance est inébranlable... Il n'en est pas moins vrai que les explications classiques de la genèse des espèces sont loin de contenter tous les esprits. Pour ma part, je les tiens toutes pour des contes de fées à l'usage des adultes... Il faut avoir le courage de reconnaître que nous ignorons tout de ce mécanisme"
(Jean Rostand, Ce Que Je Crois, Grasset, Paris, 1953).

 

["Quanto à realidade da evolução orgânica, minha crença é inabalável. Não deixa de ser verdade que as explicações clássicas da gênese das espécies estão longe de contentar todos os espíritos. De minha parte eu considero toda como contos de fadas para uso de adultos.... é preciso ter a coragem de reconhecer que nós ignoramos tudo sobre esse mecanismo"]
(Jean Rostand, O que creio, Grasset, Paris, 1953)
(Jean Rostand foi Prêmio Nobel de Medicina e defensor do evolucionismo)

 


   

I - EVOLUCIONISMO E RELIGIÃO
          1 - Evolucionsimo e relativismo
          2 - Evolucionsimo: o conceito e sua origem
          3 - Evolucionsimo - panteísmo e gnose
          4 - Evolucionsimo e filosofia
          5 - Darwinismo e marxismo
          6 - Evolucionsimo e nazismo
          7 - O evolucionismo atual e as filosofias dialéticas
          8 - Evolucionsimo e misticismo gnóstico

II - EVOLUÇÃO E METAFÍSICA
          1 - O problema da origem da vida
          2 - Evolução e princípios do ser
          3 - Evolucionismo e analogia do ser
          4 - Evolucionismo e causa final
          5 - O problema das espécies e os universais
          6 - Evolucionismo e causalidade

III - EVOLUÇÃO DA TEORIA EVOLUCIONISTA
          1 - Introdução
          2 - O lamarcksimo
          3 - O darwinismo
          4 - O neo-darwinismo, ou evolucionismo sintético
          5 - Escola evolucionista do "equilíbrio pontuado"

IV - O EVOLUCIONISMO É CIENTÍFICO? 
          1 - Fraudes, contradições, afirmações gratuitas dos evolucionistas
          2 - Opiniões de cientistas contra a teoria evolucionista
          3 - A origem da vida - tentativas maquinistas para produzir vida

V - FÓSSEIS
          1 - Introdução
          2 - Micro-organismos
          3 - O aparecimento dos insetos
          4 - Invertebrados e vertebrados
          5 - A transição dos peixes aos anfíbios
          6 - Dos anfíbios aos répteis e mamíferos
          7 - O problema dos mamíferos marinhos
          8 - Os dedos dos cavalos e a evolução
          9 - Os roedores
          10 - Seres mamíferos e seres alados
          11 - A origem dos seres alados
          12 - Origem das aves
          13 - Dinossauros

VI - ORIGEM DO HOMEM
          1 - Introdução
          2 - Fraudes evolucionistas
             a) O “Homem” de Java
             b) O “Homem” de Piltdown
             c) O “Homem” de Nebraska
             d) O “Homem” de Pequim
             e) A mandíbula infantil de Ehringsdorf
          3 - Pretensos ancestrais do Homem
             a) O Ramapithecus
             b) Os Australopithecus
             c) “Lucy”
             d) O Crânio 1470 do Homem do lago Turkana
          4 - Fósseis humanos autênticos

VII - EVOLUÇÃO E FÉ
          1 - O Problema da Evolução para a Fé
          2 - Eva


 

I - EVOLUCIONISMO E RELIGIÃO
 

 

I.1 - EVOLUCIONISMO E RELATIVISMO

O evolucionismo é um dos "dogmas" da mentalidade moderna.

Ele extrapolou o campo puramente biológico, e é aplicado a tudo: nada mais é considerado estável, pois que se crê que tudo evolui. Neste sentido, a crença no evolucionismo pode ser apontada como uma das causas do relativismo triunfante em nossos dias. Não haveria nenhum valor absoluto. Nem verdade, nem moral, nem beleza, nem religião, nem dogmas, nada teria estabilidade, pois que tudo estaria sob a lei da evolução, esta sim, tomada como sendo absoluta.

Portanto, o evolucionismo atual é mais do que uma teoria biológica: é um princípio absoluto -- um dogma religioso-- de uma metafísica relativista. E eis aí uma contradição sintomática e reveladora: o relativismo fundamenta-se num princípio absoluto!

A amplitude atribuída ao evolucionismo é de tal porte metafísico que -- como não podia deixar de ser --- alcança a esfera religiosa: o próprio Deus é considerado como um eterno devir, e não como o Ser imutável, "Aquele que é" (Ex. III, 12).

O Padre Teilhard de Chardin -- que Stephan Jay Gould julga ter sido o principal responsável pela famosa fraude do Homem de Piltdown (Cfr. JAY GOULD, Stephen, A Conjuração de Piltdown, in A Galinha e seus Dentes, ed. Paz e Terra, São Paulo, 1992, pp. 201 a 226, e, do mesmo autor, O Polegar do Panda, Martins Fontes, S. Paulo, pp. 95 a 109) -- declarou:

"A evolução é uma teoria, um sistema, ou uma hipótese?"

"É muito mais do que isso. É uma condição geral à qual se devem dobrar todas as teorias, todas as hipóteses, todos os sistemas; uma condição a que devem satisfação doravante para que possam ser tomadas em consideração e para que possam ser certas". (TEILHARD de CHARDIN, O fenômeno Humano, p. 245).

Julian Huxley, por sua vez, mostra como o dogma da evolução se impõe como o fundamento da moderna religião relativista:

"No tipo de pensamento evolucionista, não há lugar para seres sobrenaturais (espirituais) capazes de afetar o curso dos acontecimentos humanos, nem há necessidade deles. A terra não foi criada. Formou-se por evolução. O corpo humano, a mente, a alma, e tudo o que se produziu, incluindo as leis, a moral, as religiões, os deuses, etc., é inteiramente resultado da evolução, mediante a seleção natural". (Cfr. HUXLEY,J. Evolution after Darwin, p. 246, apud OSSANDÒN VALDÈS, Juan Carlos, En torno al concepto de evolución, artigo na revista Philosophica, de Santiago do Chile, Suplemento doutrinário da revista Jesus Christus, número 50, de Buenos Aires).

Cremos que estas afirmações de Teilhard de Chardin e de Huxley sejam suficientes - além do exame do que ocorre hoje - para confirmar o que dissemos acima: o evolucionismo é o dogma fundamental do relativismo moderno.

Hoje, esse dogma é impingido por repetição contínua e por embebimento a todos, já que toda a sociedade o respira continuamente.

No artigo do professor Ossandón Valdés, encontramos uma citação de J.C. Mansfield na qual ele pede que:

"os estudantes secundários sejam embebidos do pensamento da evolução de tal modo que se acostumem a tudo pensar em termos de processo, e não em termos de situação estática".

Evidentemente é o que se tem praticado em escala mundial, para criar nos jovens uma mentalidade relativista.

 

 

I.2 - EVOLUCIONISMO: O CONCEITO E SUA ORIGEM

Evoluir é termo que provem do latim evolvere que significa desenvolver algo que estava envolvido. Evoluir é fazer desabrochar o que já existia potencialmente em algo.

Por evolucionismo entende-se a doutrina que afirma que os seres vivos provieram da matéria inorgânica, e que das plantas se originaram os animais, e, por fim, dos animais teria provindo o homem. Sempre, pois, do menos teria vindo o mais, do inferior, por desabrochamento, teria vindo o superior.

 

 

Conforme os cientistas presentes ao Congresso de Chicago, em 1959, a fim de comemorar o centenário da obra de Darwin, evolução teria a seguinte conceituação:

"A evolução pode definir-se, em termos gerais, como um processo unidirecional e irreversível que, no transcurso do tempo, gera novidade, diversidade e níveis de organização mais elevados". (Apud OSSANDÒN VALDÈS, art. cit. p. 7).

Essa conceituação é bem diversa daquela que tinha Darwin, pois não faz qualquer referência à seleção natural. Voltaremos ao tema, mais adiante.

Atualmente, são consideradas diversas definições como “mudança de freqüência gênica”, “mudança harmônica”, “descendência modificada”, etc. Evita-se tratar a evolução como um desenvolvimento em forma de linha genealógica, o que daria logo uma idéia de progresso. Como os cientistas não consideram, pelo menos academicamente, evolução como “progresso” dos seres, utiliza-se a idéia de árvore filogenética, com ramos que derivam de ancestrais comuns. Porém, em princípio, recai exatamente sobre o mesmo fundamento.

 

Embora o termo evolução esteja, hoje, estreitamente ligado a Darwin, não foi ele o seu inventor.

Na Antigüidade, a filosofia de Heráclito -- tipicamente gnóstica -- já negava a existência de sujeito nas mudanças, afirmando que a única realidade era o mudar, o vir-a-ser.

Na Stoa, Zenon e seus discípulos defendiam, eles também, a ilusão da realidade do mundo material visível.

Todas as seitas gnósticas de todos os tempos acreditavam que a divindade era um perpétuo fluir, e que, por isso, toda realidade era mutável. Para os gnósticos o Deus que se apresentou a Moisés -- o Deus que se dizia imutável -- era o demiurgo criador do mundo material e do mal. Esse Demiurgo mau seria o defensor de falsos valores imutáveis.

Nos séculos XVII e XVIII, com o recrudescer do gnosticismo, que se alimentou no cabalismo gnóstico de Jacob Boehme, espalhou-se nos meios místicos e esotéricos, a idéia de evolução universal. Para essas seitas cabalistas e gnósticas, o processo de auto-manifestação de Deus incluiria não só o universo, mas também a História.

"Hoje, quando há uma discussão apaixonada sobre o evolucionismo soteriológico do Padre Teilhard de Chardin, é preciso lembrar que o termo evolução não foi inicialmente introduzido pelos sábios das ciências naturais do século XIX em torno de Charles Darwin, mas que o termo foi utilizado, como termo teológico e soteriológico, pelos teósofos do século XVIII. Assim, ele foi adotado pelos filósofos do idealismo alemão Hegel, Schelling, Baader, como termo soteriológico, para descrever o processo teogônico, no qual Deus manifesta a si mesmo tanto no universo como na soteriologia "a fim de que Deus seja tudo em todos" (I Cor. XV,28). Este versículo de São Paulo que é tantas vezes citado por Teilhard de Chardin, é o versículo favorito de Schelling, de Baader e, antes deles, de Oetinger. Foi Baader quem publicou um escrito sobre "O Evolucionismo e o Revolucionismo, ou sobre a evolução positiva e negativa da vida em geral e da vida social em particular" nos Anais da Baviera, 1834, nº 28, p. 219-224 e nº. 62, p. 483-490". (BENZ, Ernst, Les sources mystiques de la philosophie romantique allemande, Vrin, Paris, 1968, p. 58).

Curiosamente, hoje, o dogma da evolução é aceito por quase todos sem qualquer exame mais profundo. No meio estudantil, é geral a aceitação de que o homem tem origem simiesca, ou de um ancestral comum do macaco e do homem. Entretanto, ninguém se pergunta que animal irá ser gerado pelo homem no futuro. Pois se a evolução é lei geral e fundamental da natureza, ela fará o homem evoluir para um estágio que estará para o homem, assim como este está para o macaco.

Noutros termos, deveria surgir um super-homem.

Essa questão, por cogitar da possibilidade de existência de uma raça superior, põe em evidência a relação do evolucionismo com o nazismo, e por isso quase ninguém a aborda. Por que se deixa de mostrar que o evolucionismo foi uma das raízes ideológicas do sistema assassino do nazismo?

 

 

I.3 - EVOLUCIONISMO - PANTEÍSMO E GNOSE

Também se evita reconhecer que a pretensa origem simiesca do homem não responde à questão fundamental posta pela teoria da evolução: de onde veio o universo?

A negação de que o homem foi criado por Deus traz embutida a negação de criação do universo. Se o homem tem origem animal, de onde veio vida, e de onde veio a matéria prima do universo?

O universo sempre existiu e sempre existirá? A matéria é eterna? A matéria é infinita? A matéria é onipotente? A matéria é Deus?

Um evolucionismo coerente desemboca necessariamente no panteísmo, pois que deve admitir que a matéria sempre existiu, portanto, que ela é eterna, infinita e onipotente. O que significa dar à matéria as qualidades próprias de Deus. Quanto ao ateísmo - inclusive o de Darwin - ele só mascara um panteísmo subjacente. O ateu é um panteísta que não ousa confessar que se crê o próprio Deus.

Se o evolucionismo negar a divindade da matéria universal, necessariamente, então, deverá cair na Gnose, isto é, se não aceitar que a matéria é divina, terá que admitir que, no interior dela, reside, ou melhor, que nela está preso um espírito que, através da evolução, busca libertar-se da prisão da matéria, o que é a substância do pensamento gnóstico.

Entre o Panteísmo e a Gnose, os evolucionistas têm oscilado, mas, em ambos os casos, o evolucionismo cai sempre num problema religioso.

De qualquer modo, ainda que muitos evolucionistas superficiais não se dêem conta do problema, ele existe: o evolucionismo biológico serve apenas de biombo tático, para um sistema mais do que metafísico, para um sistema religioso.

Desse questionamento religioso profundo escondido no bojo das teorias evolucionistas é que provém o "fervor" de adesão às teses evolucionistas, e, por vezes, a fúria de que são tomados os evolucionistas, quando se questiona o dogma-tabu do darwinismo.

E esta adesão incondicional a um "dogma" indemonstrado que explica porque a teoria da evolução é aquela que conta em sua história com o maior número de fraudes e escândalos na história da ciência. Veremos, mais adiante, algumas das fraudes perpetradas por cientistas famosos para "arranjar" a prova da evolução que eles não encontraram na natureza. Ora, bastaria conhecer que uma teoria tentou ser comprovada fraudulentamente, para que se desconfiasse dela. Com o evolucionismo essa regra não é aplicada. Apesar de essa teoria ter tido mais fraudes do que provas, ela continua a ser apresentada como verdadeira, a ponto de, recentemente, o próprio Papa João Paulo II tê-la defendido como verossímil senão como certa (João Paulo II, discurso à Academia Pontifícia de Ciências, 1997).

Também é interessante notar como termos religiosos são comuns nos textos dos defensores da evolução. Veja-se, por exemplo, como o famoso evolucionista Stephan Jay Gould fala em "ortodoxia" e em "apostasia", em "heresia", em "dogma", em "devotamento", etc. ao tratar da adesão, desvio ou repúdio da teoria da evolução (Cfr. Stephan Jay Gould, O Polegar do Panda, ed cit. pp. 167-168-169).

Paul Lemoine escreveu:

"A evolução é uma espécie de dogma, no qual seus sacerdotes já não crêem mais, porém eles o mantém para o povo: é preciso ter coragem para dizer isto a fim de que os homens da futura geração orientem suas pesquisas de outro modo" (Encyclopédie Française, Tomo V, p. 5-82-3, 5-82-8, 1938, apud P. TROADEC, op. cit. p. 37).

Jean Rostand tem a mesma posição religiosa face à evolução, quando afirma:

"Creio firmemente... que os mamíferos procedem dos lagartos, e os lagartos dos peixes, porém, prefiro deixar no vago a origem destas escandalosas metamorfoses a acrescentar à sua inverosimilhança a de uma interpretação ilusória" (Apud Ossandón Valdés, op. cit. p. 15).

Para Rostand, o evolucionismo é mais religioso do que científico, porque: "deliberadamente deixa sem resposta a formidável questão da origem da vida e...só propõe soluções ilusórias ao problema, não menos formidável, das transformações evolutivas". "Estamos ainda esperando uma sugestão suficiente a respeito das causas das transformações das espécies"..."Quando falamos de evolução supomos a existência de uma natureza imaginária, dotada de poderes radicalmente diferentes de tudo o que nos é conhecido cientificamente" (Jean Rostand, apud G. Salet, citado por Ossandón Valdés, op. cit. p. 15).

Errol White, especialista de biologia aquática, escreveu:

“Nós ainda ignoramos o mecanismo da evolução apesar da super confiança alardeada em alguns setores, e provavelmente nem faremos posteriores progressos neste ponto, por meio dos clássicos métodos da Paleontologia e da Biologia; e certamente não avançaremos no assunto saltando para cima e para baixo e gritando: “Darwin é Deus, e eu, Fulano de Tal, sou o seu profeta” (Cfr. Duane T. Gish, “Evolution: the Challenge of the Fossil Record, Creation-Life Publishers, El Cajon, 7a. ed. 1992, p. 68).

Lynn Margulis, professora emérita de Biologia da Universidade de Massassuchets considera que, a História acabará por considerar o Neo-darwinismo como “uma pequena seita religiosa do século XX, dentro da fé religiosa geral da biologia anglo-saxônica” (C. Mann, “Lynn Margulis,: Science’s Unruly Earth Mother”, In Science, 1991, n. 252, pp 378-381, apud Michael Behe, “A Caixa Preta de Darwin” Jorge Zahar Editor, Rio de Janeiro, 1996, p. 35).

Outros autores conhecidos como defensores do evolucionismo admitem que o darwinismo não é científico, ou ainda que o evolucionismo é mais uma fé do que uma ciência.

Assim N. Macbeth, diz textualmente "O Darwinismo não é ciência" in American Biology Teacher Novembro de 1976, p, 496, apud Duane T. Gish, op. cit.,p.14).

L. Harrison Matthews, geólogo evolucionista, confessa:

"O fato de que a evolução é a espinha dorsal da Biologia e que a Biologia está então na posição particular de uma ciência fundamentada numa teoria não comprovada, -- é ela então uma ciência ou uma fé? Crer na evolução é então o paralelo exato do crer numa especial criação -- ambos são conceitos cujos crentes crêem como verdade, mas que nem um nem outros, até o presente, foi ca0az de provar" (L.H. Matthews, Introdução para a "The Origin of Species, de Charles Darwin, Dent and Sons, London, 1971,p. XI, apud Duane T. Gish, op. cit. p. 15).

O evolucionismo é então o dogma central de uma seita de caráter gnóstico, e, como toda seita, ele é intolerante.

Richard Dawkins, cientista ardoroso defensor da evolução, escreveu que os negadores da evolução são “ignorantes, estúpidos ou insanos (ou maus -- mas eu preferiria não considerar essa possibilidade)” (Apud M. Behe, op cit. p. 251).

John Madox, editor da revista Nature declarou em sua revista: “Talvez não demore muito para a prática da religião ser considerada como anti ciência” (Apud M. Behe, op cit. p. 252) e “Daniel Dennet compara os crentes religiosos -- 90 % da população -- a animais selvagens, que precisam ser enjaulados e diz que devem ser impedidos (através da coerção, presume-se) de informar seus filhos sobre a verdade da evolução, que para ele é tão evidente” (Apud Michael Behe, op. cit. p. 252).

 

I.4 - EVOLUCIONISMO E FILOSOFIA

 

A ingenuidade geométrica de alguns "cientistas" chega ao absurdo de imaginar que o evolucio.ismo darwiniano é um posicionamento puramente científico, sem nenhuma relação com a história, com a filosofia ou com a religião. Eles imaginam que o evolucionismo surgiu apenas, e tão só, dos estudos científicos de Darwin e de seus seguidores, todos hermeticamente isolados em seus laboratórios, profilaticamente preservados de qualquer contágio metafísico ou teológico.

Separando, deste modo, o darwinismo de seu contexto histórico e cultural, eles ficam impossibilitados de ter verdadeira compreensão do problema e de seu significado histórico.

Na verdade, o evolucionismo é um capítulo inserido na História da Filosofia e na História da Religião, no Ocidente. Ele só pode ser verdadeiramente entendido em seu contexto cultural.

“(...) o pensamento evolucionista de Darwin não era uma simples hipótese científica que ocorreu para combater idéias religiosas admitidas em certas questões de fato. Era, antes, o produto e, uma parte essencial, de uma Weltanschauung -- uma visão do mundo -- proximamente ligada à produção da revolução industrial e às revoluções políticas, principalmente à Revolução Francesa, estes grandes acontecimentos históricos desenrolados entre os anos 1776 e 1848”. (Howard E. Gruber, op. cit. p. 47). Portanto, o darwinismo só pode ser entendido como parte de uma “visão do mundo” -- de uma Weltanschauung -- e de uma Weltanschauung revolucionária.

O próprio Darwin, em sua Autobiografia confessa que foi ao ler uma obra de Malthus sobre população que teve a idéia da seleção natural, através da luta pela sobrevivência, a qual faria sempre o mais fraco ser eliminado.

Stephan Jay Gould, defensor de um evolucionismo reformado, citando os últimos estudos de Howard E. Gruber e Silvan S. Schweber sobre a vida de Darwin mostra como o fundador do evolucionismo moderno não se fundamentou na biologia para estabelecer sua teoria.

"Ao ler o relato pormenorizado de Schweber dos momentos que precederam a formulação da teoria da seleção natural por Darwin, fui particularmente tocado pela ausência de influências decisivas a partir de seu próprio campo, a biologia. Os precursores imediatos foram um cientista social [Comte], um economista [Adam Smith] e um estatístico [Adolph Quetelet]" (S. Jay Gould, O polegar do Panda, p.55).

Jay Gould diz que a obra de Schweber demonstra que "as peças finais [da teoria da evolução de Darwin] não surgiram a partir de novos fatos da história natural, mas das incursões intelectuais de Darwin em campos distantes. Ao ler uma extensa revisão do "Cours de Philosophie positive -- o trabalho mais famoso do filósofo [Sic!] e cientista natural [Sic!] Augusto Comte -- Darwin ficou particularmente impressionado com a insistência do autor em que uma teoria adequada deve ser profética [Sic!] e, no mínimo, potencialmente quantitativa" ( S. Jay Gould, O polegar do panda, p. 55)

"De fato, acredito que a teoria da seleção natural deveria ser vista como uma analogia ampliada - se consciente ou inconsciente da parte de Darwin, não sei -- à economia de do laissez-faire, de Adam Smith" (Jay Gould, op. cit. p. 55).

E mais:

"A teoria da seleção natural constitui uma transferência criativa, para a biologia, do argumento básico de Adam Smith a favor de uma economia racional: o equilíbrio e a ordem da natureza não surgem de um controle externo mais elevado (divino) ou da existência de leis operando diretamente sobre o todo, mas sim a partir da luta entre indivíduos pelos seus próprios benefícios" (em termos modernos, pela transmissão de seus genes a gerações futuras através do êxito diferencial na reprodução). (Jay Gould, op. cit. p. 56).

Jay Gould procura minimizar a surpresa -- ou o espanto gerado por sua afirmativa -- de que a teoria da evolução não se fundamentou, inicialmente, em descobertas biológicas, dizendo:

"Muitas pessoas se sentem perturbadas ao ouvir um tal argumento: não compromete a integridade da ciência o fato de algumas de suas conclusões primárias se originarem, por analogias, da política e da cultura contemporâneas, em vez de se basearem nos dados da própria disciplina" (Jay Gould, op. cit. p. 56).

Tais fatos são comprometedores, sim, na medida em que o evolucionismo tem sido sistematicamente apresentado como uma teoria puramente científica e biológica, quando, na verdade, não é.

 

I.5 - DARWINISMO E MARXISMO

 

Se a teoria da evolução darwinista teve origem em leituras filosóficas e econômicas de Darwin, seus efeitos só poderiam agradar ao materialismo marxista.

Com efeito, "Marx foi um grande admirador de Darwin" (Jay Gould, op. cit. p.57).

Quando a ”Origem das Espécies” apareceu, Marx e Engels, estes apóstolos do mundo como fluxo, saudaram-no entusiasticamente. Em 1860, Marx escreveu para Engels: “Embora desenvolvido em cru estilo inglês, este é o livro que contém a base de nossas percepções em História Natural" (Howard E. Gruber, Darwin on Man, The University Chicago Press1981, p.71).

Marx escreveu:

"É notável como Darwin reconhece, entre animais e plantas, sua sociedade inglesa, com as divisões de trabalho, a competição, a abertura de novos mercados, a "invenção" e a malthusiana "luta pela sobrevivência". É o bellum omnium contra omnes (a guerra de todos contra todos) de Hobbes" (Marx, apud Jay Gould, op. cit. p.56-57). E com a eliminação do mais fraco. Portanto, justificando a lei do mais forte, para a vida humana.

Não há dúvida então de que a doutrina evolucionista é uma doutrina capitalista...apreciada, ontem, por Marx, hoje, pelos marxistas.

Marx quis até dedicar o segundo volume de "Das Kapital" para Darwin, tanto ele o admirava. Foi Darwin quem pediu a Marx que não o fizesse (Cfr. H. E. Gruber, op. cit., p. 72 e Gérard Bonnot, O que restou do Darwinismo, entrevista com Jacques Ruffié, autor do livro Traité du Vivant, in O Estado de São Paulo, 9 de maio de 1982).

Pierre Thuillier, em seu livro Darwin et Cie. descobre o ideólogo escondido no cientista:

"Ele [Darwin] havia decidido antes mesmo de ter interpretado suas famosas observações, que devia formular uma explicação global mecanicista". "Darwin era um militante do ateísmo e do materialismo que tomava muito cuidado em esconder suas verdadeiras motivações sob as aparências de um procedimento científico rigoroso. "Devo evitar mostrar a que ponto creio no materialismo, escreve ele". (Artigo A nossa origem: uma antiga e apaixonada discussão - L'Express, in O Estado de São Paulo - Jornal da Tarde, Caderno de Leituras, 13 de fevereiro de 1982).

Talvez tenha sido então para ocultar seu ativismo materialista e seu ateísmo que Darwin não aceitou a homenagem de Marx com a dedicatória de O Capital.

Gilles Lapouge tira a mesma conclusão a respeito de Darwin e de sua obra:

"Darwin deseja fazer crer que ele é um escravo da ciência (...) Ele dissimula que, na realidade, partiu de uma ideologia e organizou suas observações no arquivo teórico, ideológico que tinha em mente".(...)

(...)"Devemos acrescentar o seguinte: como toda grande ofensiva da ciência, a teoria da evolução está duplamente envolvida em ideologia. Por um lado, o próprio Darwin confessa que a sua visão materialista precedeu a coleta dos fatos. Por outro, porque há cem anos o darwinismo alimenta outras teorias, outras ideologias que extraem do darwinismo justificativas para sua filosofia ou metafísica". (G. Lapouge, Darwin e a evolução, artigo in Cultura, Suplemento de O Estado de São Paulo, ano II nº. 95, 4 de abril de 1982).

Richard Dawkins, cientista evolucionista intransigente, fez uma declaração que vale como uma confissão. Disse ele que Darwin tornou possível ao homem ser um “ateu intelectualmente realizado” (Apud M. Behe, op. cit. p. 252).

Um outro célebre evolucionista, Richard Lewontin, confessou: Nós ficamos do lado da ciência, apesar do patente absurdo de algumas de suas construções, apesar de seu fracasso para cumprir muitas de suas extravagantes promessas em relação à saúde e à vida, apesar da tolerância da comunidade científica em prol de teorias certamente não comprovadas, porque nós temos um compromisso prévio, um compromisso com o materialismo. Não é que os métodos e instituições da ciência de algum modo compelem-nos a aceitar uma explicação material dos fenômenos do mundo, mas, ao contrário, somos forçados por nossa prévia adesão à concepção materialista do universo a criar um aparato de investigação e um conjunto de conceitos que produzam explicações materialistas, não importa quão contraditórias, quão enganosas e quão mitificadas para os não iniciados. Além disso, para nós o materialismo é absoluto; não podemos permitir que o 'Pé Divino' entre por nossa porta." (New York Reviews of Books, 1987). (destaques nossos)

A estreita ligação de evolucionismo com o marxismo é comprovada pelo que conta Monsenhor O'Hara, Bispo de Yuanling, na China. Conforme o testemunho desse Prelado, quando o chamado Exército de Libertação comunista de Mao Tsé Tung entrava numa localidade, toda a população era constrangida a participar de um curso de propaganda e doutrinação, e, a primeira lição não era sobre a doutrina de Karl Marx, mas sim sobre o evolucionismo, tentando-se convencer o povo de que o homem veio do macaco. (Apud Patrick Troadec, L'Évolucionisme, apostila francesa, p. 2).

Está claro, então, que o evolucionismo não teve origem científica e sim ideológica e religiosa.

Por isso, o evolucionista Y. Delage declarou:

"ESTOU ABSOLUTAMENTE CONVENCIDO QUE SE É OU NÃO TRANSFORMISTA, NÃO POR RAZÕES TIRADAS DA HISTÓRIA NATURAL, MAS EM RAZÃO DE SUAS OPINIÕES FILOSÓFICAS" (Apud Patrick TROADEC, L'Évolucionisme, p. 2).

O evolucionismo não nasce de uma pesquisa científica imparcial, e sim de um ateísmo anterior que pretende, mais do que provar a evolução, negar que houve um Criador. O evolucionismo é fruto necessário do ateísmo. É o que confessam vários de seus paladinos.

Caullery, em seu livro Le point de l'évolution, afirma, sem rodeios:

"Sim, as espécies atuais são estáveis, mas elas nem sempre o foram, senão seria preciso recorrer a um Criador para explicar a aparição dos seres vivos. Ora, o criacionismo é anti-científico. Portanto, a transformação das espécies é um fato" (Apud P. Troadec, op. cit. p.28).

 

I.6 - EVOLUCIONISMO E NAZISMO

 

Entretanto convém mostrar algo mais: a ligação entre o evolucionismo de Darwin e outras criminosas teorias racistas que o adotaram, principalmente a doutrina nazista.

É verdadeiramente chocante verificar como as evidentes implicações racistas das teorias de Darwin não são percebidas pelos atuais defensores do evolucionismo, e como eles recusam admitir a evidência, quando esta lhes é mostrada. O comportamento de certos darwinistas -- negando o óbvio - é muito semelhante ao de certos sectários quando postos face a uma contradição deles com o próprio texto bíblico, no qual eles dizem se basear. É atitude típica de fanatismo: negar a evidência dos fatos, ou recusar tirar uma conclusão óbvia de um raciocínio certo.

A doutrina darwinista submetia a evolução à lei da sobrevivência do mais apto. As espécies lutariam entre si, e as mais fracas, ou as menos aptas, pereceriam. "A essência do darwinismo reside numa única frase: a seleção natural é a força criativa principal da mudança evolutiva" (Jay Gould, op. cit. p.171).

Mais adiante analisaremos mais a fundo este principio darwinista. Por ora, queremos apenas retirar dele as evidentes implicações racistas nele embutidas.

Se é a vitória do mais apto que garante o prosseguimento da evolução, é claro que essa lei universal deve ser aplicada também dentro de cada espécie. As várias raças de uma espécie também estariam submetidas à lei da sobrevivência, e a raça mais apta deveria eliminar as mais fracas, para que a espécie tenha mais possibilidade de se aperfeiçoar e de sobreviver.

A teoria de Darwin pressupõe uma desigualdade das raças e uma luta entre elas para eliminar as que seriam inferiores.

Alguém poderia alegar não haver provas de que Darwin pensasse assim, e que ele teria repudiado o racismo. O que se discute não é a possível reação de Darwin ante o nazismo, que aconteceria muitas décadas após sua morte. O que procuramos fazer ver é que o evolucionismo traz, em seu bojo, as sementes das leis racistas de Hitler.

"O próprio Darwin (...) fala de raças humanas "inferiores" e acredita, segundo a expressão de Thuillier, na "existência de uma hierarquia absoluta da humanidade" (L'Express, artigo A nossa origem: uma antiga e apaixonada discussão, in Jornal da Tarde - Caderno de Programas e Leituras, 13 de fevereiro de 1982).

Diz Gilles Lapouge:

"Na verdade, Darwin traz em si boa parte das teorias racistas, se bem que ele tenha sido completamente avesso a qualquer espécie de racismo" "O darwinismo, há um século, serve de justificativa teórica a muitos pensamentos racistas e elitistas" (G. Lapouge, Darwin e a evolução, Cultura, nº 95, O Estado de São Paulo, 4 de abril de 1982).

O próprio primo de Darwin -- Galton, que era biólogo -- propôs que a ciência assumisse o papel que a natureza desempenha na evolução, selecionando os elementos mais dotados. Ele queria que a sociedade, através da aplicação de métodos científicos, fizesse "com previdência, rapidez e benevolência, aquilo que a natureza faz cega, lenta e impiedosamente". (Apud G. Lapouge, art. cit.).

Galton já propunha - com base no darwinismo - os criminosos métodos nazistas.

"Outro caso ilustra os venenos camuflados no seio do darwinismo. É o de Konrad Lorenz, prêmio Nobel, e merecidamente considerado um dos grandes etnólogos da modernidade. Ora, Lorenz, que apela constantemente a Darwin, foi um defensor da seleção artificial e dos ideais racistas sob Hitler. Em 1940, bem jovem ainda, ele publica um artigo incrível que fala de seleção, de pureza racial e até mesmo de eliminação dos seres moralmente inferiores(...) Ele pretende, justamente graças ao darwinismo, estender ao homem as leis do reino animal, o que faria da biologia a única verdadeira ciência do homem, uma ciência ao mesmo tempo moral, política, etc." (G. Lapouge, art. cit. ).

Outro exemplo de darwinista racista, dado por Lapouge, é o de MacFarlane Burnett, que ganhou um prêmio Nobel em 1960. Ele defende a tese de que os progressos da medicina impedem a natureza de selecionar as espécies e os elementos, permitindo a sobrevivência dos fracos. Também acusa o espírito democrático de impedir a eliminação dos inferiores.

Lapouge cita o seguinte texto de MacFarlane Burnett:

"Podemos calcular, explica ele, que, desde a evolução dos primatas até o final do período dos caçadores coletores, quase 90% dos descendentes gerados morriam antes de atingir a idade da reprodução. Ao contrário, nas sociedades ocidentais, as crianças não morrem muito mais. Apenas 5% das crianças, uma verdadeira miséria, morrem. Esta súbita retração da função de triagem própria da seleção natural deve levar a um acúmulo de indivíduos que podemos chamar inferiores de acordo com as normas correntes relativas à saúde, inteligência e agressividade". (MacFarlane Buttler, apud G. Lapouge, art. cit.).

MacFarlane Buttler constatando que,

"é provavelmente impossível, hoje, utilizar um meio legal para matar visando a proteção de uma sociedade"

conclui que "O internamento perpétuo, seja numa prisão, seja num hospital" seria o meio mais apropriado para impedir o crescimento do número de indivíduos inferiores. (Cfr. G. Lapouge, art. cit.).

Sabe-se, também, que o eugenismo, bastante difundido no início do século XX, dava suporte “científico” às milhares de esterilizações em massa, na Europa e Estados Unidos, entre loucos, doentes e indigentes. Ao todo, foram 375.000 esterilizações na alemanha nazista, e – pasmem – 30.000 nos Estados Unidos, entre 1927 e 1972 (Razón y revolución: Filosofía marxista y ciencia moderna; A. Woods & T. Grant, fundação F. Engels, 1995). Um dos seus maiores advogados foi o conceituado Ronald Fisher, cientista inglês de fundamental importância para as teorias selecionistas do início do século XX.

 

Até parece um pesadelo! A que conseqüências absurdas conduz o darwinismo! Pelos frutos se conhece a árvore. Pelos absurdos conseqüentes, se compreende o erro do princípio.

Mas por que não se divulgam amplamente essas conseqüências, que manifestam o que estava oculto na semente plantada por Darwin?

 

I.7 - O EVOLUCIONISMO ATUAL E AS FILOSOFIAS DIALÉTICAS

 

A seleção natural, motor da evolução, também tem fundamento filosófico. Jay Gould mostra que Darwin, ao aceitar os pressupostos filosóficos em seu tempo, adotou o princípio de que "natura non fac saltum", o que o levou a afirmar que a evolução é lenta e passa, de etapa em etapa, até a formação de uma nova espécie. Ora, é universalmente aceito, hoje, que isto é falso, pois no registro fóssil não se encontram vestígios dessa evolução lenta. Quanto mais ela fosse lenta e quanto mais tempo ela durasse, mais se encontrariam fósseis intermediários entre duas espécies. E isso não se dá!

Por isso, Jay Gould diz que precisou recorrer a um outro modelo filosófico para justificar a evolução repentina de uma espécie para outra, como ele a expõe na sua hipótese de "evolução pontuada".

E a que filosofia recorreu Jay Gould? À filosofia dialética de Hegel e Marx!

Vejamos o que diz o líder do evolucionismo de nossos dias.

"O registro fóssil não oferecia qualquer apoio à mudança gradual: faunas inteiras tinham sido erradicadas durante intervalos de tempo extremamente curtos. As novas espécies apareceram no registro fóssil quase sempre de maneira abrupta, sem elos intermediários aos antepassados nas rochas mais velhas da mesma região" Jay Gould, O polegar do panda, p. 161; o sublinhado é nosso).

"A extrema raridade das formas de transição no registro fóssil permanece como "segredo do negócio" da paleontologia. As árvores genealógicas que adornam nossos manuais têm dados apenas nas pontas e nos nós dos seus ramos; o resto, por mais razoável que seja, é inferência, e não evidência de fósseis. No entanto, Darwin aferrou-se tanto ao gradualismo, que comprometeu toda a sua teoria (...)" (Jay Gould, op. cit. p. 163).

"Se o gradualismo é mais um produto do pensamento ocidental do que um fato da natureza, então deveríamos considerar filosofias alternativas de mudança para ampliar o nosso universo de preconceitos constrangedores. Na União Soviética, por exemplo, os cientistas são treinados numa filosofia da mudança muito diferente -- as denominadas "leis dialéticas", reformuladas por Engels a partir da filosofia de Hegel. As leis dialéticas são explicitamente pontuativas; falam, por exemplo, da "transformação da quantidade em qualidade". Isso pode parecer um pouco sem sentido, mas sugere que a mudança ocorre em saltos largos, que se seguem a uma lenta acumulação de tensões a que um sistema resiste até alcançar o ponto de ruptura. Aqueçam a água e ela acabará fervendo. Oprimam os operários cada vez mais e provocarão a revolução. Elredge e eu ficamos fascinados ao saber que muitos paleontólogos russos defendem um modelo semelhante ao nosso equilíbrio pontuado" (Jay Gould, op. cit.. p. 166).

São muito importantes esses textos de Jay Gould pelas confissões que contém, além de comprovarem a facilidade com que cientistas de alto nível podem incorrer em erros filosóficos grosseiros. Por exemplo, a água aquecida não "evolui" para vapor d'água. Vapor de água continua sendo substancialmente água, enquanto a evolução supõe uma mudança de espécie, isto é, de forma substancial.

E também não é verdade que a opressão crescente produzirá necessariamente a revolução: os operários foram tremendamente oprimidos pelo nazismo e pelo comunismo stalinista, e não se revoltaram. Pelo contrário, muitos continuaram apoiando Hitler e Stalin até o fim. A massa ama os tiranos e Nero, Mao e Pol Pot foram adorados...

Como se vê, Jay Gould confessa ter adotado a dialética marxista como instrumento útil para confirmar suas teses evolucionistas.

 

I.8 - EVOLUCIONISMO E MISTICISMO GNÓSTICO

A confissão de Jay Gould de que só se salva o evolucionismo pela adoção de um modelo filosófico hegeliano e marxista, isto é, adotando um pensamento dialético, lança, mais ainda, a doutrina evolucionista na esfera da Gnose.

Com efeito, a Gnose é essencialmente dialética. Sua primeira lei é a da igualdade dos contrários. Para a Gnose, o ser evolui constantemente porque seria constituído de princípios contrários e iguais.

Aliás a dialética de Engels e Marx é derivada de Hegel. Este, por sua vez, confessa que a herdou de Jacob Boehme, o qual se inspirou na Cabala, que segundo Gerschom Scholem é a Gnose judaica (Cfr. Gerschom Scholem, A Mística Judaica (Major Trends in Jewish Mysticism), Perspectiva, São Paulo, 1972, p.).

Duas foram as fontes da filosofia dialética de Hegel, ambas de caráter gnóstico: Mestre Eckhart e Jacob Boehme.

"Hegel foi adepto de Boehme desde a sua juventude, e várias vezes o elogiou em suas obras e em suas cartas" (Ernst Benz, op. cit. p. 20).

"Hegel descobriu a base de sua interpretação idealista da realidade nas especulações de mestre Eckhart, nas quais seu amigo (o teósofo) Baader o tinha iniciado" (E. Benz, op. cit. p. 14).

Conta-nos Baader: "Em Berlim, freqüentemente eu estava em companhia de Hegel. Um dia, em 1824, eu li para ele textos de Mestre Eckhart, do qual, até então, ele conhecia só de nome. Ele ficou tão entusiasmado que ele deu, noutro dia, toda uma conferência sobre Mestre Eckhart diante de mim, e que ele terminou com estas palavras:

"Da haben wir es ja, was wir wollen" "Eis aí exatamente o que nós queremos, eis o conjunto de nossas idéias, de nossas intenções" (E. Benz, op. cit. p.12)

"Hegel introduzido pessoalmente nas idéias de Mestre Eckhart por seu amigo Baader, encontrou nele a constatação e a confirmação de sua própria filosofia do espírito (...) ele achou em Mestre Eckhart a forma antecipada e mesmo acabada da especulação metafísica nova de seu tempo" (E. Benz, op. cit. p.12).

Mestre Eckhart e Jacob Boehme tinham uma metafísica dialética que Hegel adotou e que o marxismo seguiu. Jay Gould nos informa que a teoria do evolucionismo só pode ser salva pela dialética de Hegel e Marx. Com isto ele confirma que o evolucionismo só é aceitável e possível com uma visão dialética e gnóstica do universo.

 

 

 

 

 


 

 

 

II - EVOLUÇÃO E METAFÍSICA

 

II.1 - O PROBLEMA DA ORIGEM DA VIDA

 

O que é a vida e qual a sua origem são dois problemas que, escapando do puro campo biológico, se estendem para a Metafísica e a Teologia. Não é de espantar, pois, que as discussões sobre o Evolucionismo resvalem sempre para o terreno religioso.

No mundo, a grande distinção é entre seres racionais e seres puramente materiais.

Acontece, porém, que mesmo entre os seres puramente materiais aparece a vida, e que o homem, embora dotado de alma racional, espiritual portanto, tem também um corpo animal. Daí nascem alguns problemas importantes. Eis alguns:

1- Que é a vida vegetal e que é a vida animal?

2 - Teriam elas origem puramente material?

3 - Haveria no vegetal e no animal um princípio vital que não fosse estritamente material?

4 - A solução dessas questões, que problemas traria para explicar o que é o homem?

 

Com a decadência da Filosofia Escolástica, no final da Idade Média, duas tendências se tornaram marcantes:

1a. - Corrente Materialista - Tendo raízes na Filosofia Nominalista de Ockham, o materialismo adquiriu, posteriormente, múltiplas formas. Em todas, procurava-se dar aos problemas metafísicos uma solução de caráter racionalista, cientificista, mecanicista e materialista. Não é à toa que Ronaldo Fisher, em seu livro The Genetical Theory of Natural Selection, defende o filósofo nominalista (Oxford: Clarendon Press, 1930; New York: Dover Pubns., 1958).

 

2a - Corrente Gnóstica - Em direta oposição ao materialismo, desenvolveu-se uma corrente cujas origens remontam a Eckhart e ao misticismo das seitas medievais, e que, rejeitando total ou parcialmente a matéria, afirmam um dualismo que dá valor e realidade apenas ao espírito. De fundo platônico e gnóstico, multiplicaram-se as seitas secretas esotéricas, desde que se perdeu a segurança da Escolástica e a submissão à Igreja e à primazia da Fé. Estas seitas, em geral, eram anti-racionais, anti-científicas, mágicas, e contrárias à matéria que consideravam prisão do espírito e produto do Deus do mal.

Com relação ao problema da origem da vida a corrente materialista dizia que a causa da vida era totalmente material. A simples ordenação da matéria teria o poder de gerar a vida. De modo geral, as correntes evolucionista se filiam ao materialismo.

Em oposição a corrente espiritualista e gnóstica afirma que a vida é a manifestação de um espírito divino imerso na matéria e que procura se libertar. As seitas alquímicas estão neste último caso.

A posição de Teilhard de Chardin procura conciliar as duas correntes, embora seu pensamento seja tipicamente gnóstico.

Quer a explicação mecanicista da vida adotada pela corrente materialista, quer a concepção vitalista e espiritualista da vida, da corrente gnóstica, se opõe à concepção católica e à Escolástica.

Por reação ao mecanicismo materialista, alguns néo- escolásticos acabaram - por equívoco - tendendo a dar uma solução de tons vitalistas ao problema da vida vegetal e animal.

Para São Tomás, a vida vegetal e animal corresponde à forma substancial material da planta e do animal. A doutrina hilemorfista de Aristóteles e São Tomás afirma que em todo ser material há uma composição de matéria e forma substancial. Nos vegetais e animais, a matéria é ordenada potencialmente a ter vida vegetal ou animal, que lhes é dada pela sua forma substancial material. Assim, a vida de uma planta ou de um animal corresponde à sua forma substancial. O morrer do animal e da planta é a perda de sua forma animal ou vegetal, apenas isso. Na planta e no animal não há então nenhum princípio vital extrínseco à matéria.

O problema é como se dá a constituição do ser vegetal e do animal pela atualização da potencialidade da matéria a ter vida. Em outras palavras, como a potência da matéria a ter vida é atualizada por sua forma, sem a qual ela não é nem vegetal nem animal. É claro que a pura potência não existe, e, portanto não existe a pura matéria enquanto só potência. A matéria do vegetal e do animal é a mesma matéria mineral, isto é, é uma matéria que tem já matéria e forma mineral.

Como então a matéria mineral passa a ser vegetal?

Para os mecanicistas, a matéria mineral, simplesmente por sua ordenação se transforma em vegetal, isto é, torna-se matéria viva.

Para os vitalistas, o vegetal só se torna tal pela inclusão nele, a partir do exterior, de um “espírito” ou princípio vital.

Para a filosofia escolástica, nem o mecanicismo, nem o vitalismo correspondem à verdade. A matéria mineral se torna vegetal pela assunção de uma nova forma. Assim como a madeira é tal por sua forma substancial, e passa a ser cinza, mudando de forma substancial pela ação do fogo, assim também a matéria puramente mineral se torna vegetal, e portanto viva, por uma mudança de forma substancial.

Entretanto, resta responder uma questão crucial: o que faz a matéria mineral mudar para a forma substancial vegetal?

Na doutrina aristotélica-tomista, nada passa de potência para ato de per si. Todo movimento exige que o ser em potência para uma qualidade receba essa mesma qualidade de outro ser que já a possua em ato.

Tendo a matéria mineral a potência de se tornar viva pela assunção de uma nova forma substancial, é necessário que essa forma seja dada - pelo menos inicialmente - por outro ser que não seja a pura matéria mineral que, estando em potência para a vida não pode tê-la atualmente.

De fato, no Gênesis se lê que, a princípio Deus disse: “Produza a terra erva verde e que dê semente e árvores frutíferas que dêem fruto segundo a sua espécie, cuja semente esteja nelas mesmas para se reproduzirem sobre a terra" (Gen, I, 11). E ainda: “Produzam as águas répteis animados e viventes e aves que voem sobre a terra debaixo do firmamento do céu. Deus criou os grandes peixes e todos os animais que tem vida e movimento, os quais foram produzidos pelas águas segundo a sua espécie, e todas as aves, segundo a sua espécie” (Gen, I, 20-21).

No texto do Gênesis está dito que Deus usou a terra e as águas como matéria, e sua ordem infundiu na matéria a forma vegetal ou animal. De passagem, convém notar que o texto do Gênesis afirma que cada planta e animal foi criado capaz de dar fruto “segundo a sua espécie”, e que esta expressão é dez vezes repetida no primeiro capítulo do Gênesis.

Concluindo, a vida vegetal e a vida animal não são nem o resultado de uma ordenação mecânica, nem a inserção de não se sabe bem que espírito vital neles, mas simplesmente a forma substancial vegetal (puramente material) da planta, e a forma substancial animal (puramente material) do animal.

 

 

II.2 - EVOLUÇÃO E PRINCÍPIOS DO SER

 

O bom senso e a metafísica ensinam:

1. Que o ser é idêntico a si mesmo. (Princípio de identidade). Pão é pão. Pedra é pedra.

2. Que uma coisa não pode ser e não ser, ao mesmo tempo, sob o mesmo aspecto. (Princípio de não-contradição).

Estes dois princípios são decorrentes da própria noção do Ser Absoluto, Deus.

Com efeito, conforme demonstram Aristóteles e São Tomás de Aquino, repugna à perfeição do Ser absoluto a possibilidade de mudança. O Ser perfeito não pode nem se tornar mais perfeito, nem decair de perfeição. Deus, sendo puro Ato, sem nenhuma potência, é incapaz de qualquer mudança.

Mudar é passar de potência de uma qualidade para a realização ou posse dessa qualidade. Deus não tem potência passiva. Logo, Deus não pode mudar.

E é impressionante constatar que, aquilo que Aristóteles concluiu com seu raciocínio, Deus já o dissera nas Sagradas Escrituras.

Assim, quando Moisés perguntou a Deus qual era o seu nome, Deus lhe respondeu:

"EGO SUM QUI SUM" ["Eu sou o que sou"] (Ex. III, 14). Deus é Aquele que não muda.

Isto foi confirmado por Deus em outras passagens:

"Ego enim Dominus et non mutor" ["Eu sou o Senhor e não mudo"] (Mal..III, 6).

"Non est Deus quasi homo, ut mentiatur: Nec ut filius homini, ut muetur" ["Deus não é como o homem, capaz de mentir; nem como o filho do homem capaz de mudar"] (Num. XXIII, 19).

Então, o Ser por excelência é imutável.

Face ao Ser absoluto, só há duas visões possíveis:

1a. -- ou se admite o que Ele é, como Ele é;

2a. -- ou se O nega, afirmando que Ele não existe (ateísmo) e que só existe a mudança (Gnose).

Os seres criados são seres por analogia com relação ao Ser absoluto. Todo ser criado tem qualidades em ato e qualidades que pode vir a ter, que estão em potência.

Mudança ou movimento é a passagem de potência para uma qualidade para a posse daquela mesma qualidade. Mudar é passar de potência para ato, com relação a uma determinada qualidade.

Todo ser criado muda.

Se se nega que os seres contingentes mudam, então se os iguala a Deus, caindo no panteísmo. Foi este o erro de Parmênides, ao não distinguir os seres pelo princípio da analogia, e afirmando então que só existe o Ser absoluto, imutável. Ao cair nesse erro, ele identificava o ser da pedra com o ser divino, e tinha, então, que negar a evidência das mudanças.

Heráclito caiu no erro oposto ao afirmar que só havia a mudança sem que existisse um sujeito que mudava. Deste modo, Heráclito negava o ser e caia na Gnose.

Os seres criados são análogos, isto é, semelhantes ao Ser absoluto. Nos seres por analogia, algo não muda e algo muda.

Cada ser análogo é o que é, por sua forma substancial.

Também a forma substancial é capaz de mudanças: a madeira queimada se torna cinza. Mas ela não pode ser madeira e cinza ao mesmo tempo. Nem é capaz de mudar por si mesma. Para mudar, ela tem que receber a qualidade para a qual está em potência, de outro ser, que tenha aquela qualidade em ato.

Para o evolucionismo, tal não acontece.

O ser teria, em si mesmo, uma força imanente que o levaria necessariamente a fazer desabrochar o que nele já existia em estado latente.

O primeiro e único ser seria como uma semente da qual desabrochou todo o universo.

Como afirma a dialética hegeliana, o ser é o que não é, e não é o que ele é.

É a negação, per diametrum, do "Ego sum qui sum " da Escritura.

 

 

II.3 - EVOLUCIONISMO E ANALOGIA DO SER

 

Vimos que há uma estreita relação entre o evolucionismo e uma concepção ou monista-panteísta do ser, ou uma visão gnóstico-dialética do universo. De qualquer modo, o evolucionismo afirma um igualitarismo metafísico: no fundo, todas as coisas seriam transformações de um único ser, ou material ou espiritual. Em ambas as variantes -- panteísta ou gnóstica - se nega que o universo tenha sido criado por um Deus transcendente.

Por outro lado, a afirmação de que tudo, no fundo, é uma só realidade, redunda numa negação da analogia do ser.

Com efeito, no universo constatamos uma hierarquia metafísica.

Tudo o que existe é ser, mas não é ser do mesmo modo. O conceito de ser não é nem unívoco, nem equívoco, mas análogo.

Assim, o pé de uma cadeira, o pé de um animal e o pé humano têm algo em comum: todos sustentam algo. Entretanto, o pé da cadeira só é "pé" na medida em sustenta a cadeira, do mesmo modo que o pé sustenta o corpo humano. O pé da cadeira nem tem vida, nem tem as qualidades múltiplas de um pé de verdade. O "pé" da cadeira só é "pé" por comparação, por analogia com o pé humano.

O "pé" de um animal se parece mais com o pé humano, porque tem vida e mais outras funções semelhantes às do pé humano. Em razão daquilo que ele difere de um pé humano é que se lhe dá o nome de pata, e não de pé. Pé verdadeiro, é só o do homem. Pé da cadeira e pé de animal são pés por analogia ou semelhança com o pé humano.

Do mesmo modo, tudo o que existe é ser. Porém, as coisas que encontramos no universo apenas têm o ser. Não são o Ser.

Ser, em sentido próprio e absoluto, é aquilo que existe por si mesmo, que é imutável, eterno e infinito. Em sentido estrito, só Deus é Ser. As coisas que Deus criou são semelhantes a Ele em graus diversos. Na medida em que uma coisa possui qualidades em ato, nessa mesma medida se parece com o Ser e é ser.

Assim as coisas puramente materiais têm a menor analogia com o Ser absoluto, e são, pois, o menor grau de ser possível. Já os vegetais, além de existirem, têm vida. No homem, a forma racional o torna uma imagem de Deus, e, por isso, o ser humano é muito mais semelhante ao Criador. Os anjos, por fim, sendo puros espíritos, se parecem mais com Deus do que o homem. Há, pois, uma escala metafísica no universo, cada reino transcendendo o inferior, do mesmo modo - não no mesmo grau -- que Deus transcende o universo criado.

Para o evolucionismo, não existiria realmente uma hierarquia metafísica, pois o que é hoje uma pedra, com o tempo e graças à evolução tornar-se-á, ser vivo, ser racional, e - nem todos eles o dizem explicitamente como o faz Teilhard de Chardin - finalmente se tornará Deus.

O evolucionismo supõe - e por vezes prega -- que há um verdadeiro monismo metafísico. E é esta concepção monista e igualitária do ser que revela seu fundo religioso. Quando o evolucionista considera que só existe a matéria em perpétua e infinita evolução, ele se filia ao monismo panteísta. Quando o evolucionismo considera que a realidade última das coisas não é a matéria, mas sim um espírito aprisionado nela e que tenta se libertar dela através da evolução, ele é uma expressão da gnose em roupagem "científica". De qualquer modo, o evolucionismo é a expressão de uma concepção igualitária do ser, negando a analogia do ser, assim como qualquer transcendência.

 

 

II.4 - EVOLUCIONISMO E CAUSA FINAL

 

O evolucionismo contraria o principio de finalidade. Todas as coisas existentes tem uma finalidade. Ora, os seres racionais tem uma finalidade intencionalmente. Ao contrário do homem, que conhece seus fins e os busca voluntariamente, os seres irracionais atuam cegamente. Cada um deles busca seu fim sem conhecê-lo. Assim, uma flecha, de per si, é incapaz de buscar o alvo. Para buscá-lo, ela precisa ser dirigida. As bolas do jogo de bilhar só batem umas nas outras, visando o encaçapamento de uma delas, porque alguém inteligente lhes dá direção e força. Elas precisam de um agente intencional.

Sendo assim, não se explica a imensa ordem do mundo não racional em busca de um fim, se não existisse um agente inteligente que direcionou toda a ordem universal, visando um fim último.

Este argumento teleológico - que é a quinta via de São Tomás provando a existência de Deus, foi desenvolvido por vários pensadores, com variações de exemplos, no decorrer da História.

Se uma nave interplanetária descesse em outro planeta e lá encontrasse uma simples flecha, todos os evolucionistas clamariam - e com razão - que essa flecha provaria a existência de vida inteligente fora da terra. Com razão, sim, porque seria impossível a flecha ter se constituído sem a ação de um ser inteligente.

Ora, o que os evolucionistas estariam aplicando, nesse caso, seria o conhecido argumento do relógio e do relojoeiro. Se existe relógio, tem que ter existido um relojoeiro que o construiu.

Assim também, se existe ordem no universo é porque existe um Ordenador sapientíssimo que estabeleceu essa ordem.

Michael Behe, em seu muito bom livro “A Caixa Preta de Darwin” que já citamos, faz inúmeras aplicações desse mesmo princípio de finalidade.

Conforme esse autor, nenhum sistema irredutível poderia evoluir. Ele chama de sistema irredutível todo aquele que é constituído de múltiplas partes, todas absolutamente necessárias para que o sistema alcance seu objetivo.

Bem didaticamente ele expõe este princípio com o exemplo bem simples de uma ratoeira, cujos componentes são todos absolutamente necessários para que ela alcance sua finalidade. Uma ratoeira jamais poderia evoluir, porque, faltando ou não estando plenamente realizadas as suas partes ela seria absolutamente inútil.

Do mesmo modo, explica Michael Behe, o olho humano, uma célula, um simples cílio celular, são sistemas irredutíveis extremamente complexos, nos quais a falta de qualquer elemento constituinte, ou o não desenvolvimento completo das partes constituintes, tornaria o sistema completamente frustro e incapaz de existir, e, portanto, incapaz de atingir o fim para o qual ele existe. Logo, conclui, Behe, a macro evolução é impossível e jamais se deu. (Cfr. Michael Behe, A Caixa Preta de Darwin, Zahar, Rio, 1996)

 

 

II.5 - O PROBLEMA DAS ESPÉCIES E OS UNIVERSAIS

 

Darwin deu à sua obra mais importante o título de "A Origem das espécies". Ele pretendia explicar qual a "origem" das espécies, isto é qual teria sido a causa eficiente do surgimento das espécies. Ele não o fez. Porque dizer que o homem vem do macaco, por evolução, não responde, mas apenas desloca o problema, no tempo. E o macaco, de onde veio? E o primeiro ser?

Darwin queria negar Deus e, logicamente, só podia transferir para a matéria bruta a eternidade, a infinitude e a omnipotência ativa, próprias de Deus. Ele só podia substituir Deus pela matéria, caindo no Panteísmo, caso afirmasse que a própria matéria tinha as qualidades de Deus; ou na Gnose, caso afirmasse que na matéria estava aprisionado o espírito divino.

Assim como Darwin não respondeu qual tinha sido, de fato, a origem, isto é, a causa eficiente do universo, assim também ele não definiu o que eram espécies.

A palavra "species", em latim, significa olhar, visão, vulto, figura, e correspondia à idéia platônica de um ser.

Para Aristóteles a "species" era a forma substancial, isto é, aquilo que torna um ser o que ele é. A espécie reúne em seu conceito todos os seres que têm a mesma forma substancial.

No fundo, então, o termo espécie é um universal

Desde final da Idade Média, discutiu-se com ardor se o universal existia ou não.

O gnóstico Mestre Eckhart, renovando a co.cepção platônica, negava qualquer valor ao ser individual, e afirmava que só existia o universal. Para ele, só existiriá a espécie.

Ockham, por seu lado, negava qualquer existência ao universal, defendendo que só existia o ser individual. Para Ockham, não existiriam espécies, sendo o universal um puro nome. Daí sua doutrina ser chamada de nominalismo.

 

"O termo espécie chega, assim, a não ser mais do que uma abstração mental inútil que implica e requer um ato de criação distinto" (Darwin, apud Ossandón Valdés, op. cit. p. 9).

E mais:

"Considero que o termo espécie foi dado arbitrariamente, por motivo de conveniência, para reunir em grupo, indivíduos que se assemelham intimamente entre si". (Darwin, apud Crowson, Darwin y la classificación, citado por Ossandón Valdés, op. cit. p.11).

Deste modo Darwin escreveu um livro -- A Origem das Espécies -- não explicando qual a origem daquilo -- as espécies -- que, segundo ele, não existia.

Os cientistas, hoje, chegaram a identificar mais de 1.000.000 de espécies diferentes, sendo que cerca de 850.000 são de insetos. Entretanto, não chegaram a um acordo sobre o que são espécies. Normalmente, elas são consideradas como "comunidades de reprodução", isto é, os membros de uma espécie só se reproduzem com outros de sua mesma espécie.

Esta conceituação moderna é bastante falha porque, ao levar em conta apenas a questão reprodutiva, e ao deixar de lado os aspectos formais, torna impossível falar de espécie onde não se dá reprodução, o que deixa sem possibilidade de classificação todo o universo unicelular, animal e vegetal.

Há quem afirme que espécie é um conjunto dos seres que tem a mesma origem. Mas, se a evolução fosse um fato, essa conceituação seria falsa, porque, para os evolucionistas, todos os seres vivos teriam uma só origem, e todos formariam então uma só espécie, o que é absurdo.

T. Dobhansky afirma que a única coisa certa é que existem as espécies e que estas são aquelas que o senso comum sempre identificou como tais. Dobhansky admite ainda que as espécies estão separadas entre si por hiatos intransponíveis, ao ponto de não existirem seres intermediários entre elas. Se houvesse seres intermediários entre as espécies, eles não teriam possibilidade de viver (T. Dobhansky, " La idea de espécie después de Darwin, en Barnett et alii, Un siglo después de Darwin, Buenos Aires, 1982, p. 39, apus Ossandón Valdés, op. cit. p. 10).

O próprio Dobzhanski pôe um problema para a teoria: como um processo contínuo, o da Evolução, pode gerar produtos descontínuos? (Organic Diversity. In Genetics and the origin of species, 1937).

Espécies são entidades reais na natureza”, é o que também afirma Eliot Sober (Philosophy of Biology, 1993).

 

É exatamente por isso que jamais se viu surgir uma nova espécie. As atuais são as mesmas do tempo de Aristóteles, tais quais ele as descreveu. Elas não evoluíram.

Haldane, estudando o comprimento dos ossos, chegou à conclusão que nos últimos 10.000 anos não houve evolução. Hudson Hoagland assevera que:

"as partes do cérebro filogeneticamente antigas, em oposição ao neo-córtex, mudaram muito pouco nos últimos 50.000.000 de anos de evolução dos mamíferos" (H. Hoagland, "Biology, brains and insight", apud Ossandón Valdés, op. cit. p. 10).

Ossandón Valdés nos faz ver que o problema dos híbridos põe novas dificuldades para a teoria evolucionista, porque, quando os híbridos são férteis, seus descendentes costumam ter filhotes que retornam a ter as características formais das espécies originais.

 

 

II.6 - EVOLUCIONISMO E CAUSALIDADE

 

O nominalismo de Ockham tinha dificuldade em admitir o princípio de causalidade. O darwinismo, ele também nominalista, acaba tendo graves problemas com a causalidade.

Com efeito, toda causa tem que ser anterior e maior do que seu efeito.

Em que sentido maior?

Nenhum efeito pode ter, em si, algo que não tenha recebido de suas causas.

Assim, uma carga explosiva de potência x não poderá explodir com uma potência maior do que x. Se tenho força 5 em meu braço, não poderei, sozinho, erguer um peso maior do que 5.

Suponhamos que numa geladeira existam abacaxi, banana e cereja. Poderei fazer uma vitamina composta de abacaxi e banana.

ABC > AB.

Isto é possível e lógico. Porque, aí, a causa é maior do que o efeito.

Suponhamos, num segundo caso que se tenha, na geladeira abacaxi, banana e cereja. Seria possível fazer, no liqüidificador, uma vitamina que contivesse abacaxi, banana, cereja, damasco, figo, goiaba, laranja, mexerica, nabo, pitanga, sapoti, vagem e uva?

Evidentemente, não. Porque, aí, a causa é menor do que o efeito.

ABC < ABCDFGLMNPSVU.

Isto é ilógico. É absurdo. É impossível que aconteça, pois, nesse caso, o efeito seria maior do que a causa.

Ora, o evolucionismo afirma que a matéria inorgânica causou a vida vegetal; que do vegetal proveio a vida animal, que é superior à vida vegetal; que da vida animal veio o homem com vida racional.

Mineral < vegetal < animal < homem

Conforme o evolucionismo, o efeito é sempre maior do que a causa. O evolucionismo se encaixa no segundo caso analisado.

O evolucionismo é ilógico, absurdo e metafisicamente impossível.

A doutrina evolucionista contraria o princ&ia#ute;pio de causalidade.

É claro que os evolucionistas só podem fugir desta concepção absurda, se consideram que o primeiro ser a existir, como uma semente, continha em si tudo o que ia ser de0ois desabrochado pela processo evolutivo.

Mas, então, o evolucionismo teria que admitir que esta primitiva semente universal era eterna, infinita e onipotente, isto é, teria que admitir o panteísmo.

O evolucionismo é uma pretensa teoria científica que oculta em seu bojo uma doutrina religiosa.

 


 

 

III - EVOLUÇÃO DA TEORIA EVOLUCIONISTA
 

 

 

III.1 - INTRODUÇÃO - As Escolas Evolucionistas

A Ciência busca o conhecimento das leis naturais. Estas leis são universais e imutáveis. Descoberta uma lei, ela é sempre comprovada por novas experiências. Assim, a descoberta da vacina oral contra o vírus que causa a poliomielite por Sabin permite que sempre essa vacina impeça que alguém seja vitimado pela doença.

Com o evolucionismo tal não se deu e não se dá. Jamais ele foi comprovado por fatos ou por experiências. Pior: ele foi variando sua explicação, à medida que a Ciência progredia e ia refutando os seus erros. A única coisa que o evolucionismo comprovou é que ele é uma teoria em constante evolução. O que não comprova nem seu caráter científico, nem a sua veracidade.

De qualquer modo que se entenda o que é uma espécie, ao afirmar que uma espécie deriva de outra, os evolucionistas tinham que explicar como isso acontecia. Desde o início, houve divergências a respeito disso entre os evolucionistas, dando origem a várias correntes ou escolas.

No decorrer de sua História, o Evolucionismo apresentou as seguintes escolas ou correntes:

1a. -- Escola de Lamarck.

2a. -- Escola de Darwin

3a. -- Escola Néo- Darwinista ou Escola Sintética Moderna

4a. -- Escola do Equilíbrio Pontuado

 

 

III.2 - O LAMARCKISMO

Para Lamarck (1744-1829), os seres vivos derivariam uns dos outros pela obediência a duas leis:

1a. Lei dos caracteres adquiridos.

2a. Lei da influência do meio e do modo de vida

 

Lamarck escreveu duas obras defendendo sua teoria: “Filosofia Zoológica” e “História Natural dos Invertebrados”.

Segundo Lamarck, o ambiente em que vivem os animais e seu modo de vida influiriam neles de modo a adaptá-los cada vez mais e melhor às novas condições. As mudanças paulatinas adquiridas na vida de um animal seriam transmitidas a seus descendentes. É a Lei dos caracteres adquiridos.

Na realidade, para Lamarck, as circunstâncias ambientais serviriam apenas para desencadear forças inerentes a um organismo, para fazê-lo mudar. Por isso, o Lamarckismo merece, de fato, o nome de evolucionismo, pois pretende que princípios inerentes ao ser vivo são os causadores de sua mudança.

Como prova de sua teoria, Lamarck apresentava o fato de existirem, em seres vivos, alguns órgãos atrofiados “por falta de uso”, enquanto outros órgãos se desenvolviam mais pelo uso exagerado deles.

Exemplo típico e famoso dado pela escola Lamarckista como excesso de uso é o do pescoço da girafa. Conforme Lamarck, a girafa, não encontrando alimento suficiente na superfície do solo, começou a procurá-lo no alto das árvores. Para isto, ela foi sendo obrigada a esticar cada vez mais o seu pescoço. Deste modo, seus filhotes começaram a nascer com um pescoço cada vez maior. A pobre da girafa, se tivesse desenvolvido seu enorme pescoço para mais facilmente se alimentar dos mais ternos e altos brotos das árvores, quanto mais crescia o seu pescoço, mais difícil lhe ficava tomar água. Girafal dilema lhe teria sido escolher entre esticar o pescoço para comer, ou encolhê-lo, para mais facilmente beber.

Já Cuvier, ao fazer o elogio fúnebre de Lamarck, ao pé de sua sepultura, enterrou junto com ele a sua teoria, ao assinalar que, se é o exercício contínuo de um órgão o que provoca seu desenvolvimento, como poderia ter ele surgido, se não podia exercitar-se antes de existir? E, se quando está semi-desenvolvido é inapto para exercer funções, para que serviria o novo órgão? Ele seria, nessa fase, mais prejudicial do que útil.

Stephen Jay Gould, por sua vez, nos conta que os avestruzes, ainda dentro dos seus ovos, já apresentam calosidades típicas dos avestruzes adultos, e essas calosidades não surgiram pelo uso (S. Jay Gould, O Polegar do Panda, p. 70)..

E a galinha d’água, que vive há tanto tempo -- senão desde sempre -- nos alagadiços, não desenvolveu uma membrana palmiforme em suas patas. Não se transformou em palmípede, embora isso lhe teria sido muito útil.

É falso, portanto, que a necessidade cria o órgão ou o transforma.

A descoberta do ácido desoxiribonuclêico e da corrente do DNA provou que todos os caracteres são herdados por via genética. Ademais já se sabia que inúmeros caracteres adquiridos durante a vida jamais são herdados. Assim, desde que o mundo é mundo, as mulheres, para gerar, perdem a virgindade, e nem por isso suas filhas deixam de nascer em estado virginal.

Completamente refutado pela Ciência e pela Lógica, a herança dos caracteres adquiridos do Lamarckismo continua a ser citada em certos livros e em certas cátedras, e até, veladamente, por cotados autores.

Por exemplo, conforme os transformistas, o osso articular e o osso quadrado do maxilar dos répteis teria se transformado no martelo e na bigorna do ouvido dos mamíferos.

Ora essa mudança é absurda e impossível pois, durante a evolução de uma situação para outra, o réptil não poderia comer, já que o maxilar não ficaria preso firmemente em nada. E antes de terminar a transformação, o animal seria surdo.

Ainda sobre a adaptação do animal ao meio, há uma caso bem curioso e que fica bem difícil para a teoria evolucionista explicar: o da água dilatar-se, quando congela.

Normalmente, todo corpo aquecido se dilata, e, resfriado, se contrai.

Ora, com a água ocorre algo muito curioso. Quando a água é resfriada, até 4º ela se contrai. Continuando a ser resfriada, entre 4º e 0º ela volta a se dilatar.

Em conseqüência deste fato, quando a água de um lago se congela, dá-se uma dilatação de seu volume, e isto é que permite a flutuação do gelo na água. Entretanto, as camadas mais profundas do lago não conseguem congelar-se, porque ficam sem espaço para dilatação. Por isso, num lago congelado, as camadas mais profundas permanecem sempre a 4º de temperatura e jamais se congelam, o que permite à vida lacustre sobreviver.

Nesse caso, então, não foram os animais e vegetais que se adaptaram ao ambiente. Foi o ambiente que se "adaptou" aos seres vivos, para que eles pudessem sobreviver!

Ora, isto só pode ser explicado por uma Sabedoria superior que ordenou todo o universo e não pelo evolucionismo. A menos que se admita que a matéria é inteligente e a água compreendia que não podia se congelar, senão mataria todos os peixes.

 

 

III.3 - O DARWINISMO

 

Para Darwin, a evolução se teria dado pela seleção natural, através da luta pela existência.

Ao contrário do que afirmava Lamarck, para Darwin, a causa da transformação de uma espécie em outra seria inteiramente extrínseca ao seu organismo. A luta pela sobrevivência é que seria o verdadeiro motor da evolução, permitindo que continuassem a existir apenas as mais aptas. Malthus, Adam Smith e a seleção artificial do gado praticada pelos criadores ingleses é que inspiraram Darwin.

Darwin considerava simplista a explicação de Lamarck, mas ele realmente nunca aprofundou o tema.

"S. A. Barnett o reconhece expressamente em seu volume de homenagem a Darwin: "O próprio Darwin jamais formulou (sua teoria da seleção natural) de um modo logicamente válido" (Ossandón Valdés, op. cit. p. 12).

O que Darwin dizia da seleção natural era uma mera tautologia: a seleção natural só faz sobreviver o mais apto, porque só o mais apto pode sobreviver.

Para Darwin, as espécies sofreriam variações acidentais pequenas que, paulatinamente iam se acumulando, e seriam transmitidas de geração em geração,

Toda seleção importa na adoção de um critério, e todo critério supõe uma mente inteligente que o escolhe e impõe.

A natureza, de per si, não causa uma seleção natural. Haja vista que muitas espécies desapareceram por simples acidentes naturais. Assim, por ocasião das grandes orogenias, muitas espécies desapareceram com a submersão de inteiros continentes e outras desapareceram por elevação dos fundos oceânicos. Hoje, se imagina que a súbita extinção dos dinossauros foi devida a algum fenômeno cataclísmico, e não por seleção paulatina.

Por outro lado, se houvesse seleção do mais apto apenas, com o tempo, haveria uma diminuição do número de espécies, e por fim, restaria só uma, o que não acontece.

Se os homens provém dos macacos por sobrevivência dos mais aptos, como então continuaram a existir macacos? Sendo menos aptos, todos os que não se transformaram em homens deveriam ter desaparecido.

Há macacos ainda, e o evolucionismo, apesar de todas as suas evoluções teoréticas, continua afirmando, ainda hoje, o que desde Darwin não se comprovou.

Aliás, hoje se sabe que as espécies só sobrevivem num ecossistema equilibrado, e que o desaparecimento de uma espécie tende a fazer desaparecer outra espécie que vivia dela.

Além disso, deveria acontecer também uma seleção dentro da espécie, permitindo a sobrevivência apenas da raça mais apta. Com o transcorrer da evolução então, acabaria existindo uma só espécie e uma só raça, o que é um absurdo.

Decougis, em sua obra Le vieillissement des êtres vivants [O envelhecimento dos seres vivos] afirma:

"A Paleontologia nos mostra que as espécies fósseis extintas são, o mais das vezes, espécies gigantes ou, por vezes, anãs, mas preservando sempre traços de degenerescência acromegálica muito acentuados" (Apud Patrick Troadec, op. cit. p. 24).

Galton descobriu que os caracteres selecionados pelos criadores retornam a seu estado primitivo logo que cessa a seleção.

Hugo de Vries concluiu que a seleção só era possível por saltos e não por mudanças lentas e paulatinas como dizia Darwin. E concluiu De Vries que "a seleção não conduz à origem de novas espécies" (Apud Ossandón Valdés, op. cit. p. 13).

O mesmo Ossandón Valdés afirma, em seu estudo, que "interessantes experiências têm demonstrado que a seleção [artificial] tem limites que é impossível ultrapassar, por mais esforços que faça o selecionador. Simplesmente os animais preferem morrer do que continuar a mudar". (Ossandón Valdés, op. cit. p. 12).

Os conhecidos biólogos Kimura e Ohno criticaram muito a evolução com base na seleção natural. Esse dois cientistas insistem que há um conservadorismo das espécies, e, como De Vries e Jay Gould, afirmam que a evolução se faria por saltos.

Se houvesse evolução lenta que transformasse uma espécie em outra, deveriam existir fósseis intermediários entre as espécies. Ora, tais fósseis nunca foram encontrados. Veremos mais adiante, ao estudarmos os fósseis, que jamais foram encontrados os elos perdidos entre duas espécies.

O próprio Darwin se espantava com a estabilidade das espécies que as torna tão bem definidas:

"Por que as espécies são tão bem definidas? Onde estão então as gradações infinitas que minha teoria exige? "

Darwin teve a sinceridade de escrever isto. Os professores secundários atuais -- e mesmo muitos universitários -- garantem a seus alunos e ao mundo, que tais intermediários foram encontrados. Juram que sim

Se a evolução -- como a defendia Darwin -- fosse verdadeira, dever-se-iam encontrar, ainda hoje, espécies em fase de evolução. Tal não ocorre.

Os darwinistas saem-se desta dificuldade dizendo:

1 - a evolução exige longo período de tempo para se realizar;

2 - as condições ambientais atuais, diferentes do passado, não permitem a evolução, hoje.

O que se tem constatado na pesquisa paleontológica é exatamente o oposto do que esperava Darwin e do que diziam seus seguidores iniciais. Não só não foram encontrados fósseis intermediários entre duas espécies, como se acharam espécies que durante os longos períodos em que viveram jamais evoluíram. Os chamados “fósseis vivos” estão nesse caso.

Chamam-se “fósseis vivos” determinados seres dos quais só se haviam encontrado exemplares fósseis, e dos quais, posteriormente, se acharam exemplares vivos e exatamente iguais aos exemplares fósseis de milhões de anos atrás.

Exemplo clássico de fóssil vivo é o celecanto, peixe de que se conhecia apenas o exemplar fossilizado há 300.000.000 de anos. Recentemente, descobriram-se inúmeros celecantos vivos exatamente idênticos aos fósseis. O celecanto atravessara 300.000.000 de anos sem evoluir, embora tenha enfrentado as condições ambientais nas quais se pretendia ter sido possível a evolução.

Há muitos outros casos de animais que atravessaram praticamente toda a história geológica da terra e não evoluíram. A barata está nesse caso. A barata antiga era tão asquerosa quanto a de nossos dias.

Quanto à alegação de que a evolução exige longos períodos de tempo para se realizar, ela vai contra o darwinismo. Se isso fosse verdade, quanto mais tempo uma espécie levasse para se transformar noutra, maior número de exemplares intermediários deveriam ter sido encontrados. Nada disto se achou fossilizado na coluna geológica.

Para explicar o súbito e surpreendente aparecimento de novas espécies nas camadas geológicas, os evolucionistas recorreram a idéia de evolução acelerada. Nas épocas cataclísmicas, nas quais haveria grande possibilidade de uma espécie desaparecer, por um instinto desconhecido e inexplicável, a espécie, para sobreviver, evoluiria rapidamente para outra forma ou espécie diferente, capaz de sobreviver no novo ambiente que iria se formar. Isto era atribuir à espécie ameaçada não só capacidade de mudar, como, mais ainda, capacidade de prever o cataclismo e quais seriam as condições futuras. Realmente quiromântico!

Esta tentativa de explicação ridícula, cai facilmente por terra, porque, se ela fosse verdadeira, deveriam existir inúmeros exemplares de fósseis intermediários entre duas espécies, sucedendo-se em curto espaço de tempo. Ora, isto jamais foi constatado.

Encurralados, os evolucionistas saltaram para outro galho explicativo: a onto-mutação.

Por onto-mutação entendiam que, numa época de perigo, um casal de uma espécie geraria diretamente um exemplar de outra espécie. A tentativa de explicação era tão absurda e tão ridícula que a lógica, o bom senso, assim como as novas descobertas científicas - a do DNA - fizeram-na cair rapidamente no esquecimento.

 

 

III.4 - O NEO-DARWINISMO, OU EVOLUCIONISMO SINTÉTICO

 

O chamado Neo-Darwinismo foi iniciado por Hugo de Vries (1848-1935). Sua tese era que, em determinada raça pura apareceriam mutantes que transmitiriam a seus descendentes seus novos caracteres, surgindo assim novas espécies.

Considerando as descobertas da genética, ficou impossível sustentar a teoria da herança dos caracteres adquiridos. Tudo o que aparece numa espécie está já determinado em sua informação genética.

Ocorre, porém, que podem se dar mutações genéticas espontâneas cujas causas não nos são ainda muito claras. Logo, os evolucionistas recorreram à hipótese de que mutações acidentais se acumulando poderiam ter causado a evolução.

Isto também é impossível.

As mutações são raras. Sua taxa corresponde a 1 por 100.000. A probabilidade de apenas duas mutações atingindo dois caracteres distintos está na proporção de 1 para 10.000.000.000. Uma possibilidade para 10 bilhões! Tais mutações não podem ser dirigidas e, além disso, as mutações são em geral nocivas. Uma taxa de 12 mutações, normalmente, é letal para um organismo.

A baixa taxa de mutação espontânea é decorrente da alta eficácia do sistema de reparos do DNA de que os organismos são dotados. Tais mecanismos de reparo são uma prova de que as mutações são indesejáveis para a espécie, que visa a se manter estável, além de demonstrar uma ordem bastante grande, até mesmo em nível molecular.

Quando o DNA se apresenta danificado por uma mutação, ocorre uma ativação de um elaborado sistema de reparos, composto por uma série de enzimas e mecanismos. Tal sistema está presente desde uma simples bactéria Gram Negativa, como a Escherichia coli, até em mamíferos superiores e no homem. Nessa bactéria citada, há pelo menos cinco mecanismos diferentes de reparação do DNA mutado: o reparo dependente de luz ou fotorreativação, reparo por excisão, reparo de mau pareamento, reparo pós-replicação e sistema de reparo livre de erro (Cf. Simmons. Fundamentos da Genética. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2001, pp. 332-336).

Nos homens, à exceção da fotorreativação (a maioria das células humanas não estão expostas à luz), todos esses mecanismos foram comprovados e houve outros mecanismos próprios da espécie (Cf. Simmons, 2001; Lewontin. Genética Moderna. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2001, pg. 192-197; Bottino. Genética. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1991, pg. 216-219).

 

As mutações não letais constatadas afetam apenas pontos acessórios ou então produzem degenerações, além de, na maior parte das vezes, causarem esterilidade no indivíduo mutado, o que impede a transmissão do caráter mutado.

Apesar disto tudo, e apenas para argumentar, se as mutações tivessem sido as causadoras da evolução de uma espécie para outra, isto teria ocorrido:

a) ou por acaso;

b) ou por erro genético;

c) ou por tentativa, buscando um progresso vital;

d) ou por cálculo inteligente.

Se a evolução tivesse ocorrido simplesmente por acaso, seria inexplicável e absurdo que os milhões de acasos necessários para evoluir da primeira molécula até o homem tivessem produzido uma seqüência tão perfeita e tão sabiamente ordenada para melhor. É contra a inteligência afirmar que milhões de acasos tivessem como resultado uma ordem e uma seqüência tão excelentes.

Também é inadmissível imaginar que milhões de erros genéticos tivessem produzido efeitos cada vez mais complexos, e, ao mesmo tempo, mas cada vez mais ordenados, ainda mais se tivermos em mente o sistema do DNA.

Se a evolução tivesse sido produzida por tentativas de encontrar melhores soluções para adaptações a novos ambientes, a Matemática demonstrou que nem haveria tempo, nem material no universo para possibilitar a realização da evolução por tentativas.

Émile Borel calculou matematicamente o que chamou de limite de impossibilidade quanto à possibilidade de um acontecimento. Assim, ele demonstrou que o limite de impossibilidade cósmica é da ordem de 10 elevado à potência - 200. Isto dá uma possibilidade para seguido de 200 zeros. Desse modo, “acontecimentos notáveis de probabilidade suficientemente fraca, não se produzem”. E esse matemático, na conclusão de seu trabalho diz:

Um acontecimento muito pouco provável não pode se realizar”.

Aplicando essas conclusões de Borel ao campo da Biologia, Georges Salet calculou que para as mutações produzirem um órgão apenas minúsculo, a idade da Terra teria que ser multiplicada por um número indicado por 1 seguido de várias centenas ou milhões de zeros. Isto é, o tempo necessário para que a evolução tivesse se dado por mutações seria superior à idade do universo!.

Para uma simples bactéria produzir, por mutações ao acaso, um metazoário, o limite de impossibilidade seria de longe ultrapassado. Isto é, a bactéria não pode ter produzido o metazoário por mutações ao acaso.

Restaria uma evolução dirigida por cálculo inteligente. Neste caso, ou se admite que a própria matéria bruta é inteligente, e se cai na Gnose, como ocorreu com a doutrina do Padre Teilhard de Chardin, ou se admite uma Inteligência transcendente à matéria, isto é Deus.

Mas, se se tem que admitir que Deus guiou a evolução, todo o evolucionismo materialista cai por terra. E mais. Se se aceita que Deus existe e que Ele guia a evolução, a discussão deixa de ser biológica, para se tornar teológica. Neste caso, não se poderia negar a criação tal qual ela foi revelada nas Sagradas Escrituras.

É claro que o evolucionismo derrotado e em fuga, vai se agarrar ao evolucionismo moderado, isto é aquele que admite a evolução biológica dos primatas, depois de que Deus teria infundido uma alma racional em um macaco, para criar o primeiro homem, Adão.

Este evolucionismo mitigado ou religioso é talvez, e em certo sentido, ainda mais absurdo e contraditório que o evolucionismo materialista. Mas, como sua refutação exige argumentos de outra natureza que a biológica, trataremos disso, mais tarde.

Atualmente, até mesmo cientistas evolucionistas reconhecem que é impossível atribuir às mutações a causa da evolução.

O cientista ateu e evolucionista Jean Rostand afirmou:

“As mutações, que se quer tornar responsáveis pela evolução do mundo vivo, são privações orgânicas, são deficiências, perdas de pigmento ou desdobramentos de órgãos. Elas nada trazem de novo, de original no plano orgânico e funcional, nada que seja o fundamento ou o começo de um novo órgão. Não, eu não posso pensar que o olho, o ouvido e o cérebro se tenham formado desse modo.” ( J. Rostand, apud P. Troadec, op. cit. p.15).

 

 

III.5 - ESCOLA EVOLUCIONISTA DO “EQUILÍBRIO PONTUADO”

 

Constatada a inexistência de fósseis intermediários, Stephen Jay Gould, Nils Elredge e Steven Stanley propuseram a teoria do "equilíbrio pontuado".

Darwin afirmara que a evolução se dera num processo extremamente lento e que exigia a existência de elos intermediários. Era a teoria que recebeu o nome de “gradualismo filético”. Vimos que, tendo em vista as falhas da escola darwiniana, os evolucionistas criaram a teoria do “evolucionismo sintético”. O estudo mais apurado das mutações genéticas comprovou que também o evolucionismo sintético era errado.

Por isso tudo, e levando em conta que a total ausência de elos intermediários entre as várias espécies, no registro fóssil, os cientistas supra citados, por ocasião do centenário de Darwin, em 1960, apresentaram uma nova teoria evolucionista: a do “equilíbrio pontuado”.

Tal teoria parte da constat!ção de que não existem, no registro fóssil, provas de uma evolução lenta de uma espécie para outra. Verifica-se que as novas espécies surgem abruptamente já perfeitamente forma$as e assim permanecem por longos períodos de tempo, na escala dos milhões de anos.. A essa estabilidade das espécies Gold, Elredge e Stanley chamam de “fase de equilíbrio”. É isto que se constata nos fósseis. Então, por uma razão que não se conhece, um pequeno número de exemplares de uma espécie se isola da sua espécie, e, também por razões desconhecidas, rapidamente evolui para uma nova espécie. A evolução teria sido tão rápida que não teria deixado provas fósseis de sua ocorrência. A este período, relativamente curto, de evolução acelerada, eles chamam de “período pontuado”.

A nova teoria evolucionista do “equilíbrio pontuado” é assim inteiramente gratuita: eal não explica porque um grupo se isola, nem diz porque ele evolui, nem porque evolui rapidamente. Deste modo, enquanto o evolucionismo clássico, durante um século, procurou os elos perdidos da evolução, porque somente sua existência comprovaria realmente a teoria evolucionista, agora, a teoria do “equilíbrio pontuado” dá como prova da veracidade da evolução das espécies exatamente a inexistência dos fósseis intermediários entre uma espécie e outra.

Desta forma, o evolucionismo seria certo, porque se encontrariam os elos perdidos. Era só uma questão de tempo e de pesquisa. Agora, o evolucionismo tem que ser aceito, porque os elos perdidos nunca existiram. Mas, o dogma da evolução tem que ser aceito, porque é um dogma.

Verifica-se pois que, na história da teoria da evolução, a única coisa que realmente evolui é a própria teoria. Como os macacos, ela pula de galho em galho...

  


 

 

IV - O EVOLUCIONISMO É CIENTÍFICO?
 

 

 

IV.1 - FRAUDES, CONTRADIÇÕES, AFIRMAÇÕES GRATUITAS DOS EVOLUCIONISTAS

Quando alguém tenta provar algo por meios fraudulentos, isto se constitui numa confissão de que se reconhece que não se tem provas reais daquilo que se quer provar.

Ora, no decorrer de sua história, o Evolucionismo recorreu muitas vezes a falsificações fraudulentas, para convencer a comunidade científica e o público que o homem proveio de um animal inferior e que, portanto, não teria sido criado por Deus. Nunca houve, na História da Ciência, uma teoria que ficou eivada, em sua história, de tantas fraudes quanto o Evolucionismo. Apesar disto, ele continua a ser apresentado como verdadeiro.

Trataremos das fraudes mais famosas praticadas por cientistas famosos, quando analisarmos os fósseis humanos.

As contradições também são muito comuns.

Atualmente, por exemplo, os paleontólogos e os biólogos evolucionistas não entram de acordo a respeito da idade do Homem.

Os paleontólogos atribuem aos fósseis hominídeos ou humanos idades fabulosas que chegam a 3 milhões de anos. Os biólogos são bem mais modestos em suas cifras.

Em 1987, biólogos moleculares americanos, comparando o material genético do lado materno de populações de vários continentes, chegaram à conclusão que todos os homens descendem de uma única mãe. Então teria existido realmente uma “mãe de todos os viventes” humanos, expressão que é designada na Escritura pelo nome de Eva.

Mais importante é a idade que esses biólogos calcularam para o aparecimento dessa mãe única: aproximadamente 200.000 anos.

Esse número provocou enormes protestos dos paleontólogos, pois que ele afirmava implicitamente que todos os fósseis antiquíssimos que tem sido apresentados como antepassados do homem, ou mesmo como homens primitivos, ficavam desqualificados.

Em que Ciência crer? Na Paleontologia ou na Biologia? Dilema angustiante para os que crêem cegamente nas provas da Ciência.

Levando em conta tantas variações, fraudes, contradições e absurdos anti-científicos da História da teoria evolucionista, não é de espantar que Marcel de Corte tenha dito dela:

O Evolucionismo toca os sinos para o funeral da inteligência. A inteligência está em perigo de morte

 

 

IV.2 - OPINIÕES DE CIENTISTAS CONTRA A TEORIA EVOLUCIONISTA

Desde o aparecimento da teoria darwinista, ela suscitou objeções que a ciência tem confirmado.

Em 1871, St George Mivart levantou argumentos que continuam de pé contra o evolucionismo darwinista:

“O que caberia alegar (contra o darwinismo), poderia ser resumido da seguinte forma: que a “seleção natural” é incapaz de explicar os estágios incipientes das estruturas úteis. Que não se harmoniza com a coexistência de estruturas muito semelhantes, de origem diferente. Que há fundamentos para pensar que diferenças específicas podem ser desenvolvidas súbita, e não gradualmente. Que ainda é sustentável a opinião de que as espécies têm limites definidos, embora muito diferentes, para sua variabilidade. Que certas formas transicionais fósseis estão ausentes, quando se poderia esperar que estivessem presentes... Que há numerosos fenômenos notáveis em formas orgânicas sobre os quais a “seleção natural“ pouco tem a dizer” (Apud M. Behe, op. cit. p. 39).

E vários destes argumentos ainda não foram respondidos, e, após um século de pesquisas e de propaganda maciça eles continuam de pé.

Nos últimos tempos, muitos cientistas têm se pronunciado contra a teoria evolucionista, e especialmente contra o Darwinismo. Michael Behe dá muitas citações de cientistas famosos que se mostraram desiludidos com o Darwinismo. Eis algumas dessas citações:

Richard Goldschimidt, famosos geneticista, já na década de 1940 -- portanto bem antes da descoberta do DNA e do desenvolvimento da Bioquímica -- se mostrava desencantado com a teoria evolucionista darwiniana, chegando então a propor a teoria do chamado “monstro esperançoso”: um réptil, por exemplo, poderia ter um ovo do qual teria nascido uma ave. (Cfr, M. Behe, op. cit. p. 35).

O famoso paleontólogo Nils Elredge - fundador com Jay Gould da teoria evolucionista do “equilíbrio pontuado” -- declarou:

“Não é de espantar, que os paleontólogos tenham ignorado a evolução por tanto tempo. Aparentemente, ela jamais ocorre. A coleta cuidadosa de material na face de penhascos mostra oscilações em ziguezague, pequenas, e uma acumulação muito rara de leves mudanças -- no decorrer de milhões de anos, a uma taxa lenta demais para explicar toda a mudança prodigiosa que ocorreu na história evolutiva. Quando vemos o aparecimento de novidades evolutivas, isso ocorre em geral com um estrondo e, não raro, sem nenhuma prova sólida de que os fósseis não evoluíram também em outros lugares! A evolução não pode estar ocorrendo sempre em outros lugares. Ainda assim, foi dessa maneira que o registro fóssil pareceu a mitos desesperados paleontólogos que queriam aprender alguma coisa sobre a evolução“. (M. Behe, op. cit., p. 36).

Dois biólogos ingleses Mae-Wan Ho e Peter Saunders afirmam:

“Passou-se aproximadamente meio século desde a formulação da síntese neo darwiniana. Grande volume de pesquisa foi realizado dentro do paradigma que ela define. Ainda assim, os sucessos da teoria se limitam às minúcias da evolução, tal como a mudança adaptativa da coloração de mariposas, ao mesmo tempo que pouquíssimo tem a dizer sobre as questões que mais nos interessam, como, para começar, de que maneira surgiram as mariposas” (Apud M. Behe, op. cit. p. 37).

O geneticista John McDonald mostra um enigma inexplicável pelo darwinismo:

“Os resultados dos últimos vinte anos de pesquisa sobre a base genética da adaptação levaram-nos a um grande paradoxo darwiniano. Aqueles [genes] que são obviamente variáveis em populações naturais não parecem constituir a base de muitas das grandes mudanças adaptativas, enquanto que aqueles [ genes ] que parecem constituir, de fato, o fundamento de muitas, senão da maioria, das grandes mudanças adaptativas, aparentemente não são variáveis em populações naturais “.

Noutras palavras, os genes que variam, não causam mudanças;

os genes que não variam, causariam adaptações.

Exatamente o oposto que o darwinismo exige!

Jerry Coyne, do Departamento de Ecologia e Evolução da Universidade de Chicago sentencia:

“Concluímos -- inesperadamente -- que há poucas provas que sustentem a teoria neo darwiniana: seus alicerces são fracos, assim como as evidências experimentais que a apoiam” (Apud M. Behe, op. cit. p. 37).

Outro geneticista, John Endler, Da Universidade da Califórnia, afirmou:

“Embora se saiba muita coisa sobre mutação, ela ainda é, na maior parte, uma "caixa preta” no que diz respeito à evolução. Funções bioquímicas novas parecem ser raras na evolução, e a base de sua origem é virtualmente desconhecida” (apud M. Behe, op. cit. p. 38).

Também os mais recentes estudos matemáticos têm se mostrado contrários à teoria evolucionista. Hubert Yockey, teórico da informação, diz que a “informação necessária para iniciar a vida não poderia ter surgido por acaso, e sugere que a vida seja considerada um dado, como a matéria e a energia” (M. Behe, op. cit. p. 38).

Num simpósio de matemáticos e biólogos realizado em 1966 no Wistar Institute de Filadélfia, os matemáticos mostraram que o tempo para que houvesse as mutações necessárias para a formação de um olho era absolutamente insuficiente para que isto se tivesse dado, e concluíram:

“Há uma grande lacuna na teoria neo darwiniana da evolução, e acreditamos que ela é de tal natureza que não possa ser conciliada com a concepção corrente da Biologia” (Apud M. Behe, op cit. p. 38).

Mesmo quem não nega frontalmente o darwinismo, o coloca em dúvida.

Martin Kauffman, do Santa Fe Institute, escreveu:

“Darwin e a evolução nos dominam, quaisquer que sejam as queixas dos cientistas criacionistas. Mas será correta essa tese? Melhor ainda, será adequada? Acredito que não. Não é que Darwin tenha errado, mas sim, compreendido apenas parte da verdade”. (Apud M. Behe, op. cit. p. 38).

É bem difícil entender como Darwin elaborou uma teoria não “correta”, nem “adequada”, e, ao mesmo tempo, que não fosse “errada”. Veja-se nessa declaração o temor de contrariar o evolucionismo, esse ídolo do mundo moderno.

Klaus Dose, ilustre cientista especializado no problema da origem da vida, concluiu:

“Mais de trinta anos de experimentação sobre a origem da vida nos campos da evolução química e molecular levaram a uma percepção mais clara da enormidade do problema de seu aparecimento na Terra, em vez de à sua solução. Atualmente, todas as discussões sobre os principais experimentos e teorias nesse campo terminam em um impasse ou numa confissão de ignorância" ( Apud M. Behe, op. cit. p. 172).

Michael Behe:

“A afirmação da existência da evolução molecular darwiniana é simplesmente bazófia”

Dai, o próprio Michael Behe, ao final de seu livro, concluir que:

“A evolução molecular não se baseia em autoridade científica. Não há publicação na literatura científica -- revistas de prestígio, revistas especializadas ou livros -- que descreva como a evolução molecular de qualquer sistema bioquímico real, complexo, ocorreu ou poderia ter ocorrido. Há afirmações de que tal evolução ocorreu, mas nenhuma delas com base em experimentos ou cálculos pertinentes. Uma vez que ninguém conhece evolução molecular por experiência direta, e também por não haver autoridade sobre a qual fundamentar alegações de conhecimento, podemos dizer com convicção que -- tal como a alegação de que nosso time vencerá o campeonato este ano -- a afirmação da existência da evolução molecular darwiniana é simplesmente bazófia." (M. Behe, op. cit. P. 189).

Foi exatamente após tantos cientistas de renome se declararem cépticos ou contrários à teoria darwinista que João Paulo II afirmou que a evolução deixou de ser uma hipótese para ser uma teoria cientificamente comprovada. “Hoje, quase meio século após a Encíclica [Humani Generis, de Pio XII] novo conhecimento levou ao reconhecimento na teoria da evolução de que ela é mais do que uma hipótese. É, na verdade, notável que esta teoria tem sido progressivamente aceita pelos pesquisadores, seguindo uma série de descobertas em vários campos do conhecimento. A convergência, nem pensada, nem fabricada, desses resultados de trabalho conduzidos independentemente, é, em si mesma, um argumento significativo em favor dessa teoria”. (João Paulo II, Mensagem à Pontifícia Academia de Ciências, 22 / X / 1996).

Curiosamente, no mesmo ano em que Michael Behe publicou seu livro mostrando que geneticistas, bioquímicos, matemáticos, paleontólogos, biólogos, duvidam ou negam o evolucionismo darwinista em nome da Ciência, concluindo que “a evolução molecular darwiniana é uma bazófia”, O Papa João Paulo II declara que as pesquisas científicas mais recentes permitem afirmar que o evolucionismo deixou de ser hipótese para ser teoria cientificamente comprovada...

 

 

IV.3 - A ORIGEM DA VIDA - TENTATIVAS MAQUINISTAS PARA PRODUZIR VIDA

 

Como vimos, não é possível discutir a doutrina evolucionista sem focalizar o problema da origem da vida. Para os evolucionistas, a vida não é um fato que transcenda o puro reino mineral. Defendendo o mais radical igualitarismo metafísico e o "maquinismo", os evolucionistas tem que buscar o surgimento da vida em meras combinações químicas.

Desde os anos 50, a Bioquímica fez enormes progressos. O microscópico eletrônico permitiu grandes avanços no conhecimento do funcionamento e da estrutura celular. Darwin desconhecia completamente o por quê se davam modificações numa espécie, e apesar desse desconhecimento aventou a hipótese da mudança de espécie para outra espécie. Foi só com as sofisticadas técnicas descobertas neste século que se tornou possível examinar o nível básico da vida, e, esse exame desqualificou as pretensas explicações darwinianas.

"Embora a ciência tenha feito enormes progressos na compreensão de como funciona a química da vida, a sofisticação e a complexidade dos sistemas biológicos no nível molecular paralisaram suas tentativas de explicar as origens dos mesmos. Não houve virtualmente tentativa alguma da ciência de explicar a origem de sistemas biomoleculares específicos, complexos, e muito menos qualquer progresso nesse sentido Muitos cientistas afirmaram corajosamente que já tem explicações, ou que as terão mais cedo ou mais tarde, mas nenhum apoio para essas alegações pode ser encontrado na literatura científica. Mais importante ainda, há razões irresistíveis -- baseadas na própria estrutura dos sistemas -- para se pensar que uma explicação darwiniana dos mecanismos da vida será para sempre enganosa" (Michael Behe, op. cit. p. 8).

Na década de 50, na Universidade de Chicago, Stanley L. Miller, jovem de 23 anos, teria conseguido reproduzir em laboratório, as condições existentes na Terra, na época em que teria surgido a vida. Ele colocou num aparelho metano, amônia, hidrogênio e água. A seguir, produziu uma descarga elétrica e calor. Depois de alguns dias, Miller encontrou, em seu aparelho, uma substância avermelhada. Submetendo-a à análise, ele constatou que eram amino-ácidos, isto é, o composto orgânico necessário para formar proteínas, o elemento básico para a vida.

Stanley L. Miller publicou, então, um pequeno artigo de duas páginas, na revista Science, narrando sua experiência.

A repercussão do artigo foi enorme. Dizia-se que ficara comprovado que a vida provinha de puras reações químicas. Miller teria achado a "receita" da origem da vida e de sua "sopa primordial".

Até hoje, nos arraiais suburbanos da ciência e da cultura, continua a ser citada a famosa "sopa primordial" de Stanley Miller, embora há tempos já, ela tenha sido retirada do cardápio científico evolucionista mais desenvolvido. O próprio Stanley Miller -- que se tornara professor de Química, na Universidade da Califórnia, em San Diego, declarou:

"O problema da origem da vida se revelou muito mais difícil do que eu, e muitas outras pessoas, julgávamos" (John Horgan, artigo In the begining..., revista Scientific American, fevereiro de 1991,p. 101).

Em 1953, James D. Watson e Francis H. C. Crick decifraram a estrutura do ácido deoxiribonuclêico (DNA) que fornece as informações para as células "construírem" e organizarem as proteínas

A descoberta de Watson e Crick trouxe problemas para a "sopa primordial" da vida como fora sugerida por Stanley Miller.

Crick e Watson mostraram que as proteínas são formadas de acordo com as instruções codificadas no DNA. Acontece porém que o DNA é incapaz de fazer isto -- inclusive de fazer mais DNA -- sem a ajuda de proteínas catalíticas, ou enzimas. Em suma, proteínas não podem formar proteínas sem DNA, mas nem o DNA se forma sem proteínas. Cai-se então no problema da galinha e do ovo. Sem ovo, não nascem galinhas, mas sem galinha não se tem ovos. Sem proteína, não há DNA, mas sem DNA, não se formam proteínas. Impasse.

Nos anos 80, Thomas R. Cech da Universidade do Colorado, e Sidney Altman da Yale University, tentaram solucionar o problema sugerindo que o RNA teria sido a primeira molécula auto-reprodutora. Só não se tinha ainda mostrado como ela poderia fazer isso sem a ajuda de enzimas. Cech e Altman descobriram então que certos tipos de RNA podiam atuar como suas auto-enzimas Isto lhes valeu o prêmio Nobel de 1989. O RNA servia de gerador e catalisador, ao mesmo tempo.

Novas experiências pareceram comprovar que o RNA estava na origem e na explicação da vida.

Entretanto o entusiasmo evolucionista e ateu teve pouca duração. Outros problemas surgiram.

Como se formou o primeiro RNA? Se ele é uma substância dificilmente produzida em laboratório, com condições ideais, muito mais dificilmente ele seria produzido na natureza.

Como o fósforo -- relativamente raro na natureza como substância -- se tornou um ingrediente tão crucial no RNA e no DNA?

Mais ainda. Sintetizado o RNA ele só é capaz de fazer cópias de si mesmo com uma grande ajuda do cientista. No dizer de um cientista, "o RNA é uma molécula inepta, especialmente se comparada com proteínas" (John Horgan, art cit. p. 103).

Atualmente, os pesquisadores consideram que "uma simples bactéria é tão terrivelmente complicada que, do ponto de vista de um químico é quase impossível imaginar como ela aconteceu" (Harold P. Klein, da Santa Clara University, apud J. Hoargan, art. cit. p. 104).

Por outro lado, é preciso levar em conta com muito cuidado quais teriam sido as condições existentes na Terra, quando a vida teria surgido. ë uma ilusão imaginar que as condições então existentes eram mais ou menos as atuais.

J. William Schopf, da Universidade da Califórnia, em Los Angeles, calculou que os primeiros sinais de vida - provavelmente na forma de algas - teriam surgido há cerca de 3.500.000.000 de anos. Segundo Manfred Schidlowski do Instituto Max Planck de Química de Mainz, haveria evidências de existência de organismos capazes de realizar fotossíntese há 3.800.000.000 de anos. Entretanto, Roger Buck, um paleontólogo australiano julga que os dados que apontam a existência de vida há 3,5 ou 3,8 bilhões de anos são duvidosos, e ele os chama de "dúbio-fósseis". Para Roger Buck que os primeiros fósseis evidenciando clara estrutura celular datam de 3,1 ou 3,2 bilhões de anos.

David J. Stevenson, do Instituto de Tecnologia da Califórnia, e Norman H. Sleep, de Stanford, trabalhando independentemente um do outro, demonstraram que o bombardeio de meteoritos sofrido pela Terra em seus primórdios foi tão intenso e terrível que, o calor produzido pelos impactos poderia vaporizar oceanos e levantariam imensa nuvens de poeira, de tal modo que toda vida incipiente teria sido destruída, especialmente a vida que dependesse de fotossíntese. Calcularam eles que apenas por volta de 3,8 bilhões de anos atrás é que teria sido possível surgir vida.

Mais ainda. Parece que a composição da atmosfera terrestre nessa época "não teria favorecido a síntese de compostos orgânicos, tanto quanto se havia pensado" (J. Hoargan, art cit. p. 105).

Reconstituições laboratoriais computadorizadas da atmosfera de então, realizadas por James C. G. Walter da Universidade de Michigan, em Ann Arbor, sugerem que as radiações ultra-violetas provenientes do Sol, e que hoje são bloqueadas pela camada de ozônio, teriam destruído as moléculas baseadas em hidrogênio, e o hidrogênio livre teria escapado para o espaço. A atmosfera desse tempo teria como maiores componentes dióxido de carbono e nitrogênio, expelidos pelos vulcões. Tal atmosfera não teria sido favorecido a síntese de amino-ácidos e outros precurssores da vida.

As dificuldades para explicar a origem da vida, de um ponto de vista puramente naturalista, são tamanhas que alguns começaram a levantar hipóteses sobre a proveniência de sementes de vida de fontes extra-terrestres. Ora, isto empurraria o problema para outros mundos, - seria uma nova ciência "do outro mundo" -- mas não explicaria como a vida teria surgido por lá. Ademais, a migração para a terra de elementos vivos trazidos por meteoritos não leva em conta que, o calor produzido pelo impacto seria suficiente para destruir toda semente de vida que por acaso existisse neles. Mais ainda, muitos cientistas contestam essa hipótese afirmando que jamais se encontraram micróbios no espaço, e que o ambiente espacial é adverso à vida.

Orgel e Crick, nos últimos anos, lançaram a "idéia" -- como uma espécie de brincadeira, vistas as dificuldades e o cipoal em que se meteu a ciência para explicar a origem da vida -- que a vida chegou a terra por meio de espaçonaves provenientes de outro planeta.

"Como Crick escreveu uma vez: "A origem da vida aparece quase como um milagre, tantas são as condições que eram necessárias para que ela se desse" (J. Hoargan, art. cit. p. 109).

Milagre... Os cientistas modernos o admitem, desde que feito pela natureza e não por Deus.

Tais são as dificuldades encontradas pela ciência para explicar a origem da vida, e tão grande tem sido os fracassos do cientificismo racionalista nesse campo que Klaus Dose expressou todo o pessimismo reinante com as seguintes palavras:

"Mais de trinta anos de experimentação sobre a origem da vida nos campos da evolução química e molecular levaram a uma percepção mais clara da enormidade do problema de seu aparecimento na Terra, em vez de à sua solução. Atualmente, todas as discussões sobre os principais experimentos e teorias nesse campo terminam em um impasse ou numa confissão de ignorância" (Apud M. Behe, op. cit. p. 172).

"Nunca houve conferência, livro ou artigo sobre detalhes da evolução de sistemas bioquímicos complexos" (...) "Uma vez que acabamos de ver que a literatura bioquímica não contém trabalhos ou livros que expliquem, em detalhe, como poderiam ter surgido sistemas complexos, por que, apesar disso, o darwinismo é aceito por muitos bioquímicos? Uma parte importante da resposta é que eles foram ensinados, como parte de formação bioquímica, que o darwinismo é verdade" (M. Behe, op. cit. p. 183).

"A Bioquímica, na verdade, revelou um mundo molecular que resiste bravamente à explicação pela mesma teoria por tanto tempo aplicada no nível do organismo completo. Nenhum dos dois pontos de partida de Darwin -- a origem da vida e a origem da visão -- foi explicado por sua teoria. Darwin nunca imaginou a complexidade estranhamente profunda que existe até nos níveis mais básicos da vida" (M. Behe, op. cit. p. 177).

Quando os maiores cientistas naturalistas confessam estar nesse impasse, de onde vem a certeza de tantos professores, no Brasil, de que a Ciência já explicou a origem da vida?

O Professor Dr. Klaus Dose, um dos maiores nomes no problema sobre a origem da vida afirma: “No presente momento todas as discussões nas principais teorias e experimentos no campo ou terminam empatadas ou numa confissão de ignorância (art. The Origin of life: More Questions Than Answers. Interdisciplinary Science Review, 1988). Neste artigo, o Dr. Dose mostra a insustentabilidade das teorias desde o neo vitalismo até as mais recentes.

Como nota Michael Behe, "privadamente, muitos cientistas admitem que a ciência não tem explicação para o início da vida"( M. Behe, op. cit. p. 176). Mas, em público, temem dizer o que pensam... Por que?. Mais do que nunca fica evidenciado que muitos defendem, hoje, o evolucionismo mais por "Fé" na evolução do que por comprovações científicas.

A evolução é um dogma de uma fé panteísta ou gnóstica. É um dogma religioso e não uma verdade científica.

 


 

V - FÓSSEIS
 

 

 

V.1 - INTRODUÇÃO

 

Para estudar as formas primitivas de vida surgidas no decorrer da história terrestre, os cientistas recorrem aos fósseis. Nas rochas sedimentares podem ser encontrados restos, ou até indícios, de animais e de vegetais petrificados: são os fósseis. É claro que a fossilização de um vegetal ou de um animal exige condições especiais. Normalmente os seres orgânicos se decompõem, mas, submetidos a certas condições, eles podem petrificar-se. Os casos de fossilização são relativamente raros, e, encontrar exemplares fósseis é bastante difícil.

Normalmente, quanto mais profundamente uma camada de sedimentos se situa na crosta terrestre, mais antigos são os fósseis que nele se acham. Mas pode haver exceções a esta correspondência entre profundidade da rocha e antigüidade, quando se dá uma dobra geológica que produza uma inversão de posição das camadas geológicas.

A datação quer dos fósseis, quer das camadas geológicas envolve processos muito complexos e seu resultado é de precisão um tanto relativa. Evidentemente, quanto mais antiga a camada ou o fóssil, mais imprecisa é a sua datação. Conhecendo-se a idade provável de uma determinada camada geológica, pode-se presumir que, normalmente, os fósseis nela encontrados têm a sua idade.

Evidentemente, nos primeiros tempos geológicos, a Terra não oferecia condições ambientais propícias à existência de vida. Só após alguns bilhões de anos, foi possível existirem as condições ambientais necessárias para que seres vivos pudessem existir. Estima-se que a Terra tem cerca de 4,5 bilhões de anos e que a vida só teria surgido entre 4 e 3,5 bilhões de anos atrás, o que é um tempo relativamente curto.

O tempo geológico é dividido, para fins de estudo, em eras e períodos.

A Geologia e a Paleontologia apresentam o seguinte quadro das eras geológicas.

 

ERAS

PERÍODOS

DATAÇÃO AVALIADA

ARQUEOZÓICA   Entre 1,8 e 1 bilhão de anos atrás
PROTEROZÓICA   Entre 1 bilhão e 600 milhões
PALEOZÓICO
(Primário)
CAMBRIANO Entre 600 e 200 milhões
ORDOVICIANO
SILURIANO
DEVONIANO
CARBONÍFERO MISSISSIPIANO
PENNSYLVANIANO
PERMIANO
MESOZÓICO
(Secundário)
TRIÁSSICO Entre 200 e 70 milhões
JURÁSSICO
CRETÁCEO
CENOZÓICO
(Terciário)
PALEOCENO Entre 70 e 60 milhões
EOCENO Entre 60 e 35 milhões
OLIGOCENO Entre 35 e 25 milhões
MIOCENO Entre 25 e 5 milhões
PLIOCENO Entre 5 e 1,8 milhão  
QUATERNÁRIO PLEISTOCENO Entre 1,8 milhão e 10 mil
HOLOCENO 10 mil anos atrás

 

V.2 - MICRO-ORGANISMOS

 

Os manuais escolares -- todos eles evolucionistas primários -- costumam apresentar o aparecimento dos seres vivos numa seqüência que insinua a verossimilhança da evolução. Assim, dizem eles que os primeiros seres vivos de que se tem notícia são seres unicelulares, depois, teriam surgido os metazoários, os animais de corpo mole, os animais de carapaça, os insetos, os vertebrados, os anfíbios, os répteis, as aves, os mamíferos, e, por fim, o homem. Porquê a evolução teria parado no homem, eles não explicam.

Esta seqüência causa a impressão de que as várias espécies vieram umas das outras, como se tivesse existido um único filão genético. Entretanto, a realidade é bem mais complexa.

Quando se estudam os registros fósseis, o que se encontra é uma grande multiplicidade filo-genética. Cada espécie surge de modo repentino, sem nunca apresentar antecedentes genéticos, e, muitas vezes, desaparece também bruscamente pluralidade de seqüências filo-genéticas indica então que os seres vivos não provém uns dos outros. Cada espécie surge de modo abrupto - sem antepassados conhecidos -- vive durante um período relativamente extenso sem nunca mudar em sua forma essencial, e desaparece repentinamente, sem ligação genética com as espécies posteriores a ela.

Este fato é o grande tropeço para a teoria evolucionista.

Se o aparecimento de novas espécies vivas é um mistério para a ciência, o desaparecimento de algumas delas pode ser explicado por fenômenos cataclísmicos -- como as orogenias -- que poderiam ter aniquilado os seres vivos de uma região ou continente.

Como vimos, calcula-se que seres vivos poderiam ter começado a existir, na Terra, há 3,5 bilhões de anos. Admite-se que os primeiros seres vivos foram micro-organismos unicelulares. Como estes seres unicelulares apareceram e como eles teriam evoluído para seres mais complexos continua sendo um mistério.

Os metazoários, que são os primeiros seres vivos multi-celulares e complexos, surgem de modo repentino, e sem antecedentes claros, nos registros fósseis.

Paleontólogos canadenses descobriram os fósseis mais antigos registrados até o presente. São fósseis de seres de cerca de 2 metros, bastante complexos para os achados até agora (Narbonne, Guy M., James G. Gehling, Geology, vol. 31, n.1, de 2001, Life after snowball: The oldest complex Ediacaran fossils). Isso é uma evidência de que o registro fóssil até o presente não mostra nem de longe uma escala crescente de complexidade. Como a Teoria da Evolução permite todas as hipóteses, supõe-se agora que a vida tenha uma origem complexa.

Antes dessa recente descoberta canadense, os registros dos primeiros indícios de vida, que datam do período Pré-Cambriano, são raros. Em 1947, o geólogo australiano R.C. Spring encontrou em Ediacara Hills, no sul da Austrália, depósitos sedimentares marinhos com ricos exemplares fósseis Pré-Cambrianos. Novas pesquisas, no local, enriqueceram ainda mais o tesouro fóssil encontrado. Atualmente, classificaram-se cerca de 600 espécies diferentes provenientes de Edicara, datando do Pré-Cambriano. Lá foram achados animais marinhos de corpo mole (Jellyfishes), corais moles, pedaços de vermes com cabeças solidamente escudadas, “penas -- marinhas”.Todos estes seres de corpo mole pertenciam, de modo geral, ao filo dos celenterados. (Cfr. Martin F. Glaessner, “Pre-Cambryan Animals”, artigo na revista Science).

Pré-Cambrianos. Novas pesquisas, no local, enriqueceram ainda mais o tesouro fóssil encontrado. Atualmente, classificaram-se cerca de 600 espécies diferentes provenientes de Edicara, datando do Pré-Cambriano. Lá foram achados animais marinhos de corpo mole (Jellyfishes), corais moles, pedaços de vermes com cabeças solidamente escudadas, “penas -- marinhas”.Todos estes seres de corpo mole pertenciam, de modo geral, ao filo dos celenterados. (Cfr. Martin F. Glaessner, “Pre-Cambryan Animals”, artigo na revista Science).

Há um fato muito impressionante nos fósseis de Edicara: ficou comprovado que os fósseis celenterados de Edicara não são celenterados e echinodermos do mesmo tipo que os do Cambriano. Pelo contrário, são tão diferentes deles que não há possibilidade de terem sido seus ancestrais.

Repentinamente, nas camadas geológicas do Cambriano, aparece um tão grande número de fósseis de tão variados tipos -- inclusive com vertebrados -- que se fala da “explosão de vida do Cambriano”. Se a teoria darwiniana fosse verdadeira, dever-se-iam encontrar fósseis predecessores desta “explosão de vida cambriana”. Nada existe antes que possa explicar o surgimento de tão grande número de espécies tão diversas e tão complexas. E as espécies encontradas e que sobreviveram durante largos períodos geológicos nunca evidenciaram sinais de evolução.

Até mesmo cientistas insuspeitos de serem anti-evolucionistas confessam que o aparecimento explosivo de novas espécies no Cambriano, sem nenhum antepassado comprovado, “ maior mistério da história da vida” (George Gaylord Simpson, apud D. T. Gish, op. cit. p. 56). O próprio Elredge - um dos fundadores a teoria evolucionista do “equilíbrio pontuado” --reconhece que a fauna de Edicara e a “explosão cambriana” constituem um grande desafio para a Ciência. Entenda-se, para a o evolucionismo.

Elredge tenta solucionar este mistério dizendo que não se acharam fósseis antecessores da vida cambriana, porque os seres do Pré-Cambriano eram de corpo mole, o que teria impedido a formação de fósseis. Ora, se fosse assim, não se teria podido conhecer a existência dos animais de corpo mole de eras geológicas passadas.

Gish se espanta com esta desculpa esfarrapada de Elredge, lembrando que, se foram achados indícios de seres microscópico e de unicelulares, com maior razão podem ser encontrados sinais de vida de animais de corpo mole do Pré-Cambriano, como aliás o foram, em Edicara, Entretanto, não foram achados, até hoje, os fósseis intermediários entre os seres do Pré-Cambriano e os do Cambriano. Neste ponto também o evolucionismo darwinista ou moderno carece de comprovação.

 

 

V.3 - O APARECIMENTO DOS INSETOS

 

O aparecimento dos insetos é tão repentino quanto o dos vertebrados: não há espécies anteriores das quais eles teriam evoluÍdo. Os primeiros exemplares de insetos fossilizados aparecem nas rochas do período Devoniano, mas é no Carbonífero (especialmente no sub-período Pensilvaniano) que eles aparecem em tão grande quantidade que essa época é chamada a Idade dos Insetos. Existem fósseis de libélulas desse tempo de 5 a 7 cm de comprimento. As baratas que surgiram no Carbonífero tinham já o mesmo aspecto desagradável que têm hoje, conforme Duane Gish faz questão de lembrar citando Betty Fisher do Museu Americano de História natural (P. 61). A barata tem produzido o mesmo nojo desde há 200.000.000 de anos. Ela não evoluiu em todo esse enorme espaço de tempo.

Os evolucionistas pretendem que os insetos voadores provieram de insetos incapazes de voar. Entretanto, até hoje, jamais se encontrou o espécimen intermediário entre os insetos não- alados e os alados. Só se encontram fósseis de insetos ou alados ou não alados. O semi-alado não existe.

Um caso recente, de publicação na revista Nature, divulgado a partir de um estudo realizado pelo biólogo Michael Whiting, entre outros cientistas, mostrou que, “evolutivamente”, os insetos popularmente chamados de “bicho-pau” teriam perdido e recuperado as asas pelo menos por quatro vezes, em 50 milhões de anos (Whiting, M. F., Bradler, S., Maxwell, T.; Nature, jan/2003 ). Ora, acreditar nisso é considerar que esses animais teriam tido uma “sorte” imensa.

 

V.4 - INVERTEBRADOS E VERTEBRADOS

 

É também uma afirmação sem base na realidade a de que os animais vertebrados evoluíram a partir dos invertebrados. Não há nenhuma base fóssil para a tese evolucionista neste reino da natureza. Conforme Ommanney há um intervalo de 100.000.000 de anos entre os primeiros peixes vertebrados e os mais recentes invertebrados.

Os primeiros seres semelhantes a peixes vertebrados -- os Agnata -- apareceram na era Paleozóica, durante o período Siluriano, isto é, há cerca de 600.000.000 de anos atrás. Nenhum antepassado fossil pode ser apresentado com antepassado direto desses espécimens vertebrados. Os Agnata aparecem - como todos os outros seres vivos - de modo abrupto, e não como efeito de uma longa evolução.

No passado, alguns evolucionistas pretenderam que os peixes com estrutura cartilaginosa teriam dado origem aos peixes com estrutura óssea. Assim, se disse que os Chondrichthyes teriam sido os ancestrais intermediários entre os peixes com estrutura óssea e os cartilaginosos.Mas, segundo Romer, autor da obra “Paleontologia Vertebrada”, a pesquisa leva à conclusão oposta à pretendida pelos evolucionistas: os tubarões teriam involuído de uma estrutura óssea maior para outra menor. O mesmo Romer afirma que o aparecimento dos peixes de estrutura vertebrada no registro fóssil é dramaticamente brusca, sem ancestrais aparentes. Ele diz: “O ancestral comum dos vários grupos peixes de estrutura óssea é desconhecido" (apud Duane T. Gish, op cit p.68).

Todd, discutindo a origem dos peixes vertebrados observa que:

“Todas as três subdivisões dos peixes vertebrados aparecem aproximadamente ao mesmo tempo, no registro fóssil. Eles eram já morfologicamente largamente divergentes do ponto de vista morfológico, e estavam pesadamente couraçados. Como se originaram? O que lhes permitiu divergir tão largamente? Como todos eles conseguiram ter pesada couraça? E por que não há traço de espécies anteriores intermediárias?” (Todd, apud D. T. Gish, op. cit. p. 69).

Excelentes e embaraçosas perguntas para os defensores da teoria evolucionista!

Duane Gish, em seu excelente livro em que estamos nos baseando, cita outro especialista em vida aquática, Errol White, que, apesar de evolucionista afirma:

“Mas qualquer sejam as idéias que as autoridades tenham no assunto, os peixes pulmonares, como todos os grupos maiores que conheço, têm sua origem firmemente baseada em nada... “. (Errol White, apud Duane T. Gish, op. cit. p. 68).

Portanto, também para os peixes, a teoria evolucionista não foi provada. Ela se funda em Nada.

Quanto maior é a autoridade de um cientista em determinada ciência biológica, mais ênfase ele põe ao confessar a falta de fundamento da teoria evolucionista.

Quanto mais se desce no nível de autoridade, mais ênfase e convicção -- para não usar o termo fanatismo -- se acha na defesa da teoria evolucionista.

 

 

V.5 - A TRANSIÇÃO DOS PEIXES AOS ANFÍBIOS

 

Vimos, até agora, que o Evolucionismo, a cada passo do estudo dos fósseis, só tem encontrado problemas. Mas, a eles, não tem dado solução. É o que lhe aconteceu, também, ao pesquisar a passagem dos invertebrados para os vertebrados. Embora se tenham sugerido as mais variadas soluções para demonstrar que os vertebrados vieram dos invertebrados, nenhuma acabou sendo comprovada. Supôs-se que esta transição se tenha dado através de animais “cordados”, isto é, de animais que tivessem uma espécie de “notocorda”. Entretanto, jamais tal fato foi comprovado por meio de fósseis.

Também a passagem dos peixes para os anfíbios encontrou a mesma impossibilidade. Embora esta passagem tivesse requerido um largo espaço de tempo, até hoje, não se achou o liame entre essas duas espécies de animais.

Alguns autores tem defendido a hipótese de que o peixe crossopterygiano teria originado o anfíbio do gênero ichthyostega. Entre esses dois gêneros, há um enorme intervalo de tempo que teria permitido o aparecimento de inúmeras formas transicionais. Elas, porém, não existem. Nem no Ichthyostega há vestígios de barbatanas de seus supostos antepassados, nem nos Crossopterigianos há formas incipientes dos futuros membros dos anfíbios ichthyostegas. Em nenhum peixe se acham elementos ligando as barbatanas à estrutura vertebral. Quando aparecem pequenos ossículos estruturais das barbatanas, eles são sempre muito pequenos, apenas ligados aos tecidos do peixe, e nunca tem uma ligação óssea com a espinha dorsal do peixe, formando uma estrutura firme que lhe possibilitasse o caminhar.

Pelo contrário, nos anfíbios, a estrutura óssea que liga os membros à coluna vertebral é sempre muito forte e bem desenvolvida. Não foi jamais encontrado um fóssil com estrutura óssea intermediária entre o peixe e o anfíbio.

Conforme o evolucionista Rommer, teriam sido as secas -- comuns no período Devoniano -- que obrigaram os peixes a desenvolver pulmões ao mesmo tempo que continuavam a ter guelras, para poderem viver fora da água. Teria sido destes animais intermediários que teriam vindo os anfíbio atuais. Acontece que nas camadas devonianas não se encontram fósseis que confirmem essa hipótese de Rommer.

Os evolucionistas afirmam que a transição do peixe para o anfíbio teria ocorrido há 70 milhões de anos atrás. Ora, em 1939, foi pescado, no litoral da África, um peixe um Latimeria que é um peixe crossoptergiano. Ele era exatamente igual ao peixe de 70 milhões de anos atrás. Em todo esse tempo, em vez de evoluir para se tornar anfíbio, continuou um Latiméria, contrariando as teorias que desejavam que ele tivesse evoluído

 

 

V.6 - DOS ANFÍBIOS AOS RÉPTEIS E MAMÍFEROS

 

Tanto a transformação de um invertebrado em vertebrado, quanto a mudança de um peixe para um anfíbio, ou a evolução de um réptil para uma ave requerem uma verdadeira revolução estrutural e morfológica no animal. É evidente que tal revolução -- se ela existiu -- teria que ter deixado inúmeras comprovações fósseis.

Os répteis se distinguem dos anfíbios especialmente pelo ovo amniático“amniote ovo”. Os mamíferos se distinguem dos répteis por sua anatomia e fisiologia, seu modo de reprodução, sangue quente e não frio, posse de diafragma que lhe permite respiração diversa, capacidade de sugar dos filhotes e o ter pelos.

A sucessão anfíbios-répteis-mamíferos apresenta problemas cronológicos insolúveis para os evolucionistas, porque os ancestrais dos mamíferos existiram antes do que os próprios répteis.

Com efeito, os evolucionistas asseveram que os predecessores dos répteis foram os Seymuria e Dialectes que existiram no início do período Permiano. Eles admitem também que os antecessores dos mamíferos já existiam no período Carbonífero ( sub-período Pensylvaniano). Deste modo, os antecessores dos mamíferos teriam existido antes do que os répteis, dos quais teriam que vir os mamíferos. A sucessão pretendida da evolução não se encaixa na sucessão cronológica dos fósseis.

Por outro lado, alguns evolucionistas admitem que não foram descobertos os intermediários das 32 ordens de mamíferos.

George Gaylord Simpson afirma:

“Isto é verdade para as trinta e duas ordens de mamíferos... Os primeiros e mais antigos membros de cada ordem já têm os caracteres básicos da sua ordem, e em nenhum caso é conhecida uma seqüência contínua aproximativa de uma ordem para outra. Em muitos casos a ruptura é tão aguda e o intervalo é tão largo que a origem da ordem é especulativa e muito disputada” (G. G. Simpson, Tempo and Mode in Evolution, Columbia Univ. Press p. 105, apud Duane T. Gish, op. cit. p.78).

 

V.7 - O PROBLEMA DOS MAMÍFEROS MARINHOS

 

Nas escolas brasileiras, muito se tem falado da origem terrestre das baleias e de outros mamíferos marinhos. Estes seres aparecem -- como todos os demais -- de modo repentino nos registros fósseis. Não há intermediários fósseis entre as baleias e demais mamíferos marinhos e seus supostos progenitores terrestres. É o que assegura E. C. Olson.(The Evolution of Life, apud Gish, op. cit. p. 78). O que é confirmado por A. S. Romer quando diz a respeito das baleias e golfinhos: “Nós desconhecemos seus antecedentes terrestres e não podemos estar seguros de seu lugar de origem” (A. S. Romer, Vertebrate Paleontology, apud Gish, op. cit. p.79).

Também E. H. Colbert, (Evolution of Vertebrates) afirma a respeito da origem das baleias: “Estes mamíferos tem que ter tido uma origem antiga porque não existem formas intermediárias entre as baleias e os animais placentáceos do período Cretáceo, no registro fóssil. Como os morcegos, as baleias (...) aparecem repentinamente no começo do período Terciário, completamente adaptadas por profundas modificações da estrutura básica mamífera para um modo de vida altamente especializado. Na verdade, as baleias são ainda mais isoladas do que os morcegos com relação aos demais mamíferos. As baleias permanecem absolutamente isoladas.” (Apud D. T. Gish, op. cit. pp. 80).

 

 

V.8 - OS DEDOS DOS CAVALOS E A EVOLUÇÃO

 

Os evolucionistas, se não têm procurado pedir aos cavalos que lhes dêem uma mão, a fim de provar a evolução, têm, pelo menos, lhes pedido alguns dedos.

Com efeito, quase todo o mundo ouviu falar da famosa evolução do cavalo primitivo -- que teria quatro dedos -- para o cavalo intermediário com três dedos, até se chegar ao cavalo atual, cujo casco é, na realidade, a unha de um dedo muito desenvolvido.

Ainda que tivesse sido assim, a transformação de uma forma acidental -- a mudança de quatro para três, e para um dedo -- não significaria que o cavalo teria evoluído, pois em todos os casos o sujeito permaneceu o mesmo: o cavalo. Se tivesse havido evolução, teriam que se admitir três sujeitos distintos, o que não acontece.

Todavia, quando se estuda mais seriamente a questão, verifica-se que a historia fóssil é bem diversa da que é apresentada costumeiramente nos livros estudantis.

É o que nos dizem J. B. Birdsell: e G.G. Simpson. (Cfr. D.T. Gish op. cit. p. 82).

Duane T. Gish demonstra que a seqüência dos antepassados do cavalo moderno, pelo menos no que tange aos fósseis sul-americanos contraria a tese da evolução do cavalo tal qual ela costuma ser apresentada.

Assim, os fósseis encontrados na América do Sul mostram que de fato houve seres do gênero equídeo, com quatro, três e um dedo. Entretanto, a seqüência histórica não é essa. O fóssil mais antigo, desse gênero, na América do Sul, é o Diadiaphorus ( com três dedos) e o thoatherium (com um só dedo) eram contemporâneos já no período Mioceno. Acontece, porém, que Macrauchenia ( de quatro dedos) só vai surgir muito mais tarde, no Plioceno, quando o Thoatherium ( de um dedo só) já estava extinto. É a seqüência inversa da apresentada nos livros que é a verdadeira! (Cfr. Gish, op. cit. pp. 83 e 84).

Poder-se-ia, ainda assim, argumentar que, de qualquer modo, houve uma seqüência evolutiva, se bem que diversa da apresentada nos manuais, e que a seqüência dos fósseis da América do Norte, apresentada pelos manuais, é verdadeira: o Hyracotherium (Eohippus) tinha quatro dedos; o Merychippus tinha três dedos; o Equus modernizem um só dedo.

O problema é que cientistas insuspeitos contestam que o Eohippus fosse realmente cavalo. H. Nilsson afirma que o Eohippus não se assemelha ao cavalo! Para Nilsson o Eohippus, tanto morfologicamente quanto com relação ao habitat, se assemelha mais ao gênero Hyrax (H. Nilson, Synthetische Artbuilding, apud D. T. Gish, op. cit. p. 85).

Com isto concorda também C. A. Kerkut (Implications of Evolution):

“Em primeiro lugar, não está claro que o Hyracotherium (o Eohippus) seja o ancestral do cavalo. Por isso Simpson (1945) afirma, ‘Matthew mostrou e insistiu que o Hyracotherium (incluindo o Eohippus) é tão primitivo que não é muito mais definitivamente equídeo do que tapirídeo, rinocerontideo, etc. mas ele é costumeiramente colocado na raiz do grupo equídeo" ( Apud D. T. Gish. op. cit. p. 86). E Kerkut conclui que “De algum modo, parece que o modelo da evolução do cavalo pode ser mesmo tão caótico quanto aquele que Osborn propôs para a evolução dos Proboscídeos...” Apud Gish p. 86). Nada provado, portanto.

 

 

V.9 - OS ROEDORES

 

Os mamíferos roedores, sendo os mamíferos mais prolíficos, o que tem maior número de espécies e vivendo em habitats bem diversos, poderiam fornecer mais provavelmente, maior número de provas da evolução. Também com relação a eles se repete o “ritornello”: Não se tem conhecimento de formas transicionais que tivessem dado origem aos roedores.

Romer diz deles: “A origem dos roedores é obscura (...) formas transicionais [relacionadas a eles] não são conhecidas” (Apud Gish op. cit. p. 87).

 

V.10 - SERES MAMÍFEROS E SERES ALADOS

 

Embora os evolucionistas garantam que os répteis teriam dado origem aos mamíferos, a transição de um grupo para o outro continua sendo um mistério. E um mistério de “cair o queixo”, já que uma das questões não explicadas é a respeito do modo de junção do queixo com o crânio nos répteis e nos mamíferos.

Nos répteis, o maxilar inferior é formado por seis ossos em cada lado da cabeça, enquanto que, nos mamíferos, o maxilar inferior é constituído por um osso único. Além disso, nos répteis, a mandíbula se junta ao crânio por meio do “osso quadrado”, que não existe nos mamíferos. Os répteis têm um só osso no ouvido, enquanto os mamíferos têm três ossos no ouvido: o estribo, o martelo e a bigorna. Existem, evidentemente, ainda outras diferenças entre répteis e mamíferos, mas tenhamos estas especialmente em vista.

Os répteis apareceram, junto com os mamíferos-semelhantes aos répteis, no período Carbonífero. Os mamíferos propriamente ditos surgiram, mais tarde, no Triássico, período em que desapareceram os mamíferos-semelhantes a répteis.

Convém observar, de passagem, que a existência de seres com características morfológicas comuns a dois gêneros ou espécies diferentes não significa, de si, que ela seja intermediária entre esses dois gêneros ou espécies. Assim, o ornitorinco (duck-bill platypus) tem características de mamífero, de ave e de réptil. À primeira vista, ele poderia ser tido como um animal intermediário, como um antecessor dos mamíferos que tivesse conservado ainda características de ave e de réptil. Nada mais falso, porque, ele é posterior ao surgimento dos mamíferos. Ele existe apenas a 150 milhões de anos, enquanto os mamíferos, sendo do Triássico têm, pelo menos, 200 milhões de anos.

Geralmente se diz que os intermediários entre os répteis e os mamíferos teriam sido animais como o Morganucodon e o Kuehneotherium. Estes eram dois pequenos seres que datam do Triássico. Deles foram achados apenas fragmentos de ossos que não permitem conhecer como, de fato, era a junção de suas mandíbulas a seus respectivos crânios. Tudo o que deles se diz é mera suposição. Tanto o Morganucodon quanto o Kuehneotherio têm mandíbula típica de réptil com seis ossos em cada lado da mandíbula. Ambos também apresentam a junta da mandíbula com o crânio com osso quadrado, típico dos répteis.

Conforme afirmam os evolucionistas, estes dois animais teriam mandíbula que se unia ao crânio de um modo intermediário entre os répteis e os mamíferos, enquanto que seu ouvido teria também uma estrutura óssea intermédia. O que não explicam os evolucionistas é -- se tivesse sido assim -- como esses pobres animais conseguiam comer na fase de transição, e como sobreviveram, tendo então se tornado, pelo menos temporariamente, surdos.

Todos os fósseis de répteis até hoje encontrados, todos, têm apenas um único osso no ouvido. Jamais foi achado um ser intermediário entre réptil e mamífero que possuísse dois ossos no ouvido.

Um outro grande mistério para os evolucionistas é o “desaparecimento” dos mamíferos por um longo período de 120.000.000 de anos, período esse dominado pelos chamados dinossauros, pelos grandes répteis marinhos e pelos répteis voadores. Este “desaparecimento” dos mamíferos no período Triássico permanece inexplicado. Durante 120 milhões de anos os fósseis de mamíferos praticamente desaparecem, para, de repente, reaparecerem em número enorme, com as suas 32 diferentes ordens plenamente constituídas e estáveis. Evidentemente, eles não podem ter surgido no Triássico, depois, terem se extinguido, e finalmente reaparecido. Devem ter tido uma forte diminuição numérica de seus membros, motivada por razão que desconhecemos, para depois, cessada essa razão, se multiplicarem novamente em grande número. Possivelmente esse relativo desaparecimento dos mamíferos no Triássico se deveu à existência dos grandes sáurios predadores. Quando estes desapareceram -- por razão tão misteriosa quanto a do “desaparecimento” dos mamíferos, estes últimos tornaram a se multiplicar.

Tratando deste fato diz G. G. Simpson:

“O mais intrigante evento na história da vida na Terra é a mudança do Mesozóico, a idade dos répteis, para a idade dos mamíferos” (Apud D. T. Gish, op. cit. p. 95).

 

 

V.11 - A ORIGEM DOS SERES ALADOS

 

O aparecimento de seres alados nos vários gên%ros de animais - insetos, répteis, aves e mamíferos (morcegos) -- se existisse a evolução, exigiria uma verdadeira revolução estrutural nos seres não alados. Para que um ser não-alado passasse a ser capaz de voar não lhe bastaria, simplesmente, desenvolver asas. Ele teria que mudar seus ossos de pesados e cheios, para leves e ocos. Deveria desenvolver um sistema muscular inteiramente diverso, e revolucionar seu sistema nervoso.

Enquanto essas mudança estivessem ocorrendo, ele caminharia mal e ainda não voaria. É isto que os evolucionistas entendem como adaptação ao ambiente e como sobrevivência do mais apto. É evidente que este ser intermediário entre não alado e alado seria presa fácil dos seus predadores, pois nem andaria, nem voaria perfeitamente: seria um aleijado facilmente destrutível. Eis o mais apto a sobreviver: um aleijado e impotente.

É claro que também aqui os evolucionistas não dispõem de nenhum fóssil de ser intermediário entre não alados e alados em qualquer gênero de animal.

E. C. Olson - que é evolucionista - afirma:

No que se refere ao vôo, por mais longe que se vá no passado, há alguns verdadeiros grandes intervalos no registro fóssil

E quanto aos insetos, diz o mesmo Olson:

Não há quase nada para dar qualquer informação acerca da história da origem do vôo no que se refere aos insetos”.

Quanto aos répteis voadores, diz Olson:

‘Verdadeiro vôo é registrado, entre os répteis, pelos pterossáurios no período Jurássico. Embora o mais primitivo destes animais fosse menos especializado para voar do que os posteriores, não há absolutamente nenhum sinal de estágios intermediários”.

Sobre os mamíferos alados, afirma Olson:

“A primeira evidência de vôo nos mamíferos existe em morcegos plenamente desenvolvidos, no Eoceno” (Citações de Olson apud Gish, op. cit. pp. 103 e 104).

O caso dos répteis alados é particularmente impressionante.

Gish, no bem argumentado livro que temos seguido e citado, mostra as diferenças estruturais enormes existentes entre o Saltoposuchus - tecodonte réptil que Romer considera ser o antepassado dos dinossauros, das aves e dos répteis alados -- e o Rhamphorrhyncus, pteossaurio alado cujo enorme quarto dedo, sustentava a membrana que lhe permitia voar.

O Pteranodon -- um animal do grupo dos pteossaurios -- tinha um dedo de mais de 15 metros de comprimento, e um imenso bico desprovido de dentes.

Entre o pterossáurio de dedo imenso e o tecodonte, não existe nenhum intermediário com dedo de três, quatro, seis, dez metros. Não há intermediário entre os dois.

Por sua vez, os morcegos são tidos como tendo evoluído de um mamífero insetívoro não-alado. No morcego, quatro de seus cinco dedos são extremamente compridos para que possam suportar as suas membranas-asas. Se os evolucionistas estivessem corretos em sua hipótese, o mamífero insetívoro que deu origem ao morcego teve que desenvolver -- por erros genéticos casuais recorde-se -- não só os seus dedos imensos, mas também suas membranas, e, mais ainda -- e não pouco -- seu sistema de sonar que lhe permite voar nas trevas. Desta evolução deveriam existir inúmeros fósseis comprovantes. Como sempre, não há nenhum fóssil intermediário entre o insetívoro e o morcego. E Gish dá a foto do fóssil mais antigo de morcego já encontrado. É um fóssil de 50 milhões de anos. E é igualzinho a um morcego atual. Também os morcegos não evoluíram. Quem sabe por que lhes faltou a luz do Darwinismo...

 

 

V.12 - ORIGEM DAS AVES

É neste capítulo que os evolucionistas apresentam seu grande trunfo: a Archaeopteryx. É um espécimen do qual foram encontrados cinco exemplares fósseis e uma pena, datando do período Jurássico, tendo, portanto, cerca de 150 milhões de anos. A Archaeoptéryx era considerada ave mais antiga de que se tem conhecimento.

Realmente, a Archaeoptérix é um animal bem estranho: parece ave, bico e dentes, e, se não tivesse penas, pareceria um réptil. Entretanto, suas penas são diferentes das penas das aves atualmente conhecidas, pois o pedúnculo das penas corre simetricamente pelo eixo delas, o que não lhe permitiria um vôo perfeito. As aves, para voarem bem, precisam ter penas divididas assimetricamente pelo seus pedúnculos. A aerodinâmica do vôo correto exige isto. Este aspecto estranho -- meio de ave, meio de réptil -- fez da Archaeoptéryx o exemplar clássico da pretensão de evolução gradual, hoje repelida pelos evolucionistas do “equilíbrio graduado” de Jay Gould e Elredge. O fato de existir um animal com características de espécies diferentes não significa, necessariamente, ser ele um antecessor intermediário entre duas espécies diferentes. Caso contrário dever-se-ia admitir que o ornitorinco é antepassado de mamíferos e dos patos.

Já Romer havia afirmado que a Archaeoptéryx não podia ser considerada como a antecessora original dos pássaros. Mas, posteriormente a esta afirmação dele, James Jensen descobriu restos de pássaros modernos em rochas do primitivo Jurássico!

Esta descoberta derrubava a Archaeoptérix como prova da evolução. Se havia pássaros modernos no Jurássico -- contemporâneos da Archaeoptéryx -- então ela não foi o elo intermediário dos pássaros! O que encerra a exibição deste pretenso triunfo darwinista.

Mas a busca por um sensacional elo perdido entre répteis e aves prossegue, e o desespero de se obter uma prova da evolução é tal que levou a mais uma fraude.

Recentemente, o paleontólogo Tim Rowe a desvendou. Um fóssil encontrado na China, divulgado como reportagem de capa da revista National Geographic, foi desmentido pelo paleontólogo americano Rowe. No artigo “Forensic palaeontology: The Archaeoraptor forgery” (Nature, 410, 29/mar/2001), o autor demonstrou a fraude grosseira de um fóssil que supostamente seria um elo perdido entre aves e répteis, numa montagem de um esqueleto com partes de quatro dinossauros e de uma ave. Foi o fim do Archaeoraptor.

 

 

V.13 - DINOSSAUROS

 

Muito se tem escrito a respeito dos dinossauros, especialmente sobre seu misterioso e inexplicado repentino desaparecimento. Estes animais enormes -- o Brontosauro pesava cerca de 80 toneladas -- constituem um problema a mais para o evolucionismo, não por seu desaparecimento, mas pelo seu surgimento. Se a evolução é verdadeira, de onde e de que animal vieram esses gigantescos sáurios? Como não se tem nenhum traço de sua origem? E os traços de seus antepassados deviam ser bem respeitáveis! Nada. Eles entram na história da vida sem antecedentes e sem sucessores. Deles também se busca em vão o elo perdido. Na verdade, perdidos estão os defensores da evolução. 

 

VI - ORIGEM DO HOMEM

 

 

VI.1 - INTRODUÇÃO

 

A grande questão, subjacente a todo evolucionismo, é a da origem do homem: foi o homem criado por Deus? A afirmação darwinista de que o homem teria evoluído do macaco era, na verdade, uma negação mais ou menos velada do criacionismo, embora a tese evolucionista não explicasse de onde teria vindo a matéria. Para o vulgo, porém, ficava implícita a vitória do ateísmo e do materialismo, caso o darwinismo fosse verdadeiro. E ainda hoje é assim. Normalmente, se ensina o evolucionismo, para, nas entre linhas -- e muitas vezes nas linhas -- atacar a religião como anti-racional e anti-científica, e lançar os seus ensinamentos para a esfera da lenda ou do mito.

Desde o aparecimento da tese de Darwin, o que se procurou constantemente -- e sem êxito -- foi encontrar o elo perdido entre o macaco e o homem, entre o irracional e o racional. A busca frenética -- e tantas vezes fraudulenta -- de fósseis intermediários entre várias espécies animais visava apenas estabelecer uma premissa maior, necessária para montar o silogismo, cuja conclusão fosse: “logo, o homem descende do animal...E a Escritura mentiu”.

Inicialmente, Darwin e seus seguidores buscaram o elo entre o macaco e o homem. Quando ficou patente que esse elo não existiu, mudaram a sua argumentação: o homem e o macaco teriam tido um ancestral comum muito antigo.

Para o materialismo, a diferença entre o homem e o animal não é essencial. O homem seria um animal apenas mais perfeito, mas ele não se distinguiria do animal por ter uma alma espiritual. A inteligência humana seria o efeito de reações químicas e elétricas no cérebro humano. Sendo assim, os animais também teriam uma “inteligência” incipiente. Instintos e racionalidade não teriam distinção substancial.

Para Marx, o que diferencia o homem do animal não é a racionalidade, fruto da alma espiritual do homem. O que distingue o homem do animal é o trabalho. Engels definiu o homem como “o animal que trabalha”, o que é uma tolice, pois formiga e castor trabalham, e não são humanos. Para o marxismo, teria sido o trabalho que teria feito surgir, no homem, a linguagem, e, desta, a racionalidade. Portanto, no princípio estaria o trabalho e não o Verbo. No princípio, estaria o berro, a interjeição e não a palavra. No princípio não estaria a Sabedoria, e sim a matéria.

Para o materialismo, os animais antepassados do homem e do macaco -- os primatas -- teriam deixado de viver nas árvores e passado a ter vida no solo. Pouco a pouco, teriam abandonado o andar apoiado nos quatro membros e passado a caminhar eretos. Isto dera-lhes a possibilidade de usar as mãos. A seguir, teriam começado a usar paus e pedras como armas, e, depois, como instrumentos. Daí as denominações de “Homo Faber” e de “Homo Habilis”, dos quais teria nascido o que eles chamam de “Homo Sapiens”.

Na realidade, o que distingue o homem do animal é a alma espiritual e racional. Por isso, o homem é sempre “Sapiens”, embora muitas vezes ele não tenha sabedoria...

A árvore genealógica do homem, segundo os evolucionistas atuais seria a seguinte:

 

 

 

As datações desses pretensos antepassados do homem só muito elásticas, variando de autor para autor, com diferenças, por vezes, gigantescas. Para os evolucionistas, a variação de algumas centenas de milhões de anos não impressiona muito...

Veja-se, por exemplo, que a datação do ancestral comum do homem e dos macacos varia de 4 a 3,5 milhões de anos. Parece pouco, se se olham apenas os algarismos. É uma diferença imensa de meio milhão de anos, isto é, de 500.000 anos!

Conforme o esquema geralmente apresentado, o parente mais próximo do homem seria o chimpanzé, porque teriam códigos genéticos com números muito aproximados.

Outros há, como Schwartz, que levando em conta certos aspectos morfológicos, consideram que o homem é mais próximo do orangotango do que do chimpanzé. Esta aproximação do homem com os macacóides procura salientar apenas semelhanças morfológicas entre eles, deixando à sombra o que os distingue realmente, que é a racionalidade conseqüente da existência de alma espiritual no homem. Salientam-se aspectos acidentais semelhantes, não se levando em conta, porém, que uma pequena diferença nos cromossomos significa uma enorme diferença específica, ou que uma semelhança acidental nada significa diante de uma diferença essencial. Reduzir a diferença humana com relação ao animal apenas ao número de cromossomos significa afirmar que a única diferença entre o homem e o animal é material. Ora, a principal diferença do homem para o animal é espiritual e não material.

No afã de provar que a evolução era uma verdade, alguns cientistas evolucionistas não titubearam em recorrer à mentira e à fraude. Nunca houve, na História da Ciência tantas fraudes escandalosas quanto se registraram na polêmica evolucionista. O Batibius Haeckeli, o Homem de Piltdown, o Homem de Java, o Homem de Pequim, a mandíbula infantil de Ehringsdorf, foram algumas das fraudes mais famosas utilizadas para provar que o homem não foi criado por Deus, mas teve origem puramente animal.

Analisaremos inicialmente as fraudes evolucionistas no campo dos fósseis humanos, para, depois, examinarmos os fósseis apresentados como antepassados do homem, nos dias de hoje.

 

VI.2 - FRAUDES EVOLUCIONISTAS

 

a) O “Homem” de Java

 

O primeiro fóssil humano fraudulento apresentado como prova da evolução, e até hoje tido como autêntico por muitos autores, foi o famoso Homem de Java, também, chamado de Pithecanthropos Erectus (macaco-homem ereto).

Ele foi descoberto, em 1891, pelo holandês Eugène Dubois, em Java. Dubois agregou-se ao exército holandês, e inicialmente foi servir em Sumatra, onde iniciou também suas pesquisas paleontólogas. Nada encontrando em Sumatra que tivesse maior importância científica, ele se transferiu para Java, onde disse ter achado inicialmente uma calota craniana macacóide. No ano seguinte, e a 15 metros de distância do primeiro achado, Dubois disse ter encontrado um fêmur humano. mais tarde ainda, ele achou três dentes, dos quais descreveu dois, que eram de macaco. O terceiro dente ele manteve durante longo tempo oculto, e nada disse sobre ele.

A calota craniana achada por Dubois tinha paredes finas e quase não tinha testa, indicando um ângulo facial muito agudo, típico de macacos. As arcadas supra-orbitais eram muito salientes, o que era outra característica macacóide. O cientista holandês calculou que a capacidade craniana deste fóssil teria sido de 900 centímetros cúbicos, bem menor, pois, que a do homem atual, que tem cerca de 1.500 cm cúbicos.

Juntando essa calota craniana macacóide, o fêmur humano e dois dentes de macaco que encontrara, Dubois montou um esqueleto, completando com massa o que faltava. Nasceu assim o Homem de Java, que ele chamou de Pithecanthropos Erectus. Pithé (macaco), por causa da calota craniana macacóide e pelos dois dentes de macaco. Anthropus (homem), por causa do fêmur humano. Este fóssil foi então apresentado como sendo o elo intermediário entre o macaco e o homem, que os evolucionistas há tanto tempo desejavam encontrar para comprovar a sua hipótese, tornando-a tese científica demonstrada; um ser com características de macaco e de homem, ao mesmo tempo.

É claro que este procedimento de Dubois era anti-científico, porque não é legítimo juntar fósseis encontrados separados. Nada garantia que o fêmur humano, encontrado a 15 metros de distância da calota craniana macacóide tivessem pertencido ao mesmo ser. Se escavarmos num local e encontrarmos um crânio de onça, e, 15 metros mais longe, acharmos um bico de arara, não poderemos concluir que outrora as onças tinham bico de arara.

Dubois descobriu ainda, perto de Wadjak, em Java, e na mesma camada geológica em que achara os fósseis anteriores -- portanto tendo supostamente a mesma idade -- dois crânios humanos com capacidade entre 1550 e 1650 centímetros cúbicos. Entretanto, Dubois guardou-se bem de revelar esta descoberta. Por mais de 30 anos ele a ocultou, porque ela demonstrava a falsidade de seu Pithecanthropos Erectus, que até hoje continua “vivo” e com “boa saúde” nos manuais escolares evolucionistas.

Foi só em 1922, quando uma descoberta parecida feita em Wadjak ia ser anunciada, é que Dubois repentinamente se apressou em revelar ter encontrado em Wadjak os dois crânios humanos. Em 1895, ele exibiu apenas a sua montagem do Pithecanthropos Erectus - um fóssil Frankstein -- no Congresso Internacional de Zoologia de Londres.

Apesar da atroada de triunfo dos evolucionistas -- que são bem hábeis em organizar torcidas e falsas unanimidades --a aceitação do Pithecanthropos não foi universal. Desde o princípio, houve estranheza e alguns cientistas se mostraram cépticos com relação a esse fóssil montado. Estranho-se principalmente que se tivesse juntado a calota craniana macacóide com um fêmur humano encontrado a 15 metros de distância uma do outro.

Interrogou-se Dubois a respeito do terceiro dente que ele - incompreensivelmente mantinha oculto. Afinal, Dubois teve que revelar que esse terceiro dente era humano. Na mesma boca, o Pithecanthropos teria tido dentes de macaco e de homem. Era uma conjunção estranha para um ser em evolução que deveria ter dentes semi-macacóides e semi-humanos, e não dentes de macaco e de homem, ao mesmo tempo... Era muita confusão para uma boca só.

A revelação de 1922 feita por Dubois de que, na mesma camada geológica de seus primeiros achados, encontrara também dois crânios humanos, provava que já existiam seres humanos no tempo em que vivera o dono da calota macacóide do “Pithecanthropos Erectus. logo este último não era antepassado do homem. O próprio Dubois acabou confessando, pouco antes de falecer, que a calota craniana que encontrara em Java era a de um gibão gigante. Assim, o Homem de Java faleceu antes que seu descobridor e mondador.

Von Koenigswald, famoso paleontólogo alemão, estudando os dentes encontrados por Dubois, chegou à conclusão que eram dois molares de orangotango, e que o terceiro dente - um pré-molar -- era humano! Apesar disto, esses dentes continuam unidos com massa à famosa calota macacóide do Homem de Java, e continuam dando fraudulentas mordidas evolucionistas e materialistas no criacionismo.

O mesmo Von Koenigswald, pesquisando em Java, no local denominado Sapiran, nos anos que precederam a segunda guerra mundial (1936-1939), encontrou novos fósseis semelhantes aos que haviam sido achados por Dubois, e os chamou de Pithecanthropos II, III, e IV.

Marcelin Boule -- uma das mais altas autoridades em morfologia fóssil e adepto do evolucionismo -- classificou os fósseis de Sapiran como sendo do mesmo tipo que o Pithecanthropos de Dubois: eram símios (Cfr. Gish, op. cit. p. 182).

Boule e Vallois mostraram que, nos fósseis achados por Von Koenigswald, o pré-molar e os molares estavam colocados em linha reta, dando ao palato a forma de U, tipicamente simiesca, enquanto que, no homem, o palato apresenta um formato semelhante ao de uma ferradura.

Assim, o famoso Pithecanthropus era realmente um Pithé. isto é, era realmente um macaco, mas não era anthropus, isto é, não era homem.

Apesar das omissões maliciosas e fraudulentas de Dubois, apesar de suas confissões desmoralizantes, o fóssil que ele montou é mantido ainda hoje Erectus pela “teimosia” pouco sincera e nada científica do Evolucionismo. Também na História da Evolução fica comprovada a verdade recomendada por Voltaire a seus discípulos, para combater a Igreja: “Menti, menti sempre. Alguma coisa ficará...”

 

b) O “Homem” de Piltdown

 

A segunda grande fraude praticada pelos evolucionistas para fazer passar como verdade que o homem teve origem animal foi o famoso Homem de Piltdown (Eanthropos Dawsoni), encontrado por Charles Dawson, na primeira década do século XX.

Em 1908, um operário encontrou, em Piltdown, fragmentos de um crânio humano fossilizado, e contou sua descoberta ao médico Charles Dawson, que era também paleontólogo por amadorismo.

Foi nesse ano também que o futuro célebre jesuíta, Pierre Teilhard de Chardin - então simples seminarista -- foi encaminhado ao seminário de Ore Place, Hastings, perto de Piltdown. Teilhard estudara no seminário jesuíta de Lyon, onde conhecera e fora influenciado pelo pensamento do Padre Rousselot, cujas afinidades doutrinárias com o Modernismo o levaram a ser condenado em 1920. Nesse mesmo seminário de Lyon, Teilhard conheceu e se tornou amigo do Padre Auguste Valensin, discípulo de Maurice Blondel. Também o Padre Valensin esteve implicado no Modernismo. Teilhard chamava o Padre Valensin de “Pai espiritual”, e dizia que fora ele quem o ensinara a pensar. Foi Valensin quem levou Teilhard a corresponder-se com Blondel, um dos líderes do Modernismo, embora jamais tivesse sido condenado pela Igreja.

O Modernismo é uma heresia que tem exatamente o evolucionismo metafísico como fundamento de todo o seu sistema herético. Teilhard de Chardin foi o teólogo -- se se o pode chamar sua Gnose de Teologia -- que fez a ligação entre o Modernismo gnóstico e o evolucionismo Darwinista.

Chegando à Inglaterra, Teilhard conheceu logo Dawson. Consta que eles foram apresentados em 31 de maio de 1909, tornando-se imediatamente amigos pessoais e colaboradores nas pesquisas paleontológicas de campo. Juntos fizeram escavações em Piltdown. Exatamente foi durante uma escavação que faziam juntos, certo dia, em Piltdown, que Dawson teria achado a famosa mandíbula macacóide do “Homem de Piltdown”. (Cfr. Stephen Jay Gould, “Piltdown Revisitado”, in “O polegar do Panda”, p. 96). Essa mandíbula cuja descoberta foi atribuída a Dawson, havia dois dentes molares macacóides, mas cujo desgaste era tipicamente humano, e como jamais se desgastam os dentes de macaco. E Teilhard escavava já com Dawson...

Nessa mandíbula, muito bem conservada, faltava exatamente o côndilo, isto é, a protuberância óssea pela qual a mandíbula se encaixa no crânio. É pelo encaixe perfeito realizado através do côndilo com o crânio que se comprova que um maxilar pertence, de fato, a determinado crânio. Mas... “como se fosse de propósito, faltava o côndilo”, iria escrever, anos depois, o Padre Teilhard de Chardin...(Cfr. S. Jay Gould,” A conjuração de Piltdown, in “A Galinha e seus dentes”, p. 218).

“Como se fosse de propósito”... à mandíbula -- encontrada por Dawson, quando escavava junto com Teilhard -- faltava o côndilo...

Dawson juntou então os fragmentos encontrados do crânio humano e o maxilar macacóide, para montar assim -- Afinal!!! -- a prova de que o homem descendia do macaco, fazendo -- Afinal!!! -- a demonstração científica de que a teoria de Darwin era verdadeira.

Teilhard teria ainda descoberto, em Piltdown, alguns fósseis de mamíferos ( um osso de rinoceronte e um dente de elefante) que ajudariam a comprovar a datação dos fósseis encontrados.

Dawson levou então todo o material encontrado para Smith Woodward, Conservador do Departamento de Geologia do Museu Britânico (História Natural). Em 1912, Woodward e Dawson apresentaram os fósseis, na Sociedade Geológica de Londres.

No ano seguinte -- 1913 -- Teilhard de Chardin, de novo escavando juntamente com Dawson em Piltdown, encontrou um dente canino inferior. Era um dente simiesco, porém, como os molares do maxilar achado anteriormente, esse canino também apresentava um desgaste típico de dente humano.

Em 1914, começou a primeira guerra mundial, e Teilhard foi convocado para servir no exército francês. Durante os quatro anos que durou a guerra, ele atuou como padioleiro, no fronte.

Enquanto isso, Dawson escavava em outro local (Piltdown 2) que tinha as mesmas características geológicas de Piltdown 1, onde haviam sido achados os primeiros fósseis. No local 2 de Piltdown, Dawson encontrou dois outros fragmentos de crânio humano esparsos, e um dente simiesco, também gasto, à maneira humana.

Os novos achados eram tão providencialmente complementares dos primeiros fósseis encontrados em Piltdown que H. Fairfield Osborn, o principal paleontólogo americano daquele tempo, declarou:

“Se há uma Providência pairando sobre os assuntos do homem pré-histórico, ela certamente manifestou-se nesse caso, porque os três segmentos do segundo Homem de Piltdown encontrados por Dawson são exatamente aqueles que teríamos selecionado para confirmar a comparação com o tipo original” (S. Jay Gould, “Piltdown Revisitado” in “ O Polegar do Panda”, p. 97).

Mas que coincidência feliz!...Realmente, muita sorte a de quem faz escavações com um Padre, especialmente se é o Padre Teilhard de Chardin!...

Desde a descoberta dos fósseis até a década de 50, o Homem de Piltdown foi trombeteado nas cátedras universitárias, nas conferências de intelectuais famosos, na mídia, e até nos púlpitos, como sendo A prova de que Darwin tinha razão: o homem era de fato filho de macaco e não filho de Deus.

Em 1949, Kenneth P. Oakley aplicou o teste de fluoração -- usado para a datação de fósseis -- às várias peças achadas em Piltdown. E oh surpresa! As peças tinham um teor de fluor muito baixo, o que indicava que haviam estado pouco tempo na terra.

Quatro anos depois -- em 1953 -- o mesmo Oakley, tendo a cooperação de J. Weiner e de W. E. Le Gros Clark, comprovou que o crânio de Piltdown e a mandíbula a ele atribuída tinham idades diferentes. A mandíbula era a de um orangotango e era muito mais velha que o crânio que era de um homem moderno.

Era uma descoberta de cair o queixo!

Examinando-se os fósseis mais atentamente, viu-se claramente que eles haviam sido “trabalhados”... Tanto o crânio quanto a mandíbula haviam sido tingidos. Os dentes, por sua vez, haviam sido limados e raspados para darem a impressão do desgaste típico dos dentes humanos. Por fim, comprovou-se que os fósseis de mamíferos (o osso de rinoceronte e o dente de elefante) encontrados pelo Padre Teilhard em Piltdown, haviam sido trazidos de outros locais.

Tudo não era senão uma imensa fraude!

A perfeição e os cuidados para enganar indicavam que o falsificador era um especialista e não um simples amador, como Dawson...

A culpa pela fraude foi lançada toda ela sobre Dawson, poupando-se o Padre Teilhard de Chardin. Padre não poderia ser falsificador.

Recentemente, porém, Stephen Jay Gould, deixando o “clericalismo” de lado, ousou levantar para si mesmo a pergunta se o Padre Teilhard era inocente nessa fraude gigantesca. Fez longas pesquisas que deram origem a um ensaio intitulado “A Conjuração de Piltdown”, editado em seu livro “A Galinha e seus Dentes” (pp. 201 a 220). Da pesquisa e do ensaio, o Padre Teilhard sai como inteiramente culpado. Jay Gould conclui que foi Teilhard o principal responsável pela fraude. Principal, mas não o único, pois se houve “conjuração”, necessariamente ela implica em vários culpados.

Descoberta e revelada a fraude, ainda em 1953, Oakley escreveu ao Padre Teilhard de Chardin perguntando-lhe a respeito de seu trabalho com Dawson, em Piltdown.

Teilhard respondeu recusando admitir que Dawson e Smith Woodward pudessem estar implicados na fraude. (Quem então seria o culpado?)

Na mesma carta, porém, pouco depois de escusar Dawson e Woodward, Teilhard cometeu um erro fatal que revelou quem era o verdadeiro culpado pela fraude. Na carta a Oakley, Teilhard diz que, em 1913 Dawson o levara ao local 2 de Piltdown onde haviam sido achados o molar isolado e restos do crânio. Ora, Dawson só teria feito essa descoberta em 1915, e não em 1913. Teilhard jamais poderia ter sido levado por Dawson ao local em 1913, pois então aquelas descobertas não tinham sido ainda feitas. Elas o foram em 1915. E neste ano de 1915 Teilhard não teria ido a Piltdown, pois desde 1914 servia no fronte francês, onde ficaria até 1918, no final da primeira guerra mundial. Teilhard mentira.

Jay Gould, tendo feito a constatação de que o Padre Teilhard mentira, foi pesquisar toda a sua correspondência -- primeiro editada, depois nos manuscritos originais -- procurando tudo o que ele escreveu sobre a descoberta de Piltdown.

Nova surpresa!

Jay Gould constatou que na própria edição das obras de Teilhard haviam sido eliminados todos os trechos sobre o Homem de Piltdown que existiam nos manuscritos originais. Havia sido feita uma censura meticulosa dos originais, para que nas obras editadas nada aparecesse que pudesse implicar o Padre Teilhard na fraude!

Stephen Jay Gould é americano e imaginou que o motivo que levou Teilhard a montar a fraude de Piltdown teria sido apenas o de se divertir com Dawson. Teria sido, inicialmente, apenas uma brincadeira do Padre com Dawson. Este, porém, muito ingenuamente acreditou de fato que fizera uma grande descoberta e fez Woodward aceitá-la. Quando os dois publicaram a descoberta do Homem de Piltdown, teria ficado muito difícil para Teilhard desfazer a “brincadeira”... O retorno ficou impossível e o mundo científico aceitou a fraude.

O que parece, na verdade, brincadeira é essa hipótese de Jay Gould. Basta conhecer um tanto que seja a doutrina modernista, defendida por Teilhard, basta conhecer, um tanto que seja, os métodos e trapaças modernistas, para compreender que a fraude teve causa bem mais séria do que uma simples brincadeira.

Desvendada a fraude, era de esperar que se deixasse de citar imediatamente o Homem de Piltdown como prova da evolução do macaco para o homem. Assim não foi, e, durante muito tempo ainda, foi possível encontrar manuais que ensinava, aos estudantes que o Homem de Piltdown provava que o homem vinha do macaco e que Darwin tinha razão.

 

c) O “Homem” de Nebraska

 

Este é um fóssil pouco conhecido no Brasil, mas que teve, a seu tempo, repercussão nos Estados Unidos, onde foi encontrado. Em Nebraska, em 1922, foi descoberto um dente. Examinado por Henry Fairfield Osborn e outros, ele foi declarado como sendo de um ser que combinaria as notas características do chimpanzé, do Pithecanthropos e do homem. Era uma mistura extraordinária. Chamaram a este suposto cock-tail paleontológico de “Hesperopitheus Haroldcookii”, ou mais simplesmente, “Nebraska Man”.

Ele teve vida e fama científica muito curta. Cinco anos depois da descoberta, melhores análises tendo sido realizadas, ficou provado que o “Nebraska Man” não era de modo algum um ser intermediário entre o macaco e o homem. Era simplesmente um fóssil de uma espécie de porco! (Cfr. D. T. Gish, op. cit. pp. 187-188).

 

d) O “Homem” de Pequim

 

Um quarto fóssil, que até hoje é considerado autêntico, embora tenha uma história quase tão misteriosa e rocambolesca quanto o Homem de Piltdown -- inclusive também com a presença da suspeitíssima figura do jesuíta Teilhard de Chardin -- é o “Sinanthropus Pekinensis” ou Homem de Pequim.

Sua história bem complicada começa em 1921, quando dois molares foram encontrados, provenientes de Chou-Kou-Tien, uma aldeia perto de Pequim. Seis anos depois - 1927 - um terceiro molar foi dado ao Dr. Davidson Black. Foram estes três dentes que permitiram começar a falar-se do Homem de Pequim. As escavações no local ficaram entregues à direção do paleontólogo chinês Dr. W. C. Pei, que, em 1928, encontrou no mesmo local fragmentos de crânios e de maxilares inferiores. Black fez dessas peças uma descrição que as dizia mais semelhantes a fósseis de macacos do que de seres humanos.

A partir de 1929, o Padre Teilhard de Chardin -- o mesmo que é acusado de forjar a fraude de Piltdown -- passou a participar das pesquisas em Chou-Kou-Tien, na qualidade de conselheiro geológico...

Coincidentemente, foi em 1929 também, que o Dr. Pei revelou a descoberta de um crânio bem conservado e semelhante ao do Homem de Java. Junto com os fósseis citados foram encontrados também muitos fósseis de diversos tipos de animal.

Três outros crânios foram achados em 1936, quando as pesquisas, desde 1934, ano da morte do Dr. Black, estavam a cargo do cientista americano, mas de origem alemã, Franz Weidenreich. Um desses três crânios foi examinado pelo famoso especialista em fósseis Marcellin Boule, no próprio local do achado, que o disse muito semelhante ao Pithecanthropos de Java. Boule escreveu: “Na totalidade, a estrutura do Sinanthropus é ainda muito parecida com a de um macaco” (Cfr. D.T. Gish, op. cit. p. 192).

Quanto à capacidade craniana desses fósseis, calculou-se que estavam entre 900 e 1200 centímetros cúbicos, isto é, entre a capacidade craniana do macaco e do homem atual. Também os maxilares inferiores, assim como os dentes, foram descritos como sendo parecidos com os de macacos, embora a arcada dental superior fosse em forma de ferradura mais do que em U, como é típica dos macacos.

As características dos fósseis de Pequim, sendo muito próximas das do Pithecanthropus de Java, Boule e Vallois deram-lhe o nome de Pithecanthropus Pekinensis, portanto, muito mais parecido com macaco do que com ser humano. Neste sentido, Boule e Vallois criticaram o Dr. Black por ter denominado o fóssil de Chou-Kou-Tien de Sinanthropus, isto é, Homem da China, quando tinha por base, nesse tempo, apenas dentes, quando seria necessário nomeá-lo apenas quando se tivesse o crânio.

Dos fósseis originais, o Dr. Weidenreich fez tirar um modelo de massa.

Ao começar a guerra chino-japonesa, os ossos teriam sido mandados para os Estado Unidos, e... despareceram. Deles tem-se apenas os modelos de massa feito por Weidenreich, os quais não são fiáveis, pois nem foram tiradas fotos dos fósseis que desapareceram.

O que aumenta ainda mais a suspeita a respeito desses modelos de massa é que, as primeiras descrições feitas deles por Black, e, depois, por Boule e Vallois, diziam que eles se pareciam mais com macacos do que com homens, enquanto que o aspecto dos modelos é inteiramente humano. Os modelos de massa não parecem ter reproduzido fielmente os fósseis originais, mas sim a concepção, as idéias, e o desejo de Weidenreich.

Onde foram parar os fósseis originais? Como desapareceram? Mistério...

A Ciência e o mundo tem hoje que acreditar na fidelidade dos modelos de Weidenreich sem ter os originais para comparação. O Sinanthropus passou a exigir um ato de fé!...

Não só o desaparecimento dos fósseis era um mistério, mas a divergência entre as descrições deles e a aparência atual dos modelos de massa levantam suspeitas muito justificadas. Além disto tudo, havia uma porção de problemas colaterais não resolvidos. Por exemplo, por que só se encontraram crânios, e nenhum osso longo, como os fêmures?

Com efeito, os crânios encontrados em Chou-Kou-Tien -- Todos! E eram quase quarenta! -- tinham um furo no occipital, indicando que haviam sofrido morte violenta. Ora, nas mesmas camadas geológicas, haviam sido achados instrumentos e armas de pedra, assim como sinais de fogueiras (Cfr. H. Brodrick, El hombre pré-histórico, Fondo de Cultura Economica, 1955, apud Atanásio Aubertin, Evolução da espécies, apriorismo e confissões gnósticas, artigo, 1962). Evidentemente, eram provas de que já existiam então homens.

Todos os que estudaram o caso - até mesmo Weidenreich - consideram que os fósseis de Pequim são de seres que haviam sido caçados.

Com muita propriedade perguntaram Boule e Vallois:

“Como explicar a quase completa ausência de ossos longos e esta espécie de seleção de partes ósseas, todas pertencendo ao crânio, e nas quais predominavam os maxilares inferiores? Weidenreich acreditava que estas partes selecionadas não chegaram à caverna [onde foram achadas] por meios naturais, mas que deviam ter sido levadas para lá por caçadores que atacavam principalmente indivíduos jovens, e escolhiam, de preferência, como espólios ou troféus, cabeças ou partes delas. Em si, esta explicação é plausível. Mas o problema é quem era então o caçador?” (Cfr. D. T. Gish, op. cit. p. 195).

Para Weidenreich, o caçador teria sido o próprio Sinanthropus! Ele teria sido, ao mesmo tempo, a caça e o caçador! Boule e Vallois, de modo mais plausível, afirmaram:

O caçador era um verdadeiro homem” (Cfr. Gish op. cit. p. 196)

O problema ficaria resolvido se existissem nas mesmas camadas fósseis humanos verdadeiros. Ora, depois de muitas tergiversações, o Padre Teilhard confessou que, de fato, nas mesmas camadas em que foi achado o Sinanthropus, foram encontrados também fósseis humanos. Logo, o Sinanthropus não foi um antepassado do Homem, já que já havia homens seus contemporâneos.

O Padre Patrick O’Connell que estava na China no tempo da descoberta dos fósseis de Chou-Kou-Tien, em seu livro Science of Today and the Problems of Genesis, afirmou acreditar que o Dr. Pei destruiu fósseis originais antes que o governo chinês retornasse a Pequim, a fim de ocultar que os modelos feitos por Weidenreich não eram cópias fiéis dos fósseis. O’Connell salientou que muito pouco destaque se tem dado ao fato de que os fósseis de 10 homens modernos haviam sido achados no mesmo sítio de Chou-Kou-Tien, e que estes homens estavam relacionadas com os instrumentos de pedra numerosos encontrados nesse local. Conforme O‘Connell, o Sinanthropus é uma fraude.

 

e) A mandíbula infantil de Ehringsdorf

 

Este fóssil foi descoberto em 1916, em camadas do Paleolítico médio, e era da raça de Neanderthal. Era, portanto, um fóssil humano. O que nele causou muito interesse foi o fato de que, embora sendo humano apresentava uma característica dentária macacóide. Nesse fóssil neanderthalense, o dente molar era de raiz, enquanto o segundo pré-molar ainda era de leite. Ora, isto só acontece com a dentição dos macacos, e desde 1939 se provara que a dentição dos neanderthalenses era igual à dentição humana.

Os cientistas americanos K. Koski e S. M. Garnno demonstraram que esse molar era postiço. Haviam arrancado um molar de leite do fóssil de Ehringsdorf, e incrustado em seu lugar um molar de raiz.

Mais tarde, o paleontólogo francês Pierre Legoux, em comunicado à Academia de Ciências de Paris, demonstrou que toda a mandíbula era fraudulenta, tendo sido montada e apresentando flagrantes contradições entre suas partes. (Cfr.Pierre Legoux,Comptes rendus de lÁcadémie de Sciences, tomo 252, p. 1821, ano de 1961, apud Atanásio Aubertin, art. cit.).

 

VI.3 - PRETENSOS ANCESTRAIS DO HOMEM

 

Como vimos, ao ficar comprovado que o homem não descendia do macaco - como pretendera Darwin -- os evolucionistas adotaram a tese de que macacos e homens tiveram um antepassado comum. Embora não se considerando mais filhos de macacos, eles passaram a ter-se como primos deles...

Desse ancestral comum aos macacos e aos homens teria provindo, a cerca de 10 a 17 milhões de anos atrás, o Ramapithecus. Deste, teriam derivado os famosos Australopithecus, que tanto prestígio tem gozado nos Campus universitários, e que tanto tem freqüentado revistas e jornais. Estes rivais em prestígio jornalístico dos maiores cantores do Rock, teria vivido entre 4 e um milhão de anos atrás. Destes Australopithecus, teriam nascido -- entre 1,5 milhão e 300.000 anos atrás -- quer o falsificado por montagem Homem de Java, quer o postalmente escamoteado Sinanthropus. Estes falsos filhos dos Australopithecus são conhecidos como sendo do tipo Homo Erectus, apesar de nada sustentá-los de pé. O que evidentemente lança suspeitas também sobre seus supostos “pais”. As fraudes sobre os filhos foram tantas e tão graves, que a prudência leva ter dúvida a respeito de toda a sua evolucionística família. Por fim, dos fraudulentos filhos do Homo Erectus teria nascido o que se chama hoje de Homo Sapiens, estranha designação que significa apenas Homem, animal racional, e que tão pouco Sapiens se tem revelado, particularmente quando se torna materialista.

Exemplos de Homo Sapiens teriam sido o Homem de Neanderthal e o de Cro-Magnon, que teriam principiado a existir a 100.000 anos atrás.

Estudemos, agora, esta tão falsificada família, para averiguar o que nela pode haver de autêntico, e comecemos pelo bisavô Ramapithecus.

 

a) O Ramapithecus

 

Os primeiros fragmentos fósseis do Ramapithecus foram encontrados em 1915. Em 1932, na Índia, novos elementos deste ser foram achados, mas foi somente em 1960 que a nova ““estrela” do Evolucionismo foi lançada com todo estardalhaço da propaganda que saudou a nova prova de que Darwin acertara. Foram principalmente os paleontólogos David Pilbeam e Elwyn Simons que o apresentaram como sendo o antepassado do Homem.

Com que base afirmavam isto? Com muito pouca base, pois dispunham tão somente de alguns dentes do Ramapithecus, e nada mais.

Com tão pouco fundamento, a vida de astro da evolução do "isavô Ramapithecus foi muito curta. Quando ele tinha apenas 12 anos de fama universitária, já lhe atiraram um primeiro äardo que o atingiu em cheio. O Dr. Robert Eckhardt, da Universidade de Pensilvânia, num artigo publicado em 1972 se perguntava se o Ramapithecus poderia ser tido como um ances4ral do homem, e respondia:

“Se se considera o fator de variabilidade genética, a resposta é não” (Cfr. D.T. Gish, op. cit. p. 141).

Eckhardt fez muitas medições dos dentes do Ramapithecus e do Dryopithecus, pois fora nestas medições que se fundara Pilbeam para afirmar que o Ramapithecus era antepassado do Homem. Ora, segundo as medições feitas por Eckhardt, havia mais variações entre chimpanzés vivos do que entre o Ramapithecus e o Dryopithecus. Eckhardt concluiu então que o Ramapithecus era um macaco, quer quanto a seu aspecto morfológico, como quanto a seu comportamento. Mais tarde, esta conclusão de Eckhardt foi confirmada por outros cientistas que comprovaram que a arcada dentária do Ramapithecus era igual a dos macacos, pois não tinha a forma de ferradura, típica do palato humano. Alan Walker e Richard Leakey estabeleceram em definitivo que o Ramapithecus nada tem a ver com a origem do homem.

O próprio “padrinho” do Ramapithecus - David Pilbeam - afirmou que era um abuso concluir que o Ramapithecus andava ereto, apenas pelo exame dos seus dentes. Apesar disto, Pilbeam insiste que seu Ramapithecus é um hominídeo. Leakey e Walker, porém, consideram-no um mero orangotango, e tão parecido com este animal que eles chegaram a declarar: É herético dizê-lo, pode ser que os orangotangos são fósseis-vivos [do Ramapithecus ]. Entretanto, contradizendo as suas próprias conclusões, Walker escreveu depois que o Ramapithecus era “ancestral do orangotango, do chimpanzé, do gorila e do homem” (cfr. D.T. Gish, op. cit. p. 143).

Após tantas contradições, o Ramapithecus abandonou a passarela da fama, onde fez curta carreira.

 

b) Os Australopithecus

 

Estes continuam em plena glória, sob o foco dos holofotes da mídia e dos intelectuais materialistas.

O primeiro deles foi achado em 1924 por Raymond Dart, que o denominou Australopithecus Africanus. Seu descobridor o apresentava como sendo parecido com os macacos na forma do crânio, mas também semelhante ao homem por algumas particularidades do crânio e dos dentes.

Em 1936, foi achado um crânio de Australopithecus Africanus adulto, em Sterkfontein, no Transvaal. Dois anos depois, em Kromdraai, Robert Broom achou um fóssil que foi classificado como Australopithecus Robustus, por causa de seu aspecto mais rústico, grosseiro e forte, seus dentes grandes e grossos.

Novas e importantes descobertas de fósseis africanos foram realizadas por Louis Leakey e por sua esposa Mary, na década de 1950 a 1960, na garganta de Olduvai, na Tanzânia. Os fósseis por eles encontrados eram semelhantes aos que haviam sido descobertos por Broom.

Pelo que encontraram os Leakey, chegaram à conclusão que os fósseis de Olduvai teriam cerca de 2 milhões de anos. Curiosamente, na mesma camada geológica em que Louis Leakey encontrou os seus fósseis, havia também instrumentos armas de pedra. Um dos filhos de Leakey, Jonathan, achou um crânio fóssil semelhante ao Australopithecus, porém com capacidade craniana bem maior -- cerca de 700 cc. -- o que levou os Leakey a considerá-lo, inicialmente, como um intermediário entre o Australopithecus e o homem. Louis Leakey chamou-o então de Homo Habilis por causa dos instrumentos de pedra achados na mesma camada geológica.

Mais tarde, porém, o próprio Leakey classificou este fóssil como um Australopiteco, por isto seu nome científico atual é Australopithecus Bosei.

Destes Australopitecos, distinguiram-se duas espécies diversas: uma, mais forte, e outra, relativamente mais delicada. São o Australopithecus Robustus e o Australopithecus Africanus, ambos com pequena capacidade craniana (cerca de 500 c.c.), o que os aproxima dos gorilas. Os cientistas evolucionistas, em geral, chegaram à conclusão que estes seres andavam comumente de pé.

Não houve, entretanto unanimidade. O célebre anatomista inglês Solly Lord Zuckerman estudou por mais de 15 anos estes fósseis, comparando-os com os ossos de macacos e de homens, e chegou à conclusão que o Australopithecus é macaco!

Charles Oxnard, outro cientista da Southern California University, tendo estudado o Australopiteco concluiu que, embora a maioria dos estudiosos tivesse considerado que o Australopiteco caminhava de pé, e por isso era tido como antepassado do homem, seus estudos dos ossos deste ser o levavam a dizer que ele nem caminhava de pé, nem parecia ser relacionado com o homem, e nem mesmo com os chimpanzés e com os gorilas.

Rak e Clarke demonstraram também que o osso-bigorna do Australopiteco é mais diferente do osso bigorna do homem, do que o é, o dos macacos atuais. Os macacos atuais são então, neste ponto, mais semelhantes ao homem do que o Australopiteco, e ninguém ousa afirmar - hoje - que o homem vem do macaco. Pois não vem também do Australopithecus.

c) “Lucy”

Particularmente famoso se tornou o fóssil descoberto, em Hadar, na Etiópia, por Donald Johanson e Maurice Taieb, em 1973, e que inicialmente Donald Johanson e Taieb consideraram como sendo de um macaco. O osso que haviam achado era o da junta do joelho. Depois, tendo encontrado outros fósseis, consideraram que esta junta de joelho era semelhante à humana. Daí terem concluído que os fósseis de Hadar teriam pertencido a um ser intermediário entre o macaco e o homem.

Quanto à idade do fóssil, atribuíram-lhe 3.000.000 de anos, o que era um recorde para fósseis humanos. Este seria então o mais velho fóssil humano jamais encontrado.

Tendo examinado a famosa junta do joelho de Hadar, Mary Leakey, Richard Leakey e C. Owen Lovejoy afirmaram que esta junta era a de um joelho humano.

Em novas pesquisas no mesmo local, em 1974, descobriram-se novos fósseis, a respeito dos quais Donald Johanson declarou: “Todas as teorias anteriores sobre a origem da linhagem que leva ao homem moderno, agora, tem que ser totalmente revistas. Nós devemos jogar fora muitas teorias e considerar a possibilidade de que a origem do homem se deu a mais de 4 milhões de anos atrás" (Cfr. D.T. Gish, op. cit. p. 152).

No mês seguinte (novembro de 1974), Johanson achou um fóssil de um osso do braço de um hominídeo, e, depois, encontrou partes de um crânio, e outros ossos, formando, no total, cerca de 40% de um esqueleto. Era o esqueleto fossilizado de um ser feminino que Johanson denominou de “Lucy”, por que, na hora da descoberta, ouvia a canção dos Beatles Lucy in the Sky with Diamonds (cujas iniciais eram as do ácido lisérgico, LSD).

O crânio que haviam encontrado parecia ser o de um macaco, e sua capacidade era de cerca de 380 a 450 c.c.

Johanson se apressou a proclamar que “Lucy” era um hominídeo de 3,5 milhões de anos, que andava de pé, tal qual os homens atuais, embora tivesse crânio macacóide.

Em 1975, novos fósseis foram encontrados em Hadar. Pertencia eles a 13 indivíduos, sendo 9 adultos e 4 seres ainda jovens. Johanson logo chamou-os de “A Primeira Família”.

No ano seguinte (1976), Donald Johanson e Maurice Taieb publicaram um trabalho no qual diziam que o material achado pertencia ao gênero Homo, e que “Lucy” tinha aspectos semelhantes ao Austalopitheco.

Gish mostra que o ter dado um nome de mulher a seu fóssil, o usar expressões como “A Primeira Família”, “crianças”, e ainda outros termos referentes a seres humanos induzia as pessoa a crer que, de fato, “Lucy” era o famosos elo perdido entre o macaco e o homem.

Entretanto, logo surgiram as contestações. Tim White, cientista que Johanson associara a suas pesquisas, divergiu dele, e afinal o convenceu de que os fósseis de Hadar eram simples Australopithecos. Desde então mudou-se a sua denominação para “Australopithecus Afarensis”.

Montou-se então o seguinte quadro geral:

 

 

Esta pretensa árvore genealógica do homem colocava um sério problema.

Pelos longos anos de estudo feitos por Lord Zuckermann e por Oxnard a respeito dos Australopithecus Africanus e Robustus, ficara comprovado que eles não andavam com os dois pés, ao modo humano. Ora, se isto era certo, como então um antepassado deles - Lucy - já andava de pé há milhões de anos antes? Algo estava errado.

Outros cientistas, tendo estudado melhor os fósseis de Hadar, concluíram que eram meros Australopithecus Africanus, contra a pretensão de Donald Johanson.

Jack T. Stern e Ronald Susman, anatomistas da Universidade de Nova York, concluíram por seus estudos dos fósseis de Hadar que eles eram seres que trepavam em árvores, levando vida quase que exclusivamente arbórea, embora ocasionalmente pudessem andar de pé, no chão. Isto derrubava as pretensões de Donald Johanson de apresentar a sua “Lucy” como ser hominídeo.

Stern e Susman mostraram que “Lucy” e a “Primeira Família” tinham inúmeras características macacóides, entre as quais:

a) mãos longas e curvas, parecidas com as dos chimpanzés, e apropriadas para agarrar galhos;

b) pés longos, encurvados e muito musculosos, próprios de seres que trepam em árvores;

c) a cavidade glenóide era também típica de trepadores em árvores;

d) a lâmina ilíaca era mais parecida com a do chimpanzé do que à do homem;

e) a cabeça do fêmur era mais parecida com a do chimpanzé do que com a do homem;

f) o mesmo se dava com a fíbula;

g) a famosa junta do joelho, que Donald Johanson classificara como muito semelhante à humana ou diretamente humana, foi considerada como macacóide e própria para locomoção arbórea.

De tudo isto Stern e Susman concluíram que os fósseis de Hadar -- inclusive “Lucy” -- eram Australopithecus, e que sua bipedalidade ocasional era semelhante à dos chimpanzés e macacos-aranha.

Por sua vez, Paul Turtle, um antropólogo de Chicago, concordou com Stern e Susman na tese de que “Lucy” devia ter tido vida arbórea.

 

d) O Crânio 1470 do Homem do lago Turkana

 

Richard Leakey, um dos filhos do casal Louis e Mary Leakey, tornou-se famoso pelas descobertas feitas por sua equipe junto às margens do Lago Turkana( ex Lago Rodolfo), na África Oriental.

Richard Leakey, embora tendo aproveitado os ensinamentos e experiência de seus progenitores, não teve formação universitária regular, o que o obriga a recorrer a especialistas para analisar e classificar suas descobertas fósseis.

Em 1968, Richard Leakey descobriu três maxilares fósseis de Hominídeos, junto ao Lago Turkana. No ano seguinte, ele encontrou um crânio de Australopitheco Bosei, semelhante ao chamado Homem de Olduvai, encontrado em 1959.

Em 1972, um dos homens da equipe de Richard Leakey -- Bernard Ngeneo - achou restos fraturados de um crânio que foi denominado posteriormente de Crânio 1470, número tirado da classificação do fóssil no Museu Nacional do Kenya. Os fragmentos encontrados foram ajuntados e solidificados, formando o crânio de um ser que classificaram como hominídeo.

Richard Leakey atribuiu a esse crânio 1470 uma idade tão grande que pode, então afirmar: “Ou jogamos fora este crânio, ou jogamos fora nossas teoria sobre o homem primitivo”.

Em particular, a descoberta de Richard Leakey mais do que punha em cheque o fóssil de Donald Johanson: eliminava-o como ancestral do homem, pois, se o Cr&acir#;nio 1470 era a de um antepassado do homem, então, o fóssil conhecido como Lucy não poderia mais ser considerado como tal. Os evolucionistas tinham que escolher entre um ou outro. Os dois não poderiam ser antepassados do homem.

Ocorre que também Donald Johanson considerava que, depois da descoberta de “Lucy”, nenhuma teoria sobre a origem do homem poderia ignorá-la.

O Crânio 1470 era surpreendentemente avançado para a enorme idade que atribuíam - entre 3 e 4 milhões de anos. Ele não apresentava os ossos superciliares salientes, e o topo dele era elevado. Sua capacidade craniana era de cerca de 800 c/c., e seu aspecto era ainda mais moderno do que o do Homo Erectus, isto é, ele tinha uma aparência mais próxima do homem atual do que o Homem de Java e a do Homem de Pequim.

Assim o descreveu Leakey: “No seu conjunto, a forma da caixa craniana lembra notavelmente a do homem moderno, faltando-lhe as pesadas e salientes arcadas orbitais, que s&ati,de;o características do Homo Erectus de depósitos recentes na África e na Ásia" (Walteò Sullivan, art. Crânio aumenta a história, in O Estado de São Paulo).

A descoberta de Richard Leakey jogava no lixo, todos os fósseis idolat2ados pelos evolucionistas. E ele fazia questão de apresentá-lo como o mais autêntico e comprovado antepassado do homem.

“Embora o crânio seja diferente do da nossa espécie Homo Sapiens,é diferente também de todas as outras formas conhecidas do homem primitivo, não se encaixando, pois, em qualquer das teorias existentes sobre a evolução do homem”, afirmou R. Leakey. (Cfr. Walter Sullivan artigo Crânio aumenta a História, in O Estado de São Paulo, ).

Em 1981, surgiu uma primeira divergência. Enquanto Richard Leakey insistia que o Crânio 1470 era o de um Homo Habilis, um de seus cientistas adjuntos, Alan Walker afirmava que ele era um Australopiteco.

Apesar disto Leakey insistia. Em uma conferência em San Diego, na Califórnia ele afirmou: “O Crânio 1470 invalida todos as teorias correntes sobre a origem do homem, mas nada existe para ser colocado no lugar delas” (Cfr. D.T. Gish, op. cit. p. 166).

Outras dúvidas surgidas dizem respeito à datação do Crânio 1470: embora encontrado numa camada antiga, ele estava tão pouco fossilizado que tiveram que empregar substancias especiais para solidificá-lo, e até um pingo que caísse sobre ele era capaz de furá-lo. Se era tão antigo, ele deveria ter um grau muito maior de petrificação. O próprio R. Leakey, assim como Alan Walker, haviam afirmado isto. Entretanto, em 1973, Leakey disse que todos os fósseis achados no Lago Turkana era pesadamente mineralizados. por que a contradição?

Em debate com Donald Johanson, R. Leakey fez um grande x sobre a árvore genealógica do homem proposta por Donald Johanson em que “Lucy” era a figura principal, e quando este lhe perguntou o que colocava em seu lugar, Leakey escreveu um grande ponto de interrogação. Sobre esta grande divergência, James Lewin, um articulista da famosa revista científica “Nature”, escreveu seu famoso livro “The bones of contention” (“Os ossos da discórdia”), deixando claras as divergências entre os antropólogos evolucionistas em nossos dias. Tal foi o escândalo causado pelo livro de Lewin, que um dos comentadores do livro escreveu que “ao contrário do muitos apregoam, a ‘objetividade’ científica é um mito" (Folha de São Paulo, 1989)

Tendo em vista os dados contraditórios entre o Australopitheco “Lucy” e o Crânio 1470, Stephen Jay Gould afirmou:

“Que restou de nossa escada, se há três linhagenes coexistentes de Hominídeos (A. Africanus, o robusto Australopicineos, e o H. Habilis), nenhum deles derivando claramente do outro? Mais ainda, nenhum dos três desenvolvendo nenhuma força evolucionária durante sua existência na terra: nenhum deles se tronando mais cerebral ou mais ereto à medida que se aproximavam dos dias atuais." (S. Jay Gould apud D.T. Gish, op. cit. p. 171)..

Por essas razões Stephen Jay Gould passou a acreditar que não houve uma linhagem direta, uma ““escada que levasse do animal ao homem diretamente, mas que a evolução se teria dado mais como um arbusto que se ramifica em várias direções do que como uma linhagem direta.

É um modo de manter o dogma da evolução de pé -- como um arbusto -- já que a escala evolucionista desabou.

 

 

VI.4 - FÓSSEIS HUMANOS AUTÊNTICOS

 

Enquanto se faz questão de acentuar características dos Australopithecus para que se pense que eles são verdadeiros ancestrais do homem, procura-se fazer crer que os fósseis que são realmente humanos tinham traços quase animais. O chamado “Homem de Neanderthal está exatamente nesse caso. Procurou-se pintá-lo de tal modo parecido com um macaco, que alguém disse, com finura, que esse tenha sido um dos homens mais caluniados da História.

O primeiro fóssil desse tipo foi descoberto em 1854, no vale do rio Neander, perto de Dusseldorf. Em 1908, outro fóssil semelhante foi achado em Saintes, na região de Corrèze, na França. Depois, inúmeros outros exemplares foram encontrados através da Europa e Ásia, demonstrando que o chamado Homem de Neanderthal habitou vastas regiões do mundo. Essa raça teria vivido desde uns 200.000 a 35.000 anos atrás.

O fóssil clássico de Neanderthal tinha como característica mais marcante a grande saliência super-orbitária. Além disto, sua testa era pequena, com ângulo facial acentuado, mandíbula proeminente. Seus ossos indicam que ele tinha uma constituição física mais corpulenta que o homem atual

Embora seu rosto tivesse traços grosseiros, que as reconstituições acentuaram ainda mais para aproximá-las do simiesco -- evidentemente para que se tendesse a aceitar a tese evolucionista -- o Homem de Neanderthal tinha uma capacidade craniana maior do que a do homem atual! Sabe-se bem que importância deram os evolucionistas à capacidade craniana como elemento comprovador da humanização. Mas, no caso do Homem de Neanderthal, raramente se encontra um livro que destaque o fato de que ele tinha maior volume e capacidade craniana cerca de 10% maior do que a do homem de nossos dias.

Quanto à sua exagerada saliência supra-orbital, sabe-se, hoje, que isto era causado por acromegalia degenerativa, provocada por alimentação inadeqüada.

Marcelin Boulle generalizou a idéia de que o Homem de Neanderthal andava com a perna um tanto dobrada, e o corpo um tanto inclinado, como os gorilas. Entretanto, muitos crânios neanderthalenses encontrados apresentam o foramen magnum idêntico ao dos crânios modernos, provando que a pretensa posição curvada que lha foi atribuída é imaginária.

Daniel Cohen afirma que o aspecto estúpido e a brutalidade comumente atribuída ao Homem de Neanderthal “são antes conjeturas que refletem a formação e os preconceitos do artista” que o reconstituiu. E acrescenta:

“Não há prova nenhuma de que ele fosse estúpido. Na realidade é um tanto desconcertante observar que o tamanho médio do comportamento cerebral do Homem de Neanderthal é um pouco maior do que o do homem moderno -- 1600 c.c. -- comparado com os 1.450 c.c. deste último “ (Daniel Cohen, Estudo do Homem de Neanderthal, in O Estado de São Paulo, 19 / I / 1969).

François Bordes diz deste fóssil que agora focalizamos:

“Reconstituições os apresentam como um pouco melhores do que os grandes macacos, e suas ferramentas são descritas como grosseiras (...) A verdade é, entretanto, inteiramente diferente” (F. Bordes, Mousterian cultures in France, artigo na revista Science, vol. 134, p. 803, 1961).

O naturalista N. Mercier, analisando as descobertas arqueológicas feitas em St,. Cesaire (França), em 1979, chegou à conclusão de que o Homem de Neanderthal coexistiu com o Homem de Cro-Magnon. Isto comprova então que o Homem de Neanderthal não foi predecessor do Homem de Cro-magnon. Além disso, ambos foram fabricantes de instrumentos e ferramentas toscas, embora as do Homem de Cro-Magnon sejam mais perfeitas.

Ora, em St. Cesaire foram achados fósseis neanderthalenses junto com instrumentos feitos pelo Homem de Cro-Magnon!

Em 1989, a revista Nature publicou um artigo de autoria de cientistas franceses e israelenses anunciando a descoberta de um esqueleto neanderthalense, que possuía o osso hióide, que é absolutamente fundamental para a fala. Isto comprovava que o Homem de Neanderthal era anatomicamente capaz de falar.

O Dr. Baruch Arensburg da Universidade de Tel Aviv afirmou que os esqueletos encontrados numa caverna em Kebara, em Israel, tinha 60.000 anos. O osso hióide deste fóssil é idêntico em formato, tamanho, e posição ao do homem moderno, e, portanto, o Homem de Neanderthal podia falar tanto como o chamado Homo Sapiens.(Cfr. O Estado de São Paulo, 28 / IV / 1989).

Outra descoberta feita nas grutas de Shrinadar, na Pérsia, entre 1950 e 1980 pelo Dr. Ralph Solecki, da Universidade de Colúmbia, indica que o Homem de Neandrethal praticava já um culto aos mortos. Solecki encontrou em Shrinadar sete esqueletos neanderthalenses recobertos de pó, que examinado, revelou possuir uma grande porcentagem de pólen de flores. Ora, isto indicava que o Homem de Neanderthal compreendia o símbolo da flor, e, se colocava flores sobre seus mortos, era porque acreditava que alguma coisa deles continuava a existir mesmo após a morte e putrefação dos cadáveres. Portanto, acreditavam que havia algo imortal no homem, e que, de algum modo, haveria um vida após a morte.

A respeito disso, diz Daniel Cohen:

“A descoberta das flores mortuárias de Shrinadar veio reforçar um argumento há muito tempo exposto por uma minoria combativa de antropólogos e paleontólogos - que o Homem de Neanderthal é um antepassado direto e perfeitamente digno do homem, e não uma espécie de produto final de uma evolução simiesca”.

 

 

 


 

 

VII - EVOLUÇÃO E FÉ
 

 

 

 

VII.1 - O Problema da Evolução para a Fé

 

Na História da Igreja, sempre que aparece uma heresia, surge, em seguida, uma corrente que passa a defender uma posição intermédia entre a ortodoxia e a heresia condenada. E, normalmente, é mais perigosa a “semi”-heresia do que a heresia primeira rotundamente proposta. Evidentemente, não existe uma “semi”- heresia. Ou uma tese é ortodoxa ou é herética. Mas a Igreja, sabiamente sempre distinguiu, na heresia e no erro, matizes mais ou menos graves. É com a “semi”-heresia, com as afirmações veladas e torcicolosas, com as teses suspeitas e com sabor de heresia que os hereges buscam, sempre e astuciosamente, infiltrar suas doutrinas mais heterodoxas.

Por outro lado, assim como há pessoas mais comedidas e tendentes ao equilíbrio, outras há que, fingindo combater exageros e posições extremas, na verdade, estão sempre buscando acordos com o erro e com o mal. Estas últimas são os mais perigosos veículos do erro, pois sua aparente moderação lhes dá um crédito que lhes facilita a introdução de erros velados. A heresia oculta ou velada é sempre a mais perigosa.

Com a aparição da tese herética de Darwin -- e herética porque negadora de que há um só Deus "criador de todas as coisas visíveis e invisíveis” -- logo surgiram católicos que procuraram defender uma conciliação entre o evolucionismo darwinista e o catolicismo.

Evidentemente, é preciso distinguir entre aqueles que procuravam estudar a questão, buscando escoimar o que talvez pudesse haver de verdade científica no que diziam os evolucionistas e a doutrina católica. Estes merecem louvor, enquanto procurando salvar a verdade, tinham em mira a condenação clara e total da heresia.

Contudo, outros houve que, a pretexto de salvar a verdade, buscavam e buscam, de fato, uma aprovação da tese errônea. É este “evolucionismo cristão” -- o evolucionismo mitigado -- que pretendemos criticar.

A heresia que deu acolhida aberta ao evolucionismo aplicado até mesmo à metafísica e à Teologia foi o Modernismo, a heresia mais sutil e camaleôntica como jamais houve outra. O Modernismo defendeu a tese de que a própria Divindade evoluía, e, assim sendo, todo ser evoluía também. Em conseqüência, a verdade seria constantemente mutável e jamais poderia se afirmar algo como estável. Por isso, os próprios dogmas da Igreja evolueriam, no tempo. Tudo seria então relativo e instável. Credo, Moral, Estética, verdade, bem e beleza, tudo seria mutável. E sobre este relativismo metafísico que se construiu a Babel do século XX, com sua incerteza doutrinária, seu relativismo moral, sus anti-arte, e mesmo - após o Vaticano II -- sua Nova Igreja evolutiva, humanista e instável.

Na base de todos estes erros do Século de Auschwitz e do Gulag está o evolucionismo darwinista.

Relembremos então que:

1) Darwin lançou a sua teoria da Evolução das espécies como tese comprobatória do materialismo e do ateísmo. Foi por isso que ele recebeu a admiração e o apoio de Karl Marx.

2) Além disto é absolutamente necessário frisar que o evolucionismo é fruto de uma concepção metafísica de cunho gnóstico, pois que a tese de que todo ser evolui está na essência da Gnose, e exige uma metafísica dialética inconciliável com o catolicismo.

3) A heresia Modernista - condenada por São Pio X na encíclica Pascendi -- era gnóstica e, como tal, tinha que defender uma metafísica evolucionista que ela aplicava quer à própria Divindade, quer ao seres criados.

4) Condenado o Modernismo, ele não desapareceu. Pelo contrário está hoje triunfante, quer nos ambientes teológicos, quer nos boletins paroquiais, desde o simples sacristão até nos documentos episcopais, desde as simples beatas que repetem o que diz o vigário como se fosse palavra infalível, até nos documentos do Vaticano II, concílio pastoral, portanto falível.

Vimos, nos capítulos anteriores deste trabalho, que o evolucionismo jamais foi comprovado cientificamente. Nos meios científicos mais idôneos, ele sofreu, e sofre ainda mais hoje, após as descobertas bioquímicas, contestações contundentes. Paradoxalmente, nos meios religiosos seu prestígio cresceu. Entre os cientistas, o evolucionismo é tido como tese não comprovada e até como bazófia. Desgraçadamente, nas fileiras do clero, ele é tido por muitos eclesiásticos quase como um dogma. Certos padres temem mais atacar a evolução do que a existência do inferno.

Um século depois da morte de Darwin, suas teorias continuam no estágio de hipótese. E de uma hipótese sobre a qual caiu a desonra de várias ações fraudulentas. Mas, se o evolucionismo materialista padece de tantas hipotecas e fraudes, o evolucionismo mitigado fez carreira. E carreira eclesiástica.

Embasbacados ante o progresso científico, extasiados ante os avanços da técnica, e na ânsia de conciliar a Igreja com o mundo moderno - tese condenada pelo Syllabus de Pio IX -- muitos católicos procuraram harmonizar Darwin e Moisés, o evolucionismo e o criacionismo. Inventou-se o evolucionismo mitigado, um darwinismo “cristão”.

Para o evolucionismo mitigado, a tese central do darwinismo seria certa: a evolução, de fato, existiria e estaria já comprovada. Entretanto, eles procuram batizar o Darwinismo, afirmando que Deus teria já criado o mundo sob a lei da evolução. Em determinado momento da evolução, Deus teria tomado um animal e lhe teria infundido uma alma imortal. Deste modo, Darwin poderia receber o “Nihil Obstat” e o “Imprimatur” episcopal e, mesmo, pontifício.

O principal “evolucionista cristão” foi o Padre jesuíta Pierre Teilhard de Chardin, famoso por sua participação nas fraudes do Homem de Piltdown e do Sinanthropus Erectus, como também por seu sistema gnóstico - panteísta - cristão, inteiramente afim à heresia modernista..

Outro importante defensor do evolucionismo mitigado foi o famigerado Cardeal Augustin Bea, ele também jesuíta, confessor de Pio XII, de quem foi muito amigo, e, depois, um dos principais responsáveis pelos erros ecumênicos do Vaticano II, especialmente nos documentos sobre ecumenismo e sobre os judeus. Teria sido o Cardeal Bea o inspirador da encíclica “Divino Aflante Spiritu”, de Pio XII, que entreabriu suave silenciosamente as portas da Igreja para erros muito graves. Teria sido ele também o inspirador de Pio XII na redação da encíclica “Humani Generis”, particularmente na parte que trata da evolução.

Na “Humani Generis” Pio XII faz restrições às teses evolucionistas, especialmente quanto às conseqüências que decorreriam da aceitação da origem simiesca do homem.

Com efeito, se o homem veio do macaco -- ou de qualquer outro animal que fosse -- seria lógico admitir que vários macacos teriam evoluído até o estágio humano. Deste modo, os homens não descenderiam de um só casal. Teriam existido vários casais originais das várias raças humanas. Não teria existido o monogenismo, e sim um poligenismo.

Em conseqüência, a tese do pecado original de Adão e que foi herdado por todos os homens ficaria comprometida. E, com o poligenismo e a negação do pecado original, eram comprometidas a redenção por Cristo, o Batismo, a Igreja e toda a revelação. Por isso, Pio XII, na Humani Generis, afirmou que o poligenismo de modo algum poderia ser aceito.

Pio XII, inicialmente nessa encíclica, tomou posição firme contra o evolucionismo ao dizer:

“Há efetivamente, alguns que, admitindo sem prudência e discrição o sistema que chamam da evolução, que ainda não está provado de modo indiscutível no próprio campo das ciências naturais, pretendem estendê-lo à origem de todas as coisas, e audaciosamente sustentam a opinião monística e panteísta de um universo sujeito à contínua evolução; opinião que os fautores do comunismo aceitam com fruição, para defender e propagar mais eficazmente seu materialismo dialético, arrancando das almas toda noção teística.

“Os delírios de semelhante evolução pelos quais se repudia tudo o que é absoluto, firme e imutável, abriram caminho para a nova filosofia aberrante que, em concorrência com o “idealismo”, “imanentismo” e “pragmatismo”, recebeu o nome de “existencialismo”, como quer que, desdenhadas as essências das coisas, só se preocupa com a existência de cada um singularmente.”

Pio XII lembra, depois que, muitos católicos pediam que a Igreja levasse o mais possível em conta as novas descobertas da Ciência. O Papa diz então que, quando se tratar de verdadeiras descobertas científicas, certamente a Igreja deve levá-las em conta. Mas, quando se trata de meras hipóteses ainda não comprovadas, deve-se agir com bastante prudência.

“... o magistério da Igreja não proíbe que, conforme o estado atual das ciências humanas e da sagrada Teologia, se trate nas investigações e disputas dos entendidos em um e outro campo, da doutrina do “evolucionismo” enquanto busca a origem do corpo humano em uma matéria viva preexistente - pois as almas nos manda a fé católica sustentar que são criadas imediatamente por Deus -- ; porém, de maneira que com a devida gravidade, moderação e temperança, se sopesem e examinem as razões de uma e outra opinião, isto é, dos que admitem e dos que negam a evolução, e desde que todos estejam dispostos a obedecer ao juízo da Igreja, a quem Cristo encomendou o encargo de interpretar autenticamente as Sagradas Escrituras e defender os dogmas da Fé”.

Estas palavras de prudência foram ditas para um mundo impregnado de princípios e de mentalidade evolucionista e relativista. Foi como se alguém permitisse a discussão, num clube em que houvesse muitos alcoólatras, dos possíveis benefícios do vinho, já que diz a Escritura “O vinho alegra o coração do justo “.

A posição assumida pela Humani Generis, embora tendo condenado o poligenismo, abriu a porta para uma quiçá possível comprovação do evolucionismo pela Ciência, e daí sua aceitação pela doutrina católica.

Pio XII constatava que, já em seu tempo, muitos pensadores católicos haviam ultrapassado os limites prudenciais de uma simples discussão sobre a hipótese evolucionista, tratando do problema, como se ele fosse já tese cientificamente comprovada. O Papa lamentava essa atitude imprudente, mas lembrava a estes que o poligenismo não era admissível.

“Mas, quando se trata de outra hipótese, a do chamado poligenismo, os filhos da Igreja não gozam da mesma liberdade. Porque os fiéis não podem abraçar a sentença dos que afirmam que depois de Adão existiram na terra verdadeiros homens que não procederam daquele como do primeiro pai de todos por geração natural, ou que Adão significa uma espécie de multidão de primeiros pais” (Pio XII, Humani Generis, Denziger 2328).

São, pois, duas as teses consideradas inadmissíveis por Pio XII:

 

1) que depois de Adão nem todos os homens descenderam dele, por geração natural;

2) que o nome de Adão designa uma multidão de pais, e não apenas uma só pessoa humana.

 

O texto, porém, é bastante sutil.

Deve-se admitir que DEPOIS de Adão todos os homens descendem dele.

E ANTES de Adão?

O texto de Pio XII deixa aberta a possibilidade de que tivessem existido homens antes de Adão!!!

E esta possibilidade permitiria conciliar o evolucionismo com o catolicismo. E foi por esta brecha que os evolucionistas e modernistas se precipitaram, para invadir a fortaleza católica. E a invasão foi de tal porte, e de tal importância que João Paulo II, no discurso que já citamos à Academia Pontifícia de Ciências em outubro de 1996 admite que o evolucionismo deixou de ser hipótese para ser tese cientificamente demonstrada, quando para a Ciência mais “up to date” o evolucionismo darwiniano é “BAZÓFIA”.

O próprio Cardeal Bea -- de tão triste memória -- afirmou que o evolucionismo enfrenta obstáculos intransponíveis para conciliar-se com os dados da Escritura. Ainda quanto à origem do corpo de Adão, diz o Cardeal Bea, seria possível haver uma tentativa de harmonização entre evolucionismo e catolicismo. O problema é Eva!

Porque a Sagrada Escritura afirma que Eva foi tirada de Adão, e para o evolucionismo, ela também teria que ter tido origem de um animal preexistente. Impossível harmonizar Escritura e evolução.

A Sagrada Escritura diz ”Não!” ao evolucionismo!

Vejamos então agora, sinteticamente, o que se pode argumentar contra o evolucionismo mitigado.

Evidentemente, todos os argumentos de caráter metafísico que enfileiramos contra o evolucionismo valem também contra o evolucionismo em sua forma mitigada, modernisticamente cristã. E, em primeiro lugar, o princípio de que do menos não pode provir o mais.

Os evolucionistas mitigados admitem que Deus teria criado a matéria sob a lei da evolução, e que, da matéria bruta até a célula, e da célula até o animal, teria existido, de fato, evolução do menos para o mais. Afirmam ainda que, em certo momento da evolução, Deus teria infundido uma alma racional em um animal já existente.

Ora, se Deus teria criado toda a natureza sob a lei da evolução, para que precisaria Ele ter intervindo para criar a alma humana? Não seria a alma racional, ela também, fruto dessa evolução?

E, para estes evolucionistas, o que diz a Escritura não seria obstáculo à sua teoria, porque, se se pode discutir, como diz Pio XII, a origem simiesca do homem, apesar dos dados da Escritura, por estes dados deveriam ser aceitos quando se trata da alma humana?

Deus criou o universo à sua imagem e semelhança. Todas as coisas visíveis foram feitas para refletirem as qualidades invisíveis de Deus. É o que ensina São Paulo na Epístola aos Romanos: “Porque as qualidades invisíveis de Deus, depois da criação, tornaram-se visíveis, sendo compreendidas através das coisas criadas" (Rom. I,20).

Ora, Deus é imutável, e sua imutabilidade tem que ser refletida por alguma coisa nas coisas mutáveis criadas. E uma das coisas pelas quais se reflete a imutabilitade de Deus nas coisas mutáveis é a imutabilidade das formas e das espécies. Deus fez as coisas acidentalmente mutáveis, com essências ou naturezas imutáveis. (Cfr. Collin, Manual de Filosofia Tomista, Gilli, Barcelona, 1950, n. 65, I vol, p. 107).

O evolucionismo mitigado, admitindo a evolução apenas da matéria, não escapa das condenações feitas pela Igreja contra o Relativismo e o Modernismo. Pois, se há evolução contínua da matéria, então é impossível formar-se idéia estável do que seja qualquer coisa. Não se poderia ter idéia do que cada coisa é. Não existiria então verdade, adequação da idéia do sujeito conhecedor ao objeto conhecido, porque tanto o objeto quanto o sujeito observador estariam em contínua mudança. Não existiria a verdade. O evolucionismo - mitigado ou bruto - leva ao relativismo heraclitano, destruindo toda a Criteriologia católica, com desastrosas e heterodoxas conseqüências teológicas.

É porque o evolucionismo conduz logicamente ao materialismo e ao relativismo que os marxistas o apóiam totalmente. O evolucionismo mitigado abre então as portas para a introdução do relativismo e do socialismo entre os católicos. Aliás, foi o que se registrou em toda a conturbada História do século XX

No decreto Lamentabili, o Papa São Pio X condenou as seguintes teses como expressões da heresia e da mentalidade Modernista:

“LVIII: A verdade não é menos imutável do que o homem, pois que evolui com ele, nele e por ele”.

“LXIV: O progresso das Ciências exige que se reformem os conceitos da doutrina cristã sobre Deus, a Criação, a Revelação, a Pessoa do Verbo Encarnado e a Redenção”.

(Note-se que São Pio X condena a idéia modernista da revisão do conceito católico sobre a criação, que os Modernistas desejavam conciliar com a “Ciência” evolucionista).

Convém recordar ainda que a doutrina da imutabilidade das essências criadas se acha respaldada pelo próprio texto sagrado, já que no Gênesis se repete por dez vezes que Deus criou as coisas “segundo a sua espécie’, ao dizer que cada planta e cada animal tinha frutos e filhotes “segundo a sua espécie” isto é, de acordo com o seu DNA.

Por outro lado, é preciso levar em grande conta que, na Sagrada Escritura o verbo “Bara” -- criou -- só é utilizado quando o seu sujeito é Deus, e que esse verbo significa sempre o fazer de Deus. Bara significa sempre que Deus fez algo que transcende a ordem natural, ou que fez algo novo. (Cfr. Num. XVI, 30 e Jer. XXXI, 22).

No capítulo I do Gênesis, o verbo “Bara” é empregado para dizer que Deus fez algo novo, que fez algo do nada, isto é, que Deus criou. Então, quando se lê, nesse capítulo I do Gênesis, que Deus diz: “Façamos -- (Bara) -- o homem à nossa imagem e semelhança" (Gen. I, 26), deve-se entender que Ele criou o homem.

Note-se ainda que não está dito: “Façamos a alma do homem”, e sim “Façamos o homem”. Ora, o homem não é apenas a alma. É também o corpo. Deve-se então entender que Deus criou o homem - corpo e alma.

Evidentemente, deve-se lembrar que o texto sagrado diz expressamente que Deus fez o corpo do homem do limo da terra, isto é, que o corpo do homem não foi criado do nada, mas que o Criador utilizou uma matéria criada precedentemente. E o evolucionismo mitigado pretende então que por “limo da terra” pode-se entender um animal já existente.

Esta interpretação é bastante forçada, pois se tivesse Deus usado o corpo de um animal já existente para fazer dele o corpo do homem, o normal seria ter dito isso mesmo. Para que e por que chamar o macaco de limo da terra? Afirmar que “limo da terra” deve ser entendido como macaco ou primata, é apenas um “wishfull thinking" do evolucionismo mitigado, sem qualquer base lógica ou exegética.

Ademais, a alma humana devia ser infundida num corpo material que lhe fosse proporcionado. O corpo está para a alma, assim como a matéria está para a forma substancial. Infundir uma alma humana num corpo de um primata seria tão incoerente como por um programa sofisticadíssimo de computador no primitivo modelo AT. O programa não funcionaria, pois o “hardware" não seria proporcionado a um mais sofisticado “software”. O cérebro e o sistema nervoso de nenhum animal é suficiente para permitir o “funcionamento” da alma humana. Logo, Deus não utilizou o corpo de nenhum animal para infundir nela a alma humana racional.

O corpo serve a alma captando, através dos sentidos materiais, as informações necessárias para que a potência intelectiva da alma abstraia o conhecimento racional. Além disto, a alma usa o corpo para exprimir idéias e sentimentos. Ora, todo órgão usado para exercer uma função tem que ser proporcionado a ela, a fim de que a função possa ser convenientemente exercida por ele. Nenhum corpo animal é proporcionado e capaz de ser usado pela alma racional humana. logo, Deus não infundiu alma humana num animal já existente, para criar o homem. Ele fez da terra um corpo especialmente apto para receber a alma racional. (Cfr. São Tomás, Suma Teológica, I, q 76, a. 5).

Por isso também é que São Paulo ensinou: “Nem toda carne é a mesma carne, mas uma é certamente a carne dos homens, e outra a dos animais; uma a das aves, e outra a dos peixes" (I Cor. XV, 39).

Se a carne dos homens não é a mesma do que a dos animais, isto significa que o corpo dos homens não é o mesmo que o dos animais, e que, portanto, Deus não infundiu a alma humana num animal já existente, para criar o homem.

“É doutrina teologicamente comum, sancionada por um decreto da Comissão Bíblica, que o relato do Gênesis ensina a formação imediata do corpo de Adão, e, sobretudo, o de Eva, o que descarta a produção do corpo humano por via de evolução”. (E. Collin, Manual de Filosofia Tomista, Luis Gillii editor, Barcelona, 1950, vol I, n. 145, p. 208).

Aliás, se Deus tivesse utilizado um ser já vivo, e em cujo corpo teria infundido uma racional, é evidente que o homem e este animal teriam o mesmo código genético, e então seria possível um cruzamento entre eles. Ora, o macaco não tem código genético idêntico ao do homem. São duas espécies diferentes, e, por isso mesmo, é impossível um cruzamento entre eles.

Outra dificuldade com que se depara o evolucionismo mitigado é que o relato bíblico diz:

“O Senhor Deus formou, pois, o homem do barro da terra e inspirou no seu rosto um sopro de vida, e o homem tornou-se alma vivente" (Gen. II, 7).

Tenha-se atenção que o texto diz claramente que Deus inspirou no rosto do homem “Um sopro de vida, e o homem tornou-se alma vivente”. Logo, o corpo plasmado de barro não tinha vida. Não era, pois, o corpo de um animal já existente. A menos que se queira dizer que Deus utilizou o corpo de um macaco ou primata já morto, o que seria bem ilógico -- pois teria que se admitir a evolução de um corpo animal morto para um corpo vivo e mais perfeito que o do animal -- e pouco digno.

Se Deus inspirou vida ao corpo que plasmara, esse corpo era inanimado e não morto. Por isso a Escritura diz que Deus fez o homem do limo da terra, isto é, de uma matéria inorgânica e não morta.

E se fosse legítimo dar à expressão “limo da terra” tal amplitude que poderia ser entendida como “animal já existente”, que se deveria entender, -- e que restaria da Fé --aplicando-se a mesma amplitude ao anjo da anunciação, ou ao sentido de ressurreição?

Chegar-se-ia lógica e hereticamente onde chegaram Loisy e Hans Kung. Este último afirmando que a ressurreição de Cristo foi a maior fraude da História.

Se Deus tivesse agido como interpretam os evolucionistas mitigados, toda a narração da Escritura sobre a moldagem do corpo de Adão por Deus seria inútil e enganadora.

O nome de Adão e a palavra hebraica que significa terra - adamá -- são evidentemente relacionados. Se Deus tivesse feito o homem de um animal já existente, o uso do termo adamá teria sido ilógico. Adão proveio então da terra e não de um animal já existente.

Como vimos, o evolucionismo mitigado desemboca logicamente no poligenismo. Vimos também que Pio XII condenou o poligenismo, como contrário à Fé, na encíclica Humani Generis.

“Ora, não se vê, de modo algum, como estas afirmações [dos que admitem o poligenismo] se possam conciliar com o que as fontes da revelação e os atos do Magistério da Igreja nos ensinam acerca do pecado original, que provém de um pecado verdadeiramente cometido individualmente por Adão, e que, transmitido a todos por geração, é inerente a cada um como próprio" (Cfr. Rom. V, 12-19; Concílio de Trento, Can. 1-4, Pio XII, Humani Generis, n. 36).

Por outro lado, se o poligenismo fosse verdadeiro, não só o dogma do pecado original ficava destruído como demonstrou Pio XII, -- e com ele toda a doutrina católica sobre a Redenção e o Redentor -- como também não se poderia afirmar que os homens são todos irmãos. O que negaria o “dogma” da fraternidade universal maçônica, assim como todo o sentimentalismo humanitária. Este é um argumento apenas “ad haereticos”, mas que vêm a pêlo.

Muitos se impressionam por certas semelhanças acidentais entre o macaco e o homem. Ora, há outros animais que tem outras semelhanças acidentais com o ser humano. Por exemplo, o papagaio “fala”; o golfinho é capaz de aprendizado extraordinário; o elefante tem uma memória muito grande.

Estas semelhanças, assim com outras semelhanças que lembram virtudes ou vícios humanos mostram apenas que Deus fez os animais representando simbolicamente virtudes ou pecados dos homens, para que o homem, considerando a atuação animal, agisse melhor racionalmente. Por isso diz a Sagrada Escritura: “Repara na forma de certos animais, porque até a sua forma não indica neles nada de bom, porque a benção de Deus se retirou deles depois do pecado" (Sab. XV, 19).

Ora, a figura do macaco é uma caricatura grotesca do homem pecador, do homem animalizado e tornado ridículo por seus pecados. Esta é a relação de semelhança entre os dois, e não a que existe entre causa e efeito. Dizer que o macaco é parecido com o homem, e que, por isso, deve ser seu antepassado, é confundir a caricatura de alguém com a sua causa eficiente segunda.

O homem foi criado por Deus como rei de toda a criação: “Dominai sobre os peixes do mar e as aves do céu, e sobre todos os animais que se movem sobre a terra" (Gen. I, 28) ordenou Deus ao homem.

Ora, o termo ”dominai” indica que Deus deu ao homem um senhorio sobre os animais, senhorio que implica uma transcendência sobre eles, inclusive o macaco.

Tendo o homem sido feito do limo da terra e de alma espiritual racional, ele é um resumo de toda a criação, coisa que não seria tão clara se Deus tivesse utilizado um corpo de animal para dele fazer o corpo do homem. Se tivesse sido assim, o homem tenderia a desprezar os seres inferiores ao mundo animal.

Quando Cristo se encarnou, Ele dignificou toda a criação, porque no homem se sintetizava todo o universo criado, desde a matéria bruta até o espírito.

 

VII.2 - Eva

 

A doutrina do evolucionismo mitigado traz graves conseqüências com relação à origem de Eva e suas relações com a posição da Igreja face a Cristo.

A primeira pergunta aos que defendem o evolucionismo mitigado é: “E Eva? Como surgiu a mulher? Teria sido ela também feita de um animal já existente? Não proveio então Eva do homem? E como fica então a doutrina do pecado original? Pois se Eva não veio de Adão, nem todos os seres humanos provem dele.

O texto da Escritura que narra a formação do corpo de Adão é lido pelos evolucionistas mitigados como sendo um relato puramente simbólico. Eles tem muito mais respeito humano quanto ao relato da criação de Eva. Como defender ante uma assembléia de universitários ateus que Eva foi feita de uma matéria tirada do flanco de Adão? E logo o respeito cientificamente humano os leva a ridicularizar o relato bíblico, perguntando se o homem tem uma costela a menos do que a mulher.

Não. O ser humano -- tanto o homem quanto a mulher - têm doze costelas, assim como Cristo teve doze apóstolos, o ano doze meses, e o dia doze horas. E um dos apóstolos traiu Cristo, assim como Eva traiu Adão, levando-o a pecar.

A Sagrada Escritura conta que Adão pôs nome conveniente a todos os animais (Cfr. Gen. II, 20). Na Escritura, dar nome significa exprimir sua essência, e, ao mesmo tempo, exprimir domínio sobre o nomeado, porque só o senhor de algo pode nomeá-lo.

Adão deu nome aos animais, depois que Deus disse que não era bom que o homem estivesse só: “Não é bom que o homem esteja só; façamos-lhe um adjutório semelhante a ele" (Gen. II, 18).

E por que não era bom que o homem estivesse só?

Em primeiro lugar, porque o homem é um ser social ao qual Deus deu linguagem capaz de exprimir seus pensamentos. Se o homem vivesse só, a linguagem seria mais do que um dom inútil, mas prejudicial, porque ter pensamentos e não poder exprimi-los, ou ser inútil exprimi-los seria mais um peso do que uma vantagem.

Além disso, Deus fez o homem sexuado, para poder gerar. E assim como fizera os animais macho e fêmea, assim também deveria fazer um ser humano feminino, a fim de que fosse possível a geração. Por isso disse Deus que faria para o homem um “adjutório semelhante a ele”, e comenta São Tomás, que este adjutório só poderia ser para a geração, pois que, se fosse para trabalho, teria feito outro homem que lhe seria mais útil do que a mulher, mais fraca fisicamente.

Diz o texto sagrado que fez Deus passar diante de Adão todos os animais, e acrescenta: “ mas não se achava para Adão um adjutório semelhante a ele" (Gen.II, 20). Foi então que Adão nomeou todos os animais e não viu entre eles nenhum que lhe fosse semelhante. Nem o macaco, embora de código genético aparentemente tão próximo.

E quando Deus fez Eva de uma costela de Adão este, ao vê-la exclamou:

“Eis aqui, agora o osso de meus ossos e a carne de minha carne" ( Gen. II, 23)

Por que “agora”? Porque, desta vez, Adão via que Eva lhe era semelhante, embora não tivesse o exame de seu código genético. Eva era carne de sua carne, osso de sues ossos, isto é, tinha a sua mesma natureza, o seu mesmo código genético.

E “ela era chamada Virago, porque do varão foi tomada" (gen. II, 23).

O texto do Gênesis é então bem explícito: Eva foi tomada de Adão. Foi feita de sua matéria, e não de um ser animal anterior e predecessor do homem. E Pio XII repete esta mesma lição: “O auxílio dado por Deus ao primeiro homem procede do homem e é carne de sua carne, formada como companheira, que do homem recebe o seu nome, porque foi tomada do homem" (Pio XII, Alocução à Pontifícia Academia de Ciências, 30 / XI / 1941, Acta Apostolicae Sedis, XXXIII, 506, apud D. Estevão Bettencourt, OSB, Ciência e Fé, Rio de Janeiro, 1958, p. 105).

O próprio e insuspeito Cardeal Bea -- de triste, ecumênica e pouco ortodoxa memória -- ex Reitor do Pontifício Instituto Bíblico, escreveu “Não se vê outra solução possível sob o ponto de vista exegético e teológico senão afirmar que Eva foi formada de uma parte do corpo de Adão por especial intervenção de Deus, e isto a fim de que fossem imaculados mediante tal proceder, algumas verdades religiosas fundamentais e de suma importância” (Agustin Bea, Questioni Bibliche, II, 52, apud D. Estevão Bettencourt, op. cit. p. 104).

A teoria da evolução contraria diretamente o texto da Sagrada Escritura. E não se trata de ter um sentido apenas literal da Bíblia, ou de lhe dar o que os racionalistas chamam de “interpretação fundamentalista”.

Vejamos, então, se o sentido analógico do Gênesis é favorável à evolução.

Ao tratar do significado do matrimônio cristão e do sentido da união conjugal, São Paulo nos ensina: “Este mistério [sacramento] é grande, mas eu o digo em relação a Cristo e à Igreja" (São Paulo, Ef. V, 32)

Por que São Paulo diz isto?

A descrição da formação do corpo de Eva a partir de uma matéria retirada do flanco de Adão sempre foi tida como uma imagem profética não só do que ocorreria com Cristo no Calvário, como também da relação de Cristo com a Igreja.

Assim:

Adão foi o primeiro homem, no tempo.

Cristo é o primeiro dos homens em valor.

Deus deu a Adão um profundo sono, imagem da morte.

Cristo morreu na cruz.

Enquanto Adão dormia, Deus abriu o seu flanco.

Depois que Cristo morreu na cruz, o centurião abriu-lhe o flanco com a lança.

Do lado de Adão Deus retirou uma matéria.

Da chaga do peito de Cristo saíram sangue e água.

Da matéria retirada de Adão Deus fez o corpo de Eva.

Do lado de Cristo nasceu a Igreja, divina e humana. Divina por sua cabeça -- Cristo, representado pelo sangue. Humana por seus membros -- os homens-- representados pela água.

Eva foi a única esposa de Adão.

A Igreja é a única esposa de Cristo. O que -- diga-se de passagem, mas bem a propósito - -- condena o ecumenismo.

Adão e Eva se unem e têm os filhos da carne.

Cristo e a Igreja se unem para ter os filhos de Deus. Deus poderia salvar os homens falando-lhes, pela graça, diretamente ao coração. Não o fez e não o quer fazer. Ele quer salvar os homens por meio de outros homens enquanto membros da Igreja.

Adão só teve uma única esposa.

 

Cristo só tem e só pode ter uma única Igreja, uma única esposa, um único corpo místico, da qual é impossível separá-lo.
Por isso também Adão não pode se separar de Eva. O divórcio é ilegítimo.

 

Caso o relato da Sagrada Escritura sobre a formação do corpo de Eva não fosse histórico, toda a doutrina da Igreja como Corpo Místico de Cristo ruiria por terra, com graves conseqüências para a Fé, para o sacramento do matrimônio, assim como para o celibato sacerdotal. Aliás é interessante constatar que a substituição da doutrina da Igreja como Corpo Místico de Cristo pela doutrina da Igreja como Povo de Deus no Vaticano II, ao abrir as portas para o ecumenismo, abriu também enorme brecha para uma maior facilidade nos processos de nulidade matrimonial -- que hoje eqüivalem quase à aceitação prática do divórcio -- tanto quanto para o abandono do celibato sacerdotal.

Há mais de um século, se tem procurado adaptar o texto revelado a fábulas e delírios pretensamente científicos. Michael Behe dirá a bazófias, que é como ele chama a teoria darwinista.

Hoje, é a própria Ciência que desmente essas bazófias, fábulas e delírios.

 

São Paulo, setembro de 2.003


    Para citar este texto:
"Evolucionismo: dogma científico ou tese teosófica?"
MONTFORT Associação Cultural
http://www.montfort.org.br/bra/cadernos/ciencia/evolucionismo/
Online, 21/11/2024 às 08:59:45h